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quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Crónicas

     Há dias tive conhecimento de que um grupo de estudantes, embriagados, acharam por bem pegar num cão na rua, subir a um terceiro andar e atirá-lo da janela. Ao que parece era um cão abandonado a que os vizinhos davam de comer. O pobre animal nao sobreviveu e estes jovens tiveram de prestar declarações à policia, mas só não parecer mal...
É sabido que existe legislação relativamente aos direitos dos animais, em Espanha por exemplo, um crime desta natureza pode dar prisão de 3 meses a um ano. Já em Portugal as leis de defesa dos animais resumem-se a ligeiras multas que raramente são aplicadas, já que tudo depende da sensibilidade e boa vontade de quem recebe as queixas, e da interpretação que faz das leis. É triste mas é verdade, vivemos num país em que é possivel matar um animal no meio da rua e nao chegar sequer a ser multado.
Os estudantes acabaram por sair impunes, e eu não consigo evitar sentir vergonha de ser da mesma espécie que pessoas destas, e de viver num país que permite estas barbaridades.  Na minha opinião isto é homicidio, o crime é precisamente o mesmo, só difere a vitima. Eu sonho com um dia em que a morte de um animal será considerada crime tanto quanto o assassinato de um homem, matar animais por prazer é um fenómeno que é ao mesmo tempo cruel e repugnante e o facto de alguem se divertir com uma brutalidade destas deixa-me muito frustrado e preocupado. Existem estudos que revelam que muitos homicidas comçam por maltratar ou torturar animais, e se nao fazem o mesmo a uma pessoa é porque existem leis contra isso, como tal, é mais arriscado.
Não consigo perceber nem aceitar a maldade das pessoas para com os animais e é impressionante que em pleno seculo XXI ainda haja quem se divirta com o sofrimento deles. Desde as touradas, aos maus-tratos e abandonos de animais domesticos, passando pelo abuso nos animais para alimentação e chegando ao cumulo que é matar animais pelas peles, há realmente coisas que nao me entram na cabeça.
Um animal não fala, e há quem diga que nao pensa, eu não concordo, mas isso é completamente irrelevante, pois o que interessa é termos consciencia de que ele sofre, tal como nós ,e deveria ter direito à vida e à liberdade como nós temos.
Os humanos usam e abusam da posição de supremacia em relação aos outros animais, acho que estava na altura de repensarmos a nossa relação com eles e começarmos a basear as nossas acções na ética e na justiça. À semelhança do respeito que as pessoas nos merecem, independentemente de gostarmos delas ou não, também os animais são merecedores de respeito. Há ter um minimo de civismo, sensibilidade e consideração pelos animais, há que respeitar os seus direitos e aplicar a lei de forma a punir aqueles que não o fazem.  


Pedro Baptista Gomes  





     Da maneira que os país está, quem é que ainda nos pode dar a certeza que não nos estamos a afundar? já não digo lentamente, porque parece mais veloz que a luz.
Será que seria irónico demais, dizer que podemos finalmente respirar de alivio uma vez que os países asiáticos continuam a produzir graças aos baixos salários que têm e que nós por cá temos grandes produtos financeiros? Importamos quase tudo o que comemos, temos a maior taxa de trabalhadores não qualificados da Europa, um serviço nacional de saúde sob fogo cerrado, medicamentos a preços quem não se comparam, mas em contrapartida, temos as propinas mais altas da Europa, conseguimos arranjar dinheiro para submarinos, carros de assalto e equipamentos anti-motim, por causa da cimeira da Nato.
Centenas de milhar de desempregados, pensões impensáveis, cortes no abono de família, milhões de pessoas abaixo do limiar de pobreza, justiça mais cara, cortes no rendimento social de inserção, escolas sem um mínimo de condições, penhoras constantes por dívidas à banca...
São males menores, afinal de contas os nossos gestores públicos são dos mais bem pagos no mundo, têm as maiores reformas, que acumulam com outras reformas e benefícios vários.
O Estado até tem dinheiro para dar centenas de milhões de euros a bancos fraudulentamente falidos... As coisas não podem estar assim tão mal.
Estranho também são as “SCUT” impostas agora aos portugueses para, de certa forma, conseguir combater a crise. Em 2006 já tinham sido discutidas algumas portagens, mas estranhamente o governo decidiu não avançar.
Estranha-se agora a decisão do Executivo, quando o movimento de utentes contra tal medida está cada vez mais activo e o demonstra publicamente.
Sente-se que tudo mudou, sobretudo na mente do engenheiro José Sócrates. Que agora, à boleia de crise, já quer a introdução de portagens nas SCUT, mas salienta que os habitantes das zonas servidas por estas vias não terão de efectuar o pagamento. Não entendo então de que maneira vão ser sustentadas, por quem lá passa ocasionalmente? Isso chegará para as manter?
O que mais me estranha ainda, é o facto de todas estas ficarem no norte de Portugal. Porquê? Não terá a capital mais pessoas capazes de “nos” ajudar a acabar com a crise, e assim contribuir para a economia do País?!

Para mim, há simplesmente coisas que não se explicam.


Ana Rute Monteiro

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