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terça-feira, 9 de novembro de 2010

Homo Jornalisticus

Subespécie humana, normalmente encontrada em estado selvagem nas democracias. Tal como Darwin no século XIX afirmou, também esta espécie sofre de evoluções para poder sobreviver. Iremos fazer uma apresentação cronológica do “Jornalista modelo” ao longo dos tempos. Acompanhe-nos nesta imensa viagem.

Jornalistas, o nascimento da espécie e aparecimento dos dedos oponíveis - Antes do século XV

Como se irá observar esta é uma espécie muito ligada a tecnologia. Na verdade só a partir do século XV, mais precisamente no ano 1447 com a invenção da prensa por Gutenberg é que ela entra realmente para o ecossistema humano. Mas muito antes disto, o império romano realizava um pequeno texto afixado em praça pública para informar os seus cidadãos dos feitos do império. No século VIII surgiam jornais escritos a mão na China.

Jornalistas os primeiros passos – Pós-Gutenberg – Meados do século XIX

A prensa permitiu que se imprimissem muitos exemplares em pouco tempo. Isto foi um passo para a evolução no jornalismo. Várias publicações periódicas passaram a existir a partir do século XVII. Uma dessas publicações é o “london gazzete” que ainda hoje se mantém. Nesta fase, o jornalista não era ainda a espécie que hoje conhecemos. Limitava-se a relatar factos negativos sobre países inimigos, não dando atenção aos assuntos nacionais. Mas no mesmo século isso mudou e o jornalista começava a relatar assuntos locais e com isso nasceu também a censura. Em 1766, surge na Suécia a primeira lei de liberdade de imprensa.

Jornalistas sem fronteiras - Século XIX

Os inícios do século XIX são muitos importantes para esta espécie. O mundo era centro de novas tecnologias que surgiam desenfreadamente. Como é exemplo do telégrafo. Com este invento as notícias longínquas eram enviadas para a redacção em tempo muito curto, abrindo assim assas a um novo jornalismo. Nesta altura o jornalismo era já o principal veículo de informação e surgiam já grandes grupos editoriais.

Jornalistas e “A voz” – “Anos vinte”

Outro passo importante foi a rádio. Agora as notícias deixavam de ser apenas escritas e passam a poder ser ouvidas.Com grandes taxas de analfabetismo, a informação deixou de pertencer apenas as elites e passou a ser de um povo um pouco maior.

Jornalistas e a “Caixa mágica” – 1940

Mas é nos anos 40 que o jornalismo passa a ser um órgão realmente democrático. Agora o cidadão poderia ver, ouvir e ler as notícias. A televisão é o meio por excelência. Agora mais do que saber o que aconteceu, os jornalistas mostram-nos o que aconteceu e a quem aconteceu. Com toda esta nova magia também surgiu uma busca maior pelo entretenimento. A ideia passou a ser mais “Mostrar” do que “informar”. Este facto agrava-se com o aparecimento da concorrência. Não que não existisse antes, mas porque agora haveriam mais meios para uma competição realmente marcante.

Jornalistas e as bactérias da interactividade – 1990

Mas o auge do jornalismo televisivo não era para ser eterno. Surge na década de noventa um novo meio. A internet. Este novo meio apresentou-nos algo que hoje não viveríamos sem ela. A interactividade. O jornalista já não é o “Dono” da informação. O consumidor escolhe, selecciona, navega, edita, comenta, corrige. No fundo tem uma reacção, a internet trouxe-nos a era da comunicação.

Jornalistas e os predadores – 2000

Estando a internet difundida a nível global, a sua tecnologia permite que existam novos meios baratos e eficazes de apresentar informação. Surgem blogues, forums, chats. O espaço da informação já não pertence aos jornalistas. Surge o conceito de “jornalismo de cidadão”. É nesta fase que a espécie começa a apresentar riscos de extinção. Começam a gerar-se mutações. Jornalismo online, jornalismo multi-plataformas, jornalismo de especialidade.

Jornalistas e a clonagem do futuro – 2010 +

Não poderemos prever como será o jornalismo do futuro sem sabermos antes qual é a próxima tecnologia. Mas pelos contextos actuais podemos dizer que cada vez menos o papel de jornalista seja representado por jornalistas. Tal como a clonagem e manipulação de genes, o gene “jornalista” pertencerá a quem quer fazer jornalismo e não ao jornalista Per se .

O jornalismo foi evoluído ao longo de muitos séculos e manteve-se poucas vezes constante. A visão romântica do senhor de bloco na mão e cabelo desgrenhado, fechado numa redacção agitada pelos acontecimentos, não representa de facto o jornalismo. O jornalista está condenado a acompanhar os tempos e parece-me que é uma espécie vencedora.



Tony Santos

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