E foi mais uma passagem de ano.
Como de todas as outras vezes, fiquei pela minha humilde vila – Vieira de Leiria. Cá, os “reveillons” eram até há cerca de cinco anos atrás, qualquer coisa de especial. Porém, tudo piorou.
Entre os dias 29 de Dezembro e 1 de Janeiro, era costume ver a Praia da Vieira repleta de adolescentes e jovens adultos que sobrelotavam os bares nocturnos e que, quando chegada a “contagem decrescente”, povoavam o areal. Então vinha o ritual de felicidades múltiplas. O primeiro banho do ano. Os primeiros beijos e abraços. A primeira garrafa de champanhe. O fogo-de-artifício, como símbolo de outro início. A esperança, que sobressaía de centenas de pessoas. Estas “passagens de ano” tinham tudo e esta vila tinha tudo para ser uma (grande) referência turística.
Agora, com alguma nostalgia, digo que só restam lembranças.
Entro em 2011, sem ter calcado a praia. O mar galga tudo - não havia praia para festejar ou sequer pirotecnias e espectáculos. Os bares, são o símbolo da decadência. O champanhe, para ensopar as mágoas. A crise instalada , numa terra sem soluções e que podia ser tanto. E o desejo de mudar de ares.
Parece já rotineiro, mas com tantas similitudes, caí em analogias.
O meu país já foi tão grande – deixou de o ser. Tem potencialidades turísticas imensas e não as aproveita. As "luzes" e os "fogos-de-artifício" de outrora que se vão apagando. O “Sebastismo” que não passa de mito. Um primeiro-ministro a disfarçar as mágoas. A entrada em 2011 com uma "chuvada" de preocupações para o povo. A emigração como uma solução nada descartável.
É olhar para o passado com o pensamento num futuro – tristonho - que nesta terra de pescadores antevejo o afogamento dos “heróis do mar”.
Renato Sapateiro
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