QUEM CRITICA OS CRÍTICOS DE CINEMA?
Não sou apaixonada por cinema. Não sou nem tenho pretensões de ser cinéfila. Gosto simplesmente de ver filmes. Sempre por entretenimento, mesmo quando são do género dramático. Alguns até os revejo com paixão.
Não possuo o necessário conhecimento que me habilite a ter opinião crítica. Todavia, sou sensível às qualidades reveladas pela obra, artísticas ou técnicas, tais como a realização e o desempenho dos actores ou a fotografia e a banda sonora.
Mas é sobretudo com a fita métrica das emoções que avalio os filmes que vejo.
Por isso há uns quantos filmes, consensualmente aplaudidos, que nem por isso me entusiasmam. Não os aprecio mas também não lhes desmereço as virtudes.
Convém precisar que, quando refiro consenso na avaliação dos filmes, reporto-me ao senso comum excluindo, portanto, aquelas sumidades que escrevem sobre cinema nos jornais: os críticos especializados.
Essa rapaziada, que percorre a Internet em busca de um pormenor esconso ou bizarro sobre o realizador, o guião ou a obra de onde foi adaptado, para nos surpreenderem, em textos rebuscados e ininteligíveis, com minudências inúteis são, pertencem a outro mundo. Vêem para além da obra, muito além dos inconfessados propósitos do realizador. Descobrem mensagens nos silêncios, inferem de um simples piscar de olho do protagonista, que geralmente não passa de um tique incontrolado, o detalhe
que distingue o desempenho de excelência.
Vem isto a propósito de um filme estranho que trago aqui entalado no goto, a provocar-me azia desde que o vi, nas férias do Natal: - Mamut!
Esta (presumo) representativa obra do cinema francês foi classificada no público, por alguns dos tais críticos com nota 3, numa escala de 5. Ou seja, nota positiva!
Quase totalmente rodado no exterior, o filme mostra-nos uns quantos quilómetros de estradas secundárias algures, pastagens, campos de centeio e de milho. Conta com um "extenso e categorizado" "plateau": o protagonista - Gerard Depardieu, a sua moto e mais três ou quatro figurantes.
Se a produção fosse portuguesa, dir-se-ia que o governo havia cortado o subsídio depois de iniciada a rodagem.
Assim, está bom de ver, a presença do reputado protagonista em cena é constante, quase sempre em planos aproximados, com aquela "nariganga" enorme e verrugosa quase a pingar em cima de nós. Aliás, o realizador tira bom partido das características físicas do actor pois também a sua generosa barriga, acentuada pelo lençol com que aparece vestido no último terço do filme - Ah! quase me esquecia do fantástico guarda-roupa - ajuda a preencher o vazio de ideias.
Certamente, filmado em 3D adquiriria uma espessura quase táctil e, também por certo, uma muito maior interacção com o espectador. Imagino-me a saltar constantemente da cadeira para me proteger daquele nariz ameaçador.
Bom, algum mérito terei que reconhecer ao filme: constatei que as cadeiras do Arrábida shopping são desconfortáveis e estão em estado ruinoso.
Cidália Casal
Existem muitos e vários críticos de cinema. Mesmo no Público não é incomum um crítico dar uma estrela a um filme e outro dar 5 ao mesmo. É raro haver uma obra consensual. Não há filme nenhum de que alguém, nalgum lado, não diga mal. E nem todos os críticos escrevem dessa forma pretensiosa descrita no post. Quanto à pergunta inicial, quem critica os críticos? É simples. Tu acabaste-o de fazer. E todos nós fazemos. E quem lê critica de cinema está a criticar os críticos ao preferir o Público ou o Sol, a Premiere ou a revista online Take. Na minha óptica um crítico de cinema é apenas uma pessoa que dá a opinião sobre um filme, e que precisa apenas de duas coisas: Saber algo sobre cinema, que enriqueça a sua opinião. E saber escrever minimamente bem. O leitor depois escolhe, pode concordar ou não, pode haver um crítico com qual se identifique mais, outro com o qual se identifique menos.
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