Por alguma razão este tipo de texto não é uma notícia. Provavelmente,
porque este assunto não é notícia para ninguém. Na minha opinião, em Portugal
não há desporto – há futebol. Tudo se resume a futebol, tal como o raguebi em Inglesterra
e a NBA nos EUA. Até este ponto, tudo bem (aparentemente). No entanto, em
Portugal, o desporto que devia captar os públicos e transmitir-lhes noções de
companheirismo, desportivismo, etc; é apenas mais um meio de divisão social.
Basta analisarmos as informações que nos chegam (para além das negociações de
jogadores). Pego neste ponto, como poderia pegar em qualquer outro. A devoção
ao nosso clube é tal que nos deixa cegos, leva-nos a abdicar do nosso espírito
enquanto ser humano e leva-nos a ter comportamentos animais. Há violências
constantes em jogos de futebol, as claques envolvem-se ao ponto de terem de ser
escoltadas. Não se comportam dentro, nem fora de campo. A directora do Departamento de
Investigação e Acção Penal de Lisboa (DIAP), Maria José Morgado, considerou, há
cerca de três meses, estas claques como “viveiros de criminlaidade”. E é por
isto que eu digo que este assunto não é notícia. Inicalmente
falava-se que a claque do Porto “OS SuperDragões” era demasiado devota. Mas
hoje já não é só a claque dos dragões que se envolve em ataques violentos: a
claque do Porto ontem, a claque do Benfica hoje, do Sporting, do Guimarães
amanhã... E tudo se vai alastrando a pontos desmedidos. Niguém controla este
tipo de comportamentos, nem mesmo as entidades competentes.
Este cenário é muito negro. A nossa equipa é importante, claro; mas o que
ganhamos nós, cidadãos comuns, em envolvermo-nos em brigas pelo futebol? É um
amor maior do que há pátria... Talvez a única coisa que mova esta violência,
seja o clube, talvez seja meramente a adrenalina, ou o stress acumulado, que
arranja uma oportunidade de se expressar. Mas até quando serão toleradas estas
situações? Será que vale mesmo a pena este tipo de envolvimento? Ganhamos
realmente, pessoalmente, alguma coisa com este tipo de atitudes?
É claro que a realidade não é assim tão taxativa, ou tão preto e branco;
mas este é um ponto sobre o qual todos deveríamos reflectir, uma vez que
acabamos por espectar estes acontecimentos e comentá-los pelos cantos das
nossas casas. Onde nos leva toda esta violência, por amor ao desporto – esta é
a grande questão.
Não há muito mais a dizer. Todos nós gostamos de futebol, mas há que ser
racionais. Procurem algumas notícias sobre este tema... Façam a experiência e
vejam o panorama que nos é revelado. O qual nós assistimos e que é deprimente.
Mara Rodrigues
R2
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