Aos
setenta e um anos de vida e cinquenta e um de carreira, Nicolau Breyner mantém
um sorriso calmo e o bom-humor que escondem os anos expostos pelos seus cabelos
brancos e os traços marcados dos seus olhos, que já viram e viveram tanto, num
longo e rico percurso como actor, realizador e produtor. No teatro, no cinema e
na televisão brilhou e conquistou o público e a vida. Questionado se mudaria
algo na sua vida afirma “Muito pouca coisa”.
Por Catarina Rodrigues, Redação 1
Marcado pelos montes alentejanos onde nasceu
e viveu a sua infância, rumou para Lisboa onde estudou Canto, sonhando ser
cantor de ópera. A sua formação
continuou com o curso de Direito que nunca terminou. Em simultâneo estudou no
Conservatório, que o impulsionou para a sua primeira experiência em palco na
peça “Leonor Teles”, essencial para o salto que o tornou cabeça de cartaz nos
teatros de revista do Parque Mayer. ”O teatro é a minha génese” afirma, no
entanto o Cinema é o que mais gosta de fazer.
Multifacetado e com grande talento,
participou em teatros radiofónicos e vários filmes até chegar ao mundo da
televisão nos anos 70, que lhe deu grande popularidade, com programas como
Nicolau no País das Maravilhas (com a célebre peça “O Senhor Feliz e o Senhor
Contente”) e “Eu show Nico”. Participou na primeira novela portuguesa “Vila Faia”
como actor, co-autor e director de actores. Continuou até hoje a participar em
telenovelas e séries televisivas de grande sucesso, inclusive a novela “Meu amor”, galardoada com
um Emmy.
Tem mais de quarenta participações
cinematográficas, vencendo três Globos de Ouro relativos a “Melhor Actor” nos
filmes “ Os Imortais”
(2003), “Kiss Me”
(2004), “O
Milagre Segundo Salomé “(2004)
Em 1990 criou a produtora NBP, que lidera a
produção televisiva e ficcional portuguesa e da qual se desfez em 2009. "Quando
a NBP deixou de ser minha, percebi muito claramente que Deus estava a mandar-me
fazer o que nasci para fazer: teatro”afirma na sua biografia, cujo título
sugere bastante as linhas principais que caracterizam Nicolau Breyner: “É
melhor ser alegre que ser triste”.
Nada o
deteve de continuar pois a sua “carreira enquanto artista não estava ainda
terminada” e “tinha ainda muitas coisas para fazer como actor”. Nem mesmo o cancro
da próstata que descobriu em 2009 o parou. Assegura ”deu-me uma grande vontade
de fazer mais coisas.” E como em tudo, para o actor, foi mais uma lição de
vida: “houve coisas que eu mudei, houve outras que comecei a relativizar”.
Afirma ter cometido muitos erros de que não
se orgulha mas com os quais aprendeu. Pede desculpa aos que magoou pelo
caminho. No fim das contas, afirma que a sua vida “Valeu a pena”
A experiência de vida e profissional
interligam-se e confundem-se e conferem-lhe estatuto mais que merecido para
aconselhar. Quanto à televisão avisa: “Acho
que a televisão foi a caixa que mudou o mundo, agora cuidado não o mude para
pior”.
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