Regressar significa retornar,
voltar. Regressar a algo que se ama e de que se esteve afastado envolve uma
sensação de plenitude e de concretização. Mas o que se sente quando esse
regresso implica um novo começo? Como é voltar às aulas num lugar completamente
diferente? Patrícia Gouveia, madeirense e estudante do 1º ano de Comunicação
Social na Escola Superior de Educação de Coimbra
(ESEC), regressa às aulas, desta vez no continente, e descobre uma nova realidade
a que tem de se adaptar: a vida académica, a cidade e os colegas.
Em plena semana de recepção ao
caloiro na ESEC, em que se dá a conhecer a praxe aos novos estudantes, Patrícia
Gouveia confessa que, por enquanto, não é Coimbra que lhe enche o peito da tão
sentida saudade. “As saudades de casa começaram logo que cheguei ao continente,
vinha no autocarro para Coimbra e já queria voltar para trás. A vinda para cá
foi feita a pensar na Madeira”, diz, com um sorriso nostálgico.
Quando a vida pede mudanças e
essas mudanças implicam um afastamento radical da família procura amenizar-se os
cerca de 1430 quilómetros de distância com a segunda família: os amigos. A
opção de passar os próximos três anos a estudar em Coimbra não se baseou apenas
no historial académico da cidade, mas, também, nos amigos madeirenses que já
aqui estudavam. “A minha ideia inicial, na verdade, era ir para o Porto. Mas
perto do dia de candidatura eu comecei a perceber que conhecia mais pessoas em
Coimbra do que propriamente na cidade do Porto. Tenho amigos que estudam na
Faculdade de Economia e na Faculdade de Letras em Coimbra e, por isso, pensei
que seria mais fácil adaptar-me aqui.”, explica Patrícia.
Nem só “quem casa, quer casa”. A chegada
de um estudante à cidade onde se pretende licenciar implica quase sempre a
procura de alojamento. A procura é grande e a oferta, muitas vezes,
aproveita-se disso. Neste momento, a primeiranista de Comunicação Social está a
morar perto da Praça da República, mas, “como queria ficar mais perto da ESEC”,
vai mudar-se nos próximos dias para um quarto que encontrou na rua Humberto
Delgado e que diz ter “boas condições e muito espaço”. Para a jovem Patrícia
Gouveia “arranjar quartos em Coimbra é relativamente simples”, mas há senhorios
que exageram nos preços praticados aos estudantes. “Houve quem me pedisse 350
euros por um quarto!”, conta, surpreendida.
Num ano lectivo em que se prevê
um corte acentuado na atribuição de bolsas de estudo aos alunos universitários,
há quem tenha dificuldades em ingressar e manter-se no ensino superior. Não é o
caso de Patrícia Gouveia, que já começou a “tratar dos documentos” para receber
um possível apoio do Governo Regional da Madeira.
Face às despesas que um curso
superior exige, o “Governo Regional da Madeira concede apoios pecuniários aos
estudantes que se matriculem em cursos superiores (…) em estabelecimentos
localizados fora da Região Autónoma da Madeira.”, é a informação a que se tem
acesso no site do Gabinete
do Ensino Superior da Direcção da Educação da Região Autónoma da Madeira.
Patrícia Gouveia acrescenta que se for contemplada pela bolsa, as propinas
“ficarão pagas”.
Durante o próximo ano lectivo,
Patrícia só irá à Madeira “em Dezembro, pelo Natal, e nas férias da Páscoa.” A
vida é feita de escolhas, de ciclos e de etapas. Neste regresso às aulas será
Coimbra que vai ensinar a Patrícia, assim como a tantos outros caloiros, que se
pode aprender a viver e a amar outra cidade. É um mundo novo a conhecer na
cidade do conhecimento.
Reportagem por Paula Cabaço. R2
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