“Nativos digitais” é o programa da RTP2 com emissão semanal às terças-feiras, entre as 19h30 e as 20horas. É uma magazine de media sensível às problemáticas na comunicação e tecnologia.
O Posts de Pescada não lhe ficou indiferente e quis saber mais sobre a sua produção, ideologia e estruturação. Sérgio Sousa, coordenador do programa, responde, em nome da sua equipa, às perguntas do PP. Pode assistir aqui às antigas emissões do programa e saber mais informações.
Por Maria Inês Antunes
Posts de Pescada - Como surgiu a ideia de fazer um programa de documentários com problemáticas ligadas aos media, tecnologia e comunicação?
Nativos Digitais - A educação para os media é uma das obrigações do serviço público de televisão.
PP - Porquê abordar estas problemáticas?
ND -A literacia mediática é considerada como essencial para um exercício pleno da cidadania. Leitores, ouvintes e espectadores conscientes dos mecanismos mediáticos são mais exigentes, logo, provocam uma maior qualidade da comunicação social e da forma como os diferentes actores interagem com os media.
PP - Como surgiu o nome do programa?
ND - O nome foi “emprestado” do conceito de Marc Prensky, sobre a primeira geração que já cresceu imersa no mundo digital, as imediatamente anteriores tiveram que “emigrar” do analógico para o digital.
PP – Qual é o público-alvo a que pretendem chegar?
ND - O target do programa é bastante alargado, tentamos por isso abordar temas de interesse geral e evitar uma linguagem técnica ou hermética.
PP - O objectivo do programa é mostrar às pessoas que há muito para descobrir no mundo da comunicação?
ND - Sim, para perceberem os “mecanismos” dos media e os diferentes desafios que se colocam a quem produz e consome media.
PP – Como são distribuídos as temáticas? Há um agendamento previamente pensado sobre as temáticas que devem ser abordadas em cada semana?
ND - Para além de existir uma atenção aos temas que vão marcando a actualidade, tentamos abordar as diferentes componentes da literacia mediática.
PP - O programa “Nativos Digitais” inova da forma como apresenta os assuntos. Não só nas entrevistas como forma como apresentam informações relevantes sobre o tema que está a ser tratado. Porquê esta estruturação do programa e das reportagens?
ND - A curta duração de cada programa (15 minutos) “obriga” a uma racionalização do que é apresentado e o facto de o público-alvo ser muito alargado exige que se usem diferentes recursos para tornar interessantes assuntos que são aparentemente “áridos” para o público em geral.
PP- É muito o trabalho de equipa ou insistem num muito trabalho individual dentro da equipa? Como são divididas as tarefas?
ND - O programa conta com a preciosa consultadoria técnica do Departamento de Ciências da Comunicação da Universidade do Minho que ajuda a definir os temas, abordagens e interlocutores. É um trabalho de equipa com constante troca de ideias, no que facilita a pequena dimensão da equipa: Coordenador, jornalista (habitualmente um por programa), repórteres de imagem, editor, grafista e produtores (duas pessoas) e um responsável pela direcção geral do programa.
PP – Podemos dizer que o programa ajuda a preparar novos profissionais, tanto nas áreas abordadas nos programas como futuros repórteres de imagem e jornalistas?
ND - O programa tenta provocar reflexão também nos profissionais ou estudantes da área dos media.
PP – É justo dizer que investem no trabalho de novos profissionais?
ND - Temos vários profissionais em início de carreira em contacto com o programa, mas devido às exigências, nomeadamente a profundidade deontológica do mesmo, só jornalistas experientes desenvolvem trabalho no Nativos Digitais.
PP – Acham que são muitos os que seguem o programa?
ND - Para além dos dados obtidos pelo sistema de audimetria, recebemos feedback dos espectadores e sabemos que há muitos profissionais dos media que acompanham o nosso trabalho, o que eleva o nosso padrão de exigência.
PP- O horário de emissão do programa é uma estratégia para chegar a um maior número de expectadores?
ND - O horário de emissão foi considerado o mais adequado pelos responsáveis pela construção da grelha de programas da RTP2.
PP - Como imaginam o futuro do programa? São muitos os planos?
ND - Teremos que continuar a “descobrir” assuntos e abordagens que contribuam para melhorar a literacia mediática dos portugueses e que tornem os programas apelativos. São dezenas os assuntos para futuros programas que temos em “armazém”, até porque, cada tema que abordamos suscita novas questões e o desejo de fazer outros programas que as explorem.
PP - Os media e as novas tecnologias tendem a "entranhar-se" cada vez mais na nossa sociedade? Será este "incidente" vantajoso para a sociedade? E para os novos profissionais da área da comunicação?
ND - As novas tecnologias, quando se revelaram úteis, sempre foram adoptadas pelas sociedades (das espadas aos autoclismos) estas tecnologias e esta sociedade não são diferentes nisso.
Tudo o que é capaz de melhorar a capacidade de comunicarmos é positivo, mesmo que existam alguns riscos que só podem ser minorados com um uso critico dos meios que temos ao nosso dispor e é esse uso critico para o qual pretendemos humildemente contribuir.
O destino dos actuais e futuros profissionais dos media está dependente do destino dos órgãos de comunicação social e da forma como vão conseguir rentabilizar os seus produtos nas plataformas que vão surgindo. A história e, já agora, Darwin ensinam que existirá uma gradual adaptação a esta nova realidade (esta parte já a estamos a viver) em que muitos projectos sucumbirão mas outros irão surgir. Da impressão por tipos ao telégrafo, os media sempre foram sabendo tirar partido das novas tecnologias para criar e distribuir conteúdos. Os novos profissionais e a capacidade que terão de ter novas ideias serão essenciais para o sucesso.
Tudo o que é capaz de melhorar a capacidade de comunicarmos é positivo, mesmo que existam alguns riscos que só podem ser minorados com um uso critico dos meios que temos ao nosso dispor e é esse uso critico para o qual pretendemos humildemente contribuir.
O destino dos actuais e futuros profissionais dos media está dependente do destino dos órgãos de comunicação social e da forma como vão conseguir rentabilizar os seus produtos nas plataformas que vão surgindo. A história e, já agora, Darwin ensinam que existirá uma gradual adaptação a esta nova realidade (esta parte já a estamos a viver) em que muitos projectos sucumbirão mas outros irão surgir. Da impressão por tipos ao telégrafo, os media sempre foram sabendo tirar partido das novas tecnologias para criar e distribuir conteúdos. Os novos profissionais e a capacidade que terão de ter novas ideias serão essenciais para o sucesso.
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