Portugal é um país de grandes
tradições no que ao futebol diz respeito. O futebol foi importado para o nosso
país no início do século XX. Desde aí, teve uma grande difusão por todo o
território nacional, tornando-se num desporto de massas, e também o mais
mediático, apelidando-se de “desporto rei”.
No decorrer da época desportiva
de 1938/39, foi criada sob égide da Federação Portuguesa de Futebol a Taça de
Portugal, uma competição que engloba dezenas de equipas de todo o país, num
sistema de eliminatórias a uma só mão (excepto as meias-finais), o que facilita
por vezes resultados surpreendentes onde equipas de maior poder são eliminadas
por equipas mais fracas – surge daqui a expressão “tomba gigantes”. A Taça de
Portugal, que é considerada a prova rainha do futebol português, engloba clubes
de todo o território nacional, não olhando à sua valia desportiva ou
financeira. Para além do protagonismo associado, os clubes aproveitam esta
competição para amealhar receitas económicas importantes, o que nos dias que
correm e dado o contexto actual, é de grande valia.
A sua primeira edição, foi
disputada em Lisboa, no então Campo das Salésias, onde milhares de pessoas
lotaram por completo aquele recinto e assistiram à vitória da Associação
Académica de Coimbra por 4-3 sobre o Sport Lisboa e Benfica, que era na altura
o principal clube português. Até aos dias de hoje, a Taça de Portugal adquiriu
um grande prestígio, tendo no seu seio um variado número de vencedores. Entre
eles, destaca-se o Benfica, com 24 conquistas, seguido pelo FC Porto (16) e
Sporting (15). Na cauda do quadro de honra, estão clubes como o Estrela da
Amadora, Leixões ou SC Braga, todos com uma conquista.
Quando se fala de Taça de Portugal,
obrigatoriamente se associa o Estádio Nacional do Jamor. De facto, a história
da competição confunde-se com a velha aspiração do Estado Novo, palco
privilegiado e imponente da esmagadora maioria das finais e que foi inaugurado
a 10 de Junho de 1944. Para que a ambição do antigo ministro das Obras
Públicas, Duarte Pacheco, fosse uma realidade, foram consultados diversos
arquitectos, entre os quais, Francisco Caldeira Cabral, Konrad Wiesner, Jorge
Segurado ou Miguel Jacobetty Rosa, sendo este último apelidado de “pai” do
Estádio Nacional, inspirando-se em grandes obras como o Estádio Olímpico de
Roma e o Estádio Olímpico de Berlim. Foi edificado não só com o objectivo de
promover o desporto mas também a criação
de um espaço para demonstrações públicas inspiradas nos princípios políticos
vigentes. A primeira final da Taça disputada no Jamor teve lugar a 30 de Junho
de 1946, tendo como privilegiados o Sporting CP e o Atlético CP, com o primeiro
a levar de vencida por 4-2. Desde então, apenas por cinco vezes a final não se
realizou no Estádio Nacional, sendo acolhida nos estádios da Antas e de
Alvalade. Nas mais de 50 grandes partidas disputadas neste estádio, que alberga
actualmente cerce de 38mil espectadores sentados, reina sempre acima de tudo o
desportivismo e o convívio, onde os adeptos almoçam na mata do Jamor para
depois assistirem à final, onde estão presentes as maiores figuras do panorama
político e desportivo português.
A final de 1969, ficou marcada pelas
mensagens políticas contra o regime. Milhares de estudantes de Coimbra marcaram
presença nas bancadas para assistir ao jogo da equipa que venceu a primeira edição,
e durante o jogo levantaram cartazes elucidativos que marcaram a época.
Por Pedro Tomás
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