Armando Ferreira é gerente e cozinheiro do Restaurante "Pingão"; |
Setembro, mês dos estudantes regressarem à cidade que muitos
abandonaram durante as férias: Coimbra. Já é tradição entre os cursos
organizarem jantares para reunirem todos os alunos. Conhecer os novos
estudantes e reencontrar os amigos são alguns dos objectivos destes
jantares, onde os ingredientes procurados são o convívio e a diversão.
O
Restaurante “Pingão”, na zona da baixa de Coimbra, é um dos sítios
procurados para este fim. Armando Ferreira, de 40 anos, gerente e
cozinheiro do restaurante, há muito que está familiarizado com estes
jantares universitários.
por: Ana Ferreira e
Vânia Santos
Posts de Pescada - Costuma ter muitos jantares de curso? Quais são as alturas em que são mais frequentes?
Armando
Ferreira - Desde que mudaram o cortejo para o Domingo, tivemos uma
grande quebra nos jantares de curso. Antigamente tinha sempre 4/5 dias
(na altura da Latada e Queima das fitas) com grupos entre 100 e 150
pessoas. Agora só tenho grandes grupos no dia das serenatas. Não sei se
foi por terem mudado o recinto das festas para a margem esquerda do rio
ou se foi pelas dificuldades económicas dos estudantes nestes tempos.
PP
– Estes jantares de estudantes universitários são muitas vezes vistos
como irresponsáveis, as coisas costumam ser calmas ou já houve alguns
problemas?
AF - Em oito anos que tenho o restaurante só tivemos
um problema maior. Tinha dois cursos diferentes na sala e começaram a
pegar-se. Tirando isso, algumas bebedeiras como em qualquer lado. Em
algumas delas tivemos estudantes a entrar em coma e houve uma situação
em que um me partiu o vidro da porta e se cortou. Com o álcool é normal.
São jovens, gostam de beber, muitas das sinalizações do restaurante são roubadas
nestes jantares, houve mesmo um grupo que me levou um extintor! Mas a
maior parte dos jantares são calmos e sem situações de grandes
problemas.
PP - Qual é o seu ponto de vista acerca destes jantares?
AF
- Sou de acordo com estes jantares. Além do convívio entre os
estudantes, que é importante para eles se conhecerem, para nós também o
é. Aliás, nestes jantares de curso, arranjei grandes amigos estudantes
que depois de saírem de Coimbra ainda nos visitam.
PP - São uma mais-valia para o seu restaurante?
AF - Para a economia da restauração são muito importantes. Ainda mais com a situação que estamos a viver agora no país.
PP- E sobre as tradições académicas, qual a sua opinião?
AF - Ultimamente a tradição académica tem mudado muito. Todos os anos inventam e mudam o que fazia parte da tradição.
Eu não tenho nada contra as praxes e afins, mas acho que há oito anos
atrás eram totalmente diferentes. Mesmo o respeito entre os estudantes
era diferente. Os cortejos da Latada e da Queima das Fitas tinham outro
tipo de apresentação. Mesmo os jantares eram durante toda a semana das
festividades e agora não. Mas é normal, os tempos mudam e a economia não
é o que era.
PP – E para o futuro, o que espera destes jantares? É de acordo com a continuação destas tradições?
AF
– Como proprietário de um restaurante, gostava que volta-se a ser como
era antigamente. Todos os dias com o restaurante cheio, mas claro que
muito dificilmente voltará a ser o que era.
Relativamente ao
progredir das tradições, sou totalmente de acordo. Coimbra é uma cidade
de estudantes e são estas festividades que fazem de Coimbra o que é.
Todos nós gostamos de os ver na altura da Latada com os caloiros pela
rua e na Queima com os seus carros, mesmo aqueles que reclamam destas
tradições. Deve-se manter a tradição porque é um momento especial para
os estudantes que chegam ou que saem da Universidade. Até porque são
marcas importantes na vida de cada aluno que passa por Coimbra.
*Este artigo não foi redigido ao abrigo do novo Acordo Ortográfico
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