Há 700 anos atrás iniciava-se uma
tradição que ainda hoje está bem enraizada nas comemorações académicas. O
rasganço representa o fim da vida académica de um estudante e a entrada na
sociedade enquanto trabalhador. É feito no final da licenciatura ou no final do
mestrado e a presença de colegas, amigos e família é essencial para que tudo
corra dentro da tradição. O traje do estudante é rasgado e a capa é escondida,
não podendo este, ainda que em trajes menores, parar enquanto não a encontrar.
Assim manda a tradição.
André Ferreira deu continuidade a esta
comemoração, tendo sido rasgado no passado Domingo, dia 14, depois de cinco
anos de trabalho onde reinam as boas recordações deste longo percurso
académico.
Por: Patrícia da Costa
Posts de Pescada - Enquanto estudante sempre ansiou por este momento?
André Ferreira - Tenho passado por todos os outros
festejos, sempre esperei por este que é o culminar de cinco anos de trabalho. É
extremamente gratificante perceber que chegou ao fim mais uma grande etapa da
minha vida concretizada com grande sucesso.
PP - Qual a sensação de saber que uma importante etapa da sua vida acaba no
momento em que é rasgado?
AF - São dois sentimentos
contraditórios. Tristeza, por saber que acabou uma memorável jornada da minha
vida e alegria, por saber que estou preparado para entrar no mercado de
trabalho pronto para fazer o que realmente gosto e para o que fui preparado.
PP - O nervosismo era evidente momentos antes de ser rasgado?
AF - Sim, era. A sensação de saber que
nunca mais iria vestir o traje, que iria ser a última vez, foi intensa,
juntamente com o facto de saber que estavam a espera para o fazer e que
certamente iria sofrer.
AF - O meu avô foi o primeiro a
cortar-me a gravata, foi ele que me ofereceu o traje e é uma maneira de o
homenagear por toda a força que me deu neste longo caminho.
PP - A presença de amigos e família é fulcral neste dia?
AF - Sim, é fundamental a presença de
amigos próximos e família. São momentos únicos que merecem ser partilhados com
quem se manteve sempre presente.
PP - Porque não guardar o traje como recordação deste percurso?
AF - Uma vez que cumpri todas a
festividades académicas, não iria deixar passar esta última, sempre adorei
todas estas festividades, sempre compareci e transmiti aos meus subordinados o
que isto significava na vida de um estudante.
PP - É trabalhosa a organização de um rasganço? Até que ponto?
AF - Sim é, e mesmo só convidando pessoas
mais próximas, ainda é muita gente a participar no mesmo. Como manda a tradição
o “rasgado” deverá providenciar um lanche bem acompanhado de bebida, tão
apreciada pelo estudante de Coimbra. Assim, a preparação de qualquer rasganço
exige a que se despenda algum tempo e dinheiro.
PP - Olhando para trás, agora que esta etapa terminou, qual o melhor momento
que passou?
AF - Apesar de ser a que mais custa,
foi mesmo o final do curso (licenciatura e mestrado). É o culminar de tanto
esforço, dinheiro e trabalho.
PP - Está preparado para
integrar a sociedade enquanto trabalhador?
AF - Sim, penso sim. Os cinco anos da
faculdade e os seis meses de estágio integrado no mestrado preparam-me para
isso.
O artigo está escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico
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