A bravura portuguesa sempre se diferenciou sobre as mais variadas
formas. A coragem e a valentia sempre correram nas veias lusitanas. Ao
longo dos tempos, os primórdios representantes desta espécie, enraizavam nos mais jovens artes antigas e rigorosamente solenes. Se
imaginarmos o tradicional espectáculo de touradas como uma exibição
exuberante e fielmente clássica, é natural que os sacrifícios impostos
ao touro se tornem numa prática cultural. Ora, assim sendo, as
infalíveis espetadelas no touro causam agrado aos visionários deste tipo
de práticas. É quase comparado a um desporto. Contudo, não será uma
controvérsia causar sofrimento a um animal? Sim, porque a ciência
reconhece inquestionavelmente os animais (incluindo touros) como seres
capazes de sentir dor e prazer. O cavaleiro, vestido com indumentárias
do século XVIII, carrega um ceptro invisível que lhe confere o poder
soberano, de chacinar a seu belo prazer o pobre do animal. Contudo, o
mais espantoso, é percebermos que a televisão portuguesa, a RTP, que
deveria ou que supostamente presta serviço público, transmite esse tipo
de massacre em horário nobre. É altura de nos perguntarmos onde está a
legislação que visa a protecção dos animais? O Estado deveria ter como
tarefa fulcral tutelar os direitos fundamentais da existência humana, e
isso implica intrinsecamente a defesa contra violências injustificadas,
que fomentam o sofrimento e a crueldade infligidas ao touro. Existem
inúmeros países que continuam exercer este costume bárbaro e retrógrado,
que satisfaz cada vez menos a população em geral. O ser humano pela
instrução ou pelo conhecimento e sensibilidade para com a mãe natureza e
os seus “descendentes”, começa a abolir práticas que degradem a
essência da espécie. Seguem uma linha humanista. A arte de trucidar o
touro em praça pública pode levar os indivíduos que fazem disso
profissão, a lesões graves no contacto directo com o animal. Então
surgem os famosos forcados, que saem quase sempre com sangue a escorrer
pelo corpo. O espanto dos espectadores é fenomenal. Brota um
sentimento de pena, daqueles indivíduos que só foram tentar imobilizar o
touro. Como se o touro fosse ali parar por acaso. Já pensaram se fosse o
contrário? Todos nós demonstramos sentimentos de lástima quando vemos
alguém, humano, a ser torturado, mas não nos lembramos que torturamos
dá mesma forma os animais. E que isso lhes causa imensa dor, tal como
nos causaria a nós. E se pensarmos mais um pouco, chegaremos à simples
conclusão que não devemos fazer aos outros, aquilo que não gostávamos
que nos fizessem a nós!
O homem tornou-se na pura realização do
seu desejo súbito de não compreender que tudo o que o rodeia faz parte
de uma cadeia que alimenta o mundo. É capaz de considerar as Touradas
como Património Imaterial e Cultural, como é o caso de França. O
património e a cultura de um povo deveria residir em acções que jamais
colocassem em causa a dignidade humana, e não em feitos que satisfaça a
selvageria de certos humanos!
por: Márcia Alves
*Este
artigo não redigido ao abrigo do novo Acordo Ortográfico
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