Em Portugal, o assunto que está em voga e que
apavora os cidadãos é de facto, a crise e todos os seus condicionantes. Por
conseguinte, aquilo que nos afeta a nós, alunos de comunicação social e
jornalistas, é a crise que os media atravessam e todas as suas implicações,
podendo pôr em causa a continuidade e estabilidade da democracia. Porém, este é
um problema que atinge, sobretudo, as democracias ocidentais.
Importa saber, antes de mais, os motivos e as causas
de tal situação financeira e social. Porém, será que existem respostas
suficientemente credíveis e plausíveis que expliquem, com precisão, o porquê desta
crise das empresas de comunicação social?
Atualmente, são vários os autores, jornalistas e
investigadores que se preocupam em responder a esta questão, com vista ao
melhoramento e a uma maior sustentabilidade das empresas jornalísticas. Existe
uma variedade de explicações e interpretações acerca do assunto, uma vez que é
uma matéria suscetível a discussão, tanto em debates como encontros, dado a sua
relevância e emergência.
A culpa é da
Internet?
O país está em crise, e desta, provém a má fase que
o jornalismo está a atravessar. A renovação da tecnologia é apontada como a
grande impulsionadora dos problemas que estão a surgir no âmbito do jornalismo,
mais propriamente na imprensa. Os jornais tradicionais (de papel) têm sofrido
uma grande decadência nas suas audiências. Cada vez mais, e principalmente os
jovens, preferem ser informados através das plataformas digitais dado a sua
instantaneidade e rapidez. Este fenómeno tem vindo a crescer, sendo que já
“convenceu” grande parte dos leitores.
Existe imensa informação disponível, sendo que o
público tem muito por onde escolher. Tal disposição informativa pode pôr em
causa a sustentabilidade de alguns jornais, fazendo com que hoje vivamos numa
sociedade de medo. Os cidadãos, mais concretamente os jornalistas, devido à
temática que estou a abordar , vivem com medo e preocupados se perdem ou não o
seu emprego.
Adeus jornal de
papel
O problema consiste, efetivamente, na falta de
resistência dos métodos tradicionais de informação. Os jornalistas são
obrigados a adaptarem-se aos novos métodos, a serem criativos e a
reinventarem-se frequentemente, para não correrem o risco de caírem no
pessimismo do país e, sobretudo, para evitar que surja ou se agrave uma crise
de valores. É essencial que os jornalistas sejam multifacetados, sendo capazes
de trabalhar sobre qualquer tema, se concentrem no seu trabalho, e o exerçam
como sempre o fizeram, na medida em que têm de procurar a informação, validá-la
e torná-la interessante, independentemente da plataforma em que ela surja. É
crucial tornar interesse a informação importante, e mais do que isso, informar
devidamente os cidadãos, para que estes se sintam capazes de tomar decisões.
É esta a
informação de que necessito?
Outro dos problemas, a meu ver, é o facto de os
jornalistas terem criado uma ideia errada daquilo que o público quer ver e
saber. Hoje em dia, nos jornais, existe um sensacionalismo excessivo,
demasiadas notícias sobre crimes e mortes, pois criou-se a ideia que é disso
que o público necessita de ser informado. Ao invés, ouve-se, cada vez mais, nos
transportes públicos ou filas de espera, as pessoas a comentarem sobre os
impostos, sobre a educação dos filhos ou ações médicas. Existe um
desajustamento entre a informação que recebem e a informação que precisam, e
portanto, procuram na internet aquilo que mais lhes interessa interiorizar. Na
maior parte das vezes, a informação que sai nos jornais, já foi divulgada na
televisão ou na Internet no dia anterior.
Jornalismo em
risco
Hoje em dia, embora considere que os valores do
Jornalismo se mantenham, as práticas jornalísticas sofreram uma grande
alteração. A obsessão pelo lucro e pelas audiências prevalece em detrimento da
qualidade e racionalidade da informação. A prática jornalística necessita de
tempo de reflexão, e com toda a instantaneidade dos trabalhos a realizar, acaba
por perder a qualidade informativa. Os jornalistas devem continuar com o seu
trabalho, mas, na minha opinião, a suposta liberdade de expressão que podemos
usufruir não está a ser devidamente ajustada, na medida em que os jornalistas
não escrevem o que querem. Escrevem notícias de acordo com os parâmetros
estabelecidos pelos gestores das empresas de comunicação social, em prol da
sustentabilidade.
Não creio que o jornalismo irá acabar. Acho que
existirá uma grande mudança, privilegiando os jornais online, atualizando a
informação constantemente, sendo que os jornais de papel existirão, mas com
menos peso e relevância.
Em suma, penso que os dois pontos fulcrais que
impulsionaram a crise no jornalismo foram a crise económica, que põe em causa a
sustentabilidade das empresas jornalísticas, e o desenvolvimento das novas
tecnologias, que, neste momento, são alvo de maior prestígio pelos cidadãos, retirando
a predominância que os jornais de papel e os modelos informativos tradicionais
tinham outrora.
por: Liliana Pastor
*Este
artigo está escrito sob o acordo ortográfico.
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