Abriu-se A
Porta em Leiria
Sara Damásio, uma das principais forças da organização
do Festival A Porta, deu-nos a conhecer esta iniciativa que aconteceu no centro
da cidade de Leiria, nas zonas históricas mais esquecidas. Criada por Guilherme
Garrido e Sara Damásio, “A Porta” aconteceu de 1 a 5 de Outubro e para além de
música, juntou ateliers, exposições, jantares, piqueniques e muitas outras
actividades.
De entre tantos nomes porquê “A Porta”? Surgiu a partir de
que ideia?
O nome foi
um dos pormenores que nos deu mais trabalho logo ao início. O grupo
organizativo, que era um pouco maior quando começámos, tinha opiniões muito
diferentes tivemos que fazer uma lista de palavras que depois foram a votos.
Por incrível que pareça no final ficaram três empatados, tivemos que chamar uma
pessoa de fora para desempatar. A Porta foi o nome vencedor e acabou por ser
aquele que melhor representou o nosso objetivo e visão para este festival.
“A Porta”
começou com uma serie de jantares temáticos com convidados musicais em casas
particulares, este é um conceito que existia em outras cidades mas nunca tinha
sido feito em Leiria, o publico foi recetivo ?
Esta era a parte do programa da qual
tínhamos mais receio mas também que nos entusiasmou mais porque era um desafio
para nós e para Leiria. Queríamos muito que isto acontecesse, ao início até era
para ser uma semana só com esta programação mas tivemos que encurtar os dias. A
adesão foi incrível e muita gente teve que ficar de fora por causa do limite de
pessoas por casa. No final foi um sucesso, toda a gente adorou, fizeram-se
novas amizades e todos transmitiram que querem mais, tivemos muitos oferecer as
suas próprias casas para uma próxima edição. Tivemos que prometer pelo menos o
dobro para o ano.
O
festival não tem um conceito propriamente definido e estanque, foi fácil
"vender" este festival aos apoiantes, patrocinadores e ao público em
geral?
Essa foi outra das dificuldades ao
início conseguir explicar, não tanto aos patrocinadores em geral mas mais às
pessoas que estavam ao nosso lado a colaborar, o conceito deste projeto. A
ideia era mesmo esta, juntar muita coisa num só evento, ser uma espécie de
piquenique gigante, cada um traz uma coisa ou ideia e todos juntos construímos
algo para a cidade. A diversidade é a nossa característica mas sem perder o fio
à meada. O nossos apoios institucionais e patrocinadores perceberem isso, acho
que sempre conseguimos mostrar bem os nossos objetivos e públicos-alvo, duas
coisas importantes para este projeto ir para a frente.
Para além do
festival mostrar o que leiria tem de melhor, reparei no reencontro de pessoas
que não se viam há alguns anos, algo que num fim-de-semana normal não
aconteceria, este era um objetivo que A Porta também tinha? Um reencontro de
gentes na sua cidade e nos locais que costumavam frequentar?
Acho que essa foi mais uma das
consequências deste festival, o que foi ótimo para nós. Objetivo em concreto
não era, mas era naturalmente um dos resultados óbvios tendo em conta que muita
gente que está fora aproveitou este evento para voltar a Leiria por uns dias.
Acabaram por rever pessoas que não viam há muitos anos, passar por zonas pelas
quais já não passavam há muito tempo, como a Rua Direita e Parque do Avião, e
passar um bom momento em festa e com muita alegria. Foram honestamente dias de
muita emoção e felicidade para nós, organização, Leirienses em geral e
moradores e lojistas da Rua Direita em particular, que viram aquela zona com a
vida que já não viam há décadas.
Está
nos vossos planos repetir o Festival A Porta, ou quem sabe expandi-lo e dar a
conhecer zonas mais esquecidas a habitantes de outras cidades?
Neste momento é hora de balanço, foi
um evento feito em tempo record, dois meses e meio, mais coisa menos coisa, com
pouca gente, com muito trabalho, sangue suor e lágrimas. Temos que deixar
assentar e perceber o que faremos e como daremos o próximo passo. Acho que
todos queremos continuar, o nosso desenho inicial do evento era muito diferente
em termos de áreas de ação, talvez na próxima edição consigamos ir a todos os
lugares que tínhamos pensado. Para já Leiria ainda é a cidade onde queremos
ficar, ainda há muito a fazer por aqui e os laços que criámos com as pessoas da
zona histórica de Leiria, por exemplo, ficaram muito fortes e ainda temos muito
a fazer por eles.
O
que faltou fazer?
Fica sempre
muita coisa por fazer e melhor, acho eu, principalmente porque foi muito em
muito pouco tempo, queríamos ter chegado a muito mais gente, ter mostrado muito
mais da zona histórica, ter tido mais jantares privados… um passo de cada vez,
o primeiro já foi dado agora é pensar e planear tudo com mais calma para a
próxima edição ser ainda melhor do que esta primeira.
Mariana Reis
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