Coimbra ganha vida com quem ganha a vida nela
Coimbra é muito mais que uma cidade historicamente universitária
pautada pela tradição e pela vida noturna. Também do dia se faz Coimbra, com as
suas ruas míticas e animadas, visitadas por gentes de todo o mundo.
Deambulando por trilhos conimbricenses, encontrámos na baixa
o grande palco desta cidade, onde qualquer pessoa que queira pode atuar.
- Pequenos palcos, grandes sonhos
Músicos profissionais pela baixa. |
São vários os artistas que atuam nas ruas de Coimbra, demonstrando os mais variados talentos.
Desde malabarismo a descontraídos acordes de esplanada,
Coimbra ganha cor e alegria com estes amantes da arte citadina.
"Faço isto para me divertir e, principalmente, para divertir
os outros. Muita gente tem curiosidade em experimentar e algumas crianças até
se costumam meter comigo. (risos)"
Malabarista, enquanto mostrava os seus truques a crianças que por ali passavam. |
“Nestas
tardes de sol, a melhor companhia é um fino, amigos e a minha guitarra.”
Músico a entreter a esplanada. |
Em conversa com turistas e alguns dos locais, foi percetível o agrado demonstrado pelos mesmos perante as atividades que oferecem dinamismo aos recantos da cidade. Por serem uma fonte de diversão, promovem também o comércio local.
Se há quem encontra nas ruas uma forma de passar o seu
tempo, também é possível encontrar quem faça delas o seu sustento.
É o caso de Javi, natural de Málaga, licenciado em Animação Cultural e com experiência profissional como assistente social. Fez parte de vários projetos nesta área, inclusive integrou uma equipa circense. Hoje em dia, o malaguenho vê-se obrigado a atuar nas ruas coimbrãs para poder pagar despesas domésticas e ajudar a família.
O artista mostra as suas habilidades diariamente enquanto os automóveis estão parados nos semáforos. |
Músico de rua. |
“Estou aqui desde manhã e acabo o dia sempre só com umas
moedas, mas como faço isto por gosto, não é assim tão mau.”
Em jeito de conversa, o músico confidencia-nos que tanto
encontra pessoas que contribuem com simpatia, como outras que ignoram e
desprezam, chegando a ouvir delas alguns comentários desagradáveis.
Encontramos também vários músicos espalhados pela baixa de
Coimbra, que, embora não façam disto a sua principal fonte de rendimento,
encaram esta atividade como um modo de adquirir mais algum dinheiro ao fim do
mês.
Música cego toca ao piano e recebe moedas dos transeuntes. |
- Uma forma de comércio alternativa
O simpático casal de vendedores de castanhas tem presença
assídua, todos os Outonos, na baixa da cidade, com os típicos cartuchos destes
frutos que “aconchegam os corações e a barriga quando o frio aperta”.
Com uma dúzia de castanhas a 1,5€, poucos são aqueles que
ficam indiferentes ao carrinho vermelho que perfuma aquele largo.
Vendedores de castanhas no largo em frente à Câmara Municipal. |
Ao último sábado de cada mês, entre as 10h e as 19h, temos a
oportunidade de visitar a feira de Antiguidades e Velharias que se realiza na
Praça do Comércio. Aqui é possível adquirir os mais variados objetos, desde livros a máquinas de costura, acessórios de bijutaria e até roupas em segunda
mão.
Máquina de costura antiga. |
A par destas feiras, podemos percorrer diferentes ‘barraquinhas’ e pontos de comércio mais simples, com os mais diversos produtos.
Vendedores de roupas e acessórios. |
Marta Campos, estudante do 12ºano, vê nestas pequenas feiras grandes oportunidades para encontrar peças originais, que, normalmente, não encontra nas grandes superfícies comerciais, e a um preço mais em conta.
Os vendedores, naturais de Coimbra ou dos arredores, aproveitam estas feiras e pequenos mercados para amealhar algum dinheiro com coisas que, provavelmente, já não lhes são úteis.
Vendedor de livros antigos. |
"Há que aproveitar estes dias de sol e mesmo assim é complicado conseguir vender muita coisa."
Confessou o vendedor destes brinquedos, que se situava numa zona com pouco movimento.
Brinquedos à venda. |
Coimbra tem encanto a qualquer hora e nem só de preto e branco se vestem as ruas desta cidade. Elas vestem-se de músicos de rua e de artistas que se querem dar a conhecer pelos cantos da cidade. Elas vivem daqueles que aqui cresceram e que agora se veem obrigados a viver delas.
Coimbra ganha vida com quem ganha a vida nelas. E se
podíamos passear pela baixa de Coimbra sem ouvir uma canção de fundo ou sem tropeçar
num tapete estendido no chão com livros antigos por preços inigualáveis?
Podíamos, mas não era a mesma coisa.
Parque da cidade. |
Por:
Catarina Elias
Francisco Lopes
Joana Coutinho
Maria Inês Gomes
Natacha Roxo
Pauline Rebelo
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