Incerteza num jovem futuro
Em
entrevista a Mónica Filipa Sousa Santos, uma recém-licenciada em tecnologias e
equipamentos de saúde pelo Instituto Politécnico de Leiria, procurámos
descobrir as dificuldades e desafios que esta jovem sentiu, e ainda sente,
nesta fase da sua vida e na procura de um trabalho e da sua independência
económica.
Após ter terminado o seu curso, sentiu grandes dificuldades em
descobrir uma entrada no mercado de trabalho?
M- Não propriamente.
O meu curso oferece um estágio integrado de 6 meses. Este abriu-me as mais
variadas portas para conseguir um emprego definitivo. Mas não tenho dúvidas,
que sem este estágio, seria quase impossível arranjar emprego na minha área num
espaço de tempo tão curto.
Qual foi a empresa em que estagiou?
M- Estagiei na
EFACEC, uma empresa que se encarrega do fabrico e manutenção de equipamentos
hospitalares.
E no fim desse estágio conseguiu alcançar o emprego que tanto
ambicionava?
M- Sim, fiquei
empregada nesta mesma empresa, embora exerça as minhas funções no Hospital
Garcia de Horta em Almada.
Quais foram as suas principais dificuldades nesta fase de transição
entre estágio e a realidade do mercado trabalho?
M- A primeira
que senti tem a ver com a forma com que estas grandes empresas contratam os
seus empregados mais jovens. Ou seja, eu numa fase inicial, embora tenha
assinado um contrato, este era temporário e apresentava um fim indefinido. Nada
me assegurava que quando chegasse ao Hospital no dia seguinte, ainda estaria
empregada. Esta incerteza assustou-me um pouco no início mas acabei por aceitar
esta situação. Outro grande desafio foi conseguir aguentar o ritmo exigido. Por
muito que eu acreditasse no inicio de que não sentiria diferença, senti e
muita. O ritmo exigido a um trabalhador é muito diferente daquele que é exigido
a um estagiário ou a um estudante.
Como mudou a sua vida pessoal a nível monetário? Considera que,
enquanto jovem trabalhadora, as suas remunerações são suficientes para ser
totalmente independente?
M- Infelizmente,
isso é algo que ainda não consigo ser. Embora não tenha um ordenado assim tão
baixo quanto isso, julgo que, com todos os descontos que me vejo obrigada a
fazer para o estado, é impossível alguém ser monetariamente independente.
Felizmente, ainda conto com alguns apoios da minha família que conseguem
sustentar-me para que posso arrecadar algumas poupanças.
Culpa o estado em que a economia do país se encontra pelas dificuldades
que sentiu e ainda sente?
M- Sim, julgo
que este tipo de problemas faz com que os jovens se sintam limitados e
amedrontados em relação à procura de emprego. Se não passarem a existir mais
apoios para os jovens trabalhadores, dificilmente teremos uma economia forte e
coesa no futuro.
Tiago Santos
Sem comentários:
Enviar um comentário