Pedro Cruz, 27, fotojornalista há quatro anos,
transformou uma exposição fotográfica da sua autoria sobre a erosão costeira
nas praias a sul da Figueira da Foz, num jornal designado Alerta Costeiro
14/15, com o objetivo de angariar donativos para reflorestar a zona destruída
pelo mar nessa zona.
-Como
começou o projecto e o que o motivou a criá-lo?
Este
projecto surgiu de uma forma natural. Decidi usar parte do trabalho diário que
andava a produzir para os jornais e transformá-los num Alerta referente ao
avanço do mar/erosão costeira em S.Pedro. É um trabalho foto documental que
goza da liberdade que exige a um fotojornalista freelancer.
Fui
inicialmente convidado pelo presidente da junta de S.Pedro para fazer a
exposição fotográfica. No entanto, a exposição nunca chegou a ser realizada,
devido a uma exigência que o mesmo me fez e eu não cedi. Ele não queria que a
foto em que estava o ministro, o presidente da câmara e o presidente da junta,
fizesse parte da exposição. Isto aconteceu em Janeiro, depois surgiu a ideia de
fazer a exposição em jornal.
-Qual é o seu objectivo com esta iniciativa?
O
jornal foi lançado no dia 8 de Junho, dia mundial dos oceanos, com um objectivo
e uma causa, distribuir gratuitamente 500 jornais e plantar 500 árvores. Queria
reflorestar a zona destruída pelo mar. O objectivo foi duplicado, conseguimos
angariar dinheiro para 1000 árvores.
-Alguém o ajudou nesta causa?
O
jornal foi financiado por mim, mas foi produzido por uma editora, “Palmier
Books”.
-Quem irá plantar os pinheiros?
Falei
com o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas e logo ficaram
agradados com a ideia. Dia 23 de Novembro, vamos plantar os 1000 pinheiros
mansos. A plantação vai ser feita pelos mais novos, escolas escuteiros,
associações e claro, todos aqueles que queiram participar. É uma iniciativa
aberta a todos. A ideia é sensibilizar os mais novos para a questão da erosão
costeira e avanço do mar.
-Quais foram os maiores desafios durante
este projecto?
Tive
muitos problemas, Existiu aproveitamento político, alguns políticos da cidade
aproveitaram para fazer política do assunto, nomeadamente os do PSD, fizeram
textos de opinião, levaram o assunto à Assembleia de Câmara, etc. Quando a
principal e única razão do mesmo existir era apenas um alerta à questão da
erosão costeira, este trabalho não tem cor política.
Tive
também dificuldade em encontrar um local para apresentar o jornal, as pessoas
tinham medo. Não foi fácil arranjar pontos de distribuição para receber o
Alerta Costeiro.
-O jornal foi apresentado na Casa dos
Pescadores, existiu adesão por parte das pessoas?
Sim,
tive presentes cerca de 100 pessoas na apresentação do jornal.
-Para que instituição vão os donativos
angariados?
Nenhuma,
o dinheiro ficou comigo, os pinheiros fui eu que comprei e já estão comprados.
- Qual a sua
ambição com este projecto?
A
minha ambição é apenas uma. Sensibilizar as novas gerações para a questão da
erosão costeira, e neste caso específico, fazer alguma coisa por aquela zona,
algo que não seja apenas desfigurar a costa portuguesa. Voltamos a começar do
zero. Espero que esta missão reflorestação seja a primeira de muitas.
Pretendo
construir o futuro com o futuro. O alerta está dado!
Grupo 10
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