Noémia Malva Novais |
Jornalismo
e profissão
É historiadora,
escritora, jornalista e consultora. Assume-se como eterna aprendiz e, como
republicana que assevera ser, rejeita os títulos académicos fora do seu
contexto próprio.
Uma
historia ao contrário.
Noémia
Malva Novais ambicionava ser historiadora, e trabalhar em investigação. Os pais
sonhavam vê-la licenciada em Direito. No ano de 1988 candidatou-se à faculdade
de Direito da Universidade de Coimbra mas, por uma décima, não conseguiu
colocação.
Há males
que vêm por bem. Conta Noémia que nesse Verão, em conversa com uma amiga,
decidiu começar a colaborar com órgãos de comunicação locais. Estabeleceu
contacto com alguns jornais e, quase instantaneamente, foi admitida como jornalista
estagiária no Diário de Coimbra.
Em 1989,
conquistou o seu assento na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Nos
quatro anos seguintes concluiu a almejada licenciatura em História - via
investigação, enquanto, simultaneamente, exercia a profissão de jornalista em
jornais diários, a tempo inteiro, sem nunca beneficiar do estatuto de
trabalhadora estudante.
O trato
de honra que havia selado com o seu pai, que se opunha a que a filha
trabalhasse durante o período de aulas, nunca foi quebrado: Noémia nunca
reprovou a nenhuma cadeira, nem nunca teve necessidade de ir a exames de final
de época. A historiadora dá conta que, mais do que cumprir o compromisso com o
pai, aproveitar os meses de Verão sem preocupações académicas era o “elixir”
que necessitava para recuperar da vida atarefada que levava durante o ano lectivo.
Habilitada
desde 1988 com a Carteira Profissional nº 1223, a sua experiencia como
jornalista vingou nos jornais Diário de
Coimbra, Diário As Beiras, Jornal de Coimbra, A Capital,
O Comércio do Povo e nas revistas Visão, Sábado e Invest até ao ano de 2010.
A par
disso, licenciou-se em Historia – via Ensino, pela Faculdade de Letras da
Universidade de Coimbra, em 1998. A mestre em História Contemporânea pela mesma
faculdade desde 2004 – com Distinção e Louvor -, participou ainda em diversos
seminários de PhD na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova
de Lisboa durante o ano de 2007.
Em 2011
torna-se a voz da TSF, Rádio Notícias
em Coimbra e em Aveiro. Em 2013 doutorou-se, com nota máxima em Ciências da
Comunicação, especialidade de Comunicação e Ciências Sociais, na Faculdade de Ciências
Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.
Entrega do Prémio de Defesa Nacional |
Notícia do Doutoramento em Ciências da Comunicação |
A sua
experiência profissional estende-se ao professorado, à orientação de estágios e
à assessoria de Imprensa e Imagem do Governador Civil do Distrito de Coimbra,
Luís Pedroso de Lima. Participou em projectos científicos, integrou a comissão
científica de congressos internacionais; participou em conferências e
comunicações orais por convite e por proposta; moderou mesas-redondas em
congressos internacionais; interveio em iniciativas cívicas e associativas.
Publicou livros científicos, artigos e capítulos em revistas e livros
científicos e, mais recentemente, lançou duas obras de literatura infantil.
Distinguida
com o Prémio de Jornalismo Direitos
Humanos e Integração 2013 (1ª Menção Honrosa) atribuído pela Unesco e pelo
Gabinete de Meios de Comunicação Social pela reportagem «Muito mais que um
corpo»; com o Prémio de Cidadania da
Fundação Manuel António da Mota 2013
graças à reportagem «Venham mais sete» e com o Prémio Literário Aristides de Sousa Mendes 2004 atribuído à sua
dissertação de mestrado «João Chagas. Diplomacia e Guerra. 1914-1918», Noémia
suspende, em 2014, a actividade de jornalista.
Actualmente,
a investigadora colaboradora do Centro de Estudos Interdisciplinares do Século
XX (Ceis20) da Universidade de Coimbra, é consultora de Comunicação Política na
Agência de Comunicação F5C, First Five
Consulting, Lisboa – exercendo a actividade, maioritariamente, na
Associação Nacional de Municípios Portugueses.
A
comunicadora assume que o seu percurso académico e todo o seu reconhecimento
profissional não ficou a cargo da sorte. A sua foi uma história desenhada pelo
esforço, pela dedicação, pelo amor ao jornalismo, à escrita e ao desejo de
independência.
A sede de
conhecimento e a certeza de que todos os dias constituem novas oportunidades
para saber mais ditaram as suas escolhas profissionais e pessoais.
Não
exerce, neste momento, a profissão de jornalista e explica o porquê. Segundo a
estudiosa, o jornalismo em Portugal é uma profissão muito mal remunerada - não
paga o trabalho e a paixão que exige.
No ano
transacto, surgiu um convite, muito apelativo e bem estruturado, para exercer
funções como consultora de uma agência de Comunicação Política, cargo para o
qual teria todas as skills
necessárias - Noémia aceitou. Foi um processo de decisão longo e difícil, e
aponta o factor económico como o principal peso na balança da decisão.
A
pesquisadora do Centro de Ciências Sociais do Instituto de Filosofia e Ciências
Humanas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, acrescenta ainda que,
existe um momento na vida em que é difícil, perseguindo o sonho jornalístico em
Portugal, ter um nível de vida um pouco mais desafogado que a idade já exige.
Trata-se da necessidade de proporcionar boas oportunidades de formação aos dois
filhos e de ter estabilidade familiar e económica.
Porém,
ressalva que não fechou, de todo, as portas ao jornalismo e que não fez o
funeral ao “bichinho de jornalista” que é inerente à sua condição natural.
Ainda assim, explica que não lhe agrada o trajecto de um jornalista que cessa
funções avançando para o plano da consultoria e que, posteriormente, regressa
aos media – diz não considerar justo, uma vez que se cria contacto com
realidades que não estão ao alcance dos restantes jornalistas de campo.
Na
certeza de que o futuro lhe reservará sempre novos desafios prepara-se,
diariamente, para estar à altura de os abraçar. A sua sede de conhecimento é
insaciável, «quanto mais aprendo, mais me apercebo do quão pouco ainda sei».
Noémia
Malva Novais constitui o perfeito exemplo prático da larga experiência
jornalística e da sabedoria comprovada que não resistiu, por motivo das
contingências económicas e sociais do país, ao exercício do trabalho
jornalístico em órgãos de comunicação social. Como, de resto, sempre fez
durante mais de 25 anos de profissionalismo e de total entrega.
Trabalho realizado por:
Fábio Mendes; Jonny Xavier;
Leonor Candeias; Márcio Pereira [Grupo 2]
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