Título original: Network
Origem: EUA
Realização: Sidney Lumet
Argumento: Paddy Chayefsky
Elenco Principal: Faye Dunaway, Peter Finch, Robert Duvall, William Holden
Link IMDb: http://www.imdb.com/title/tt0074958/
Quando falamos de cinema relacionado
com a temática da comunicação social e, mais particularmente, da televisão, é
impossível deixar de referir Escândalo na
TV. Sendo uma obra nomeada para dez Óscares e vencedora de quatro (Melhor Actor, Melhor Actriz, Melhor Actriz
Secundária e Melhor Argumento
Original), com a assinatura de qualidade de Sidney Lumet e um elenco de
luxo, é fácil perceber porquê.
O filme começa, desde logo, pela
introdução de Howard Beale (Peter Finch), que fora, em tempos, um notável ícone
televisivo. É o amigo e presidente da secção de notícias do canal UBS, Max
Schumacher (William Holden), quem lhe transmite a notícia do seu despedimento no prazo de duas semanas, fruto dos baixos níveis de audiências que o seu
programa noticioso tem vindo a registar nos últimos anos. Beale, que já se
tornara isolado e depressivo devido ao seu crescente insucesso, vendo-se sem o
seu emprego de longos anos, atinge o limiar da loucura e anuncia, no seu
noticiário, que se suicidará, em directo, dentro de uma semana.
A agitação da comunicação social
torna-se inevitável. Schumacher convence o amigo a desistir da ideia do
suicídio e este pede-lhe uma última aparição televisiva, como tentativa de se
redimir e salvar a sua imagem pública. Inesperadamente, o apresentador
improvisa um discurso de revolta e recorre a uma escolha de palavras
inapropriadas. Beale e Schumacher acabam por ser despedidos, mas, ao
registar-se um aumento de audiências como há muito não acontecia, Diane
Christensen (Faye Dunaway) - que, diga-se, tem uma das interpretações mais notáveis da sua carreira - vê uma oportunidade de revitalizar o canal e
persuade Frank Hackett (Robert Duvall), o novo dirigente, com o intuito de
tomar a chefia do noticiário. Alcançado o desejado, Christensen cria um
programa centrado em Beale, que, embora seja visto como um louco, se diz
iluminado por uma força superior. Este assume um papel de salvador da nação
americana, uma espécie de Messias, com o poder de mover massas. Mal Christensen
esperava que seria Beale a trazer a ruína ao seu canal, ao tocar, num dos seus
programas, em temas tão sensíveis como a política e a democracia, conduzindo a
uma revolta e a milhões de telegramas de protesto dirigidos à Casa Branca e um final de proporções trágicas.
Dotado de grande sobriedade e
sabedoria própria de quem sempre viveu atrás das câmaras, Lumet teve a
excelência de pegar num tema tão sensível para a altura do seu lançamento, tornando
pública a verdade que escapa ao espectador comum. Ainda hoje, não deixa de ser
uma película com uma componente chocante, sobretudo na sua recta final. Levanta
vários pontos que nos levam a questionar a nossa natureza, desde a sede por
audiências que se sobrepõe à dignidade humana ao poder que uma simples cara
conhecida da televisão exerce numa sociedade de milhões de cidadãos.
A obra falha no caso
amoroso entre Schumacher e Christensen, na medida em que pouco ou nada tem a acrescentar à narrativa principal. Acaba por ser um ponto irrelevante e pouco
conclusivo, o que conduz à quebra do ritmo do drama envolto sob a exploração psicológica
de Beale, aquilo que verdadeiramente nos cativa durante o desenrolar do filme.
Classificação: 4 em 5
Classificação: 4 em 5
Tiago Mota
Redacção 1
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