Foi em 1957 que tiveram lugar as
primeiras emissões televisivas em Portugal. Anos antes, eram os jornais e a
rádio os companheiros e meios de difusão de informação de que a sociedade
dispunha. A “caixa mágica”, como é apelidada, encheu-se de cor e de imagem,
ganhou glamour e formou vedetas, criou novas mentalidades e escrutinou a
política e a justiça. Numa sociedade cada vez mais exigente e consumista, a
televisão tornou-se a grande protagonista do consumo mediático. Muitos a
encaram como uma janela aberta para o conhecimento, como uma espécie de ritual para
gerações; Mais do que um objecto, a televisão ganhou espaço e lugar cativo na
casa de milhares de pessoas.
A televisão foi uma das principais
causadoras do declínio na venda de jornais e passou a ser cobiçada pelos
grandes grupos empresariais. Com ela, mudou também a mente dos portugueses,
influenciados e alienados por uma televisão cujo principal objectivo deixou de
ser o de “dar a conhecer”. Os jornalistas, incluídos no pequeno sector da
informação, dominado pela indústria dos Mass Media, vêm-se restringidos às
regras e interesses dos proprietários dos órgãos de comunicação social.
Por um lado, é verdade que a
televisão veio “retribalizar” a classe mais iletrada, através do som e da
imagem; Renovou o audiovisual e investiu em produções próprias, como as telenovelas
e reality shows, adoptou o cinema e programas de entretenimento. Contudo, por outro lado, estes novos
formatos são encarados como um negócio pelos grandes grupos económicos. A
questão onde me quero realmente focar é: E o jornalismo em televisão? Enquanto
anteriormente se praticava o jornalismo isento, pago, com responsabilidade
cívica e social, como é exemplo dos jornais tradicionais, na televisão o
jornalismo é apenas uma parte do imenso universo dos mass media. A informação
passa a não ser tratada com o intuito de informar, mas sim de vender, de ter
audiências e de, consequentemente, o canal ter mais lucro e ser reconhecido económica
e comercialmente. Tendo isto, e pela concorrência gerada entre os diferentes
canais televisivos, a informação produzida passou a ser indiferenciada e em
série. Cópias idênticas e, muitas vezes, inspiradas na produção informativa dos
jornais que, outrora, haviam perdido vendas, mas talvez nunca a qualidade dos
seus conteúdos.
Apesar das mais-valias da
televisão e do impacto na vida da sociedade, penso que a privatização das
redacções e a comercialização dos conteúdos informativos, cada vez mais
aligeirados e seguidores de tendências, estão a conduzir a uma desvalorização da
informação e do conhecimento.
A própria deontologia e identidade
do jornalista são postas em causa, muitas vezes, em prol do mercado televisivo.
Como diria José Luís Garcia num livro de sua autoria: “Há bom jornalismo
infiltrado na esfera mediática, contudo está rodeado e submergido por assuntos
triviais e irrelevantes”.
Hoje em dia, e sabe-se lá porquê,
a televisão perde o brilho para as plataformas digitais.
Por: Paula Cabaço
R2
por isso agora a televisão se chama a
ResponderEliminar"caja loca" como dizem, e muito bem nuestros hermanos.