Analisando tudo o que a televisão portuguesa transmite todas
as semanas, todos os dias, deparamo-nos com várias diferenças, a vários níveis.
Temos programas informativos, como são os telejornais (matinais,
da hora de almoço e da noite), de carácter político, económico e social, com
debates entre especialistas, o que é transmitido em várias horas ao longo do
dia, principalmente em canais informativos (por satélite ou cabo) mas também em
canal aberto (nos telejornais). Existem os desportivos, este um caso semelhante
ao anterior e, por fim, as telenovelas, os reality
shows e uma quantidade infinita de programas do mesmo tipo. Tipo esse que,
por muitos (em termos gerais, poucos) é apelidado de várias formas e feitios
nada agradáveis de ouvir ou ler, mas que têm a sua razão de ser.
Semanalmente, todos nós temos acesso à informação acerca das
audiências da televisão portuguesa e, na maior parte delas temos sempre
«campeões» diferentes, sendo que, em maior parte dos casos, jogam todos no
mesmo campeonato. Isto é, é rara a semana em que o programa mais visto pelos
portugueses não seja, referindo-nos à actualidade, a «Casa dos Segredos», um
episódio especial (ou não) da novela da SIC ou da TVI, programas diurnos, tanto
transmitidos de manhã como de tarde, em que só se fala de «fofocas» sobre os
famosos, contendo informação como «Cristiano Ronaldo saiu para jantar com a
mulher e o filho, tendo levado o seu Mercedes e depois de saírem não
conseguimos apurar para onde foi a ida da família.».
Posto isto, grande parte das pessoas fica indignada por não
saber pormenores (tornados por elas em por maiores) de coisas que não
interessam absolutamente nada para as suas vidas nem para o bem de um país ou
do Mundo, ou pelo menos não trazem nada de novo nem de bom. Tal como estão
bastante interessadas em saber qual o segredo que a pessoa «x» ou «y» esconde e
que vai ser descoberto antes de sair de uma casa em que tudo o que se lá passa
é público e toda a gente vê. Ou emocionam-se com histórias de amor/ódio e
peripécias da ficção nacional que se forem pensadas na vida real são
completamente diferentes. Concluindo, tudo isto é tudo menos educativo e
enriquecedor para o nosso intelectual.
Maior parte das pessoas não está muito preocupada em assistir
a debates políticos em que se discute a situação real e actual do país, que
neste momento é preocupante, ou se preocupa com os cortes nos salários e com o
aumento do desemprego, do défice, enfim, crise… mas está preocupada com quem vai
ser o próximo a ser expulso da casa mais famosa do país ou com quem vai acabar
feliz com quem na novela a que assiste…
Uma triste realidade. Mas será essas pessoas vivem mesmo no
real?
Xavier Vaz Gomes, R2
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