Reportagem – Regresso
às Aulas
Regresso às novas lições
A cada ano que passa entram
milhares de novos estudantes nas universidades e escolas portuguesas. Poucos
dias após o inicio das actividades lectivas acompanhamos um dia do regresso às
aulas de duas estudantes que, apesar de doze anos de diferença, apresentam
muitas semelhanças no que respeita a esta nova etapa das suas vidas.
Podia ser apenas mais um dia de
rotina para a pequena Catarina (nome fictício) de 6 anos. Mas, este dia, foge
muito do que foi habitual para esta criança ao longo dos seus poucos anos de
vida. Estamos no dia 26 de Setembro, e é ainda com alguma estranheza que
Catarina, se despede da mãe para entrar na sala de aula da Escola da Barroca de Fiães,
distrito de Aveiro. Apesar de já terem passado alguns dias após o primeiro dia
de aulas, ainda é visível o nervosismo na expressão da criança que começa,
agora, a adaptar-se a uma nova realidade. Segundo Sílvia Sousa, mãe da criança,
a adaptação a “esta nova etapa da sua vida tem sido bastante positiva, no
entanto as perguntas e receios são uma constante”.
Noutro ponto do país,
nomeadamente em Coimbra, Mónica Silva dá os primeiros passos na Escola Superior de Educação disposta a
“enfrentar um dia cheio de novidades”, refere a jovem de 19 anos, natural das
Caldas da Rainha. É bastante visível a satisfação na face da estudante de
Comunicação social, pois atingiu o seu principal objectivo “entrar em Coimbra e
neste preciso curso” pois foi a sua primeira opção na candidatura. Longe de
casa e da sua família salienta que o alojamento “não é muito acessível mas
existe uma grande oferta”, conseguindo assim arranjar quarto rapidamente.
Embora exista uma larga diferença
de idades entre estas duas jovens, há algo que as une, a entrada numa etapa
totalmente desconhecida. Com um ar bastante envergonhado, Catarina conta “já tenho
duas amiguinhas”, e, apesar sua expressão embaraçada a mãe menciona que “dias
antes da escola começar sentia a minha filha bastante nervosa e agitada, no
entanto está-se a adaptar bastante bem, mostrando algum entusiasmo em relação
às actividades escolares”. A integração é essencial nesta nova fase, por vezes
chega a ser um problema para alguns, mas no caso de Mónica tal não se sucede.
São já quase duas da tarde e a jovem depois de uma manhã de aulas enfrenta
agora a tradição académica, as praxes. Na sua opinião, participar nas
actividades praxísticas não é algo que a aborreça, pelo contrário “estou a
gostar bastante e na minha opinião a praxe, quando não ultrapassa os limites do
bom senso, só traz vantagens, pois contribui para a integração”. A jovem estudante
refere que “já conhecia alguns amigos que estudavam em Coimbra”, tornando assim
todo o processo de adaptação mais fácil. No entanto, a transição do ensino
secundário para o ensino superior não é fácil, os deveres e exigências são acrescidas,
pois “ingressar num curso do ensino superior e viver sozinha pode significar o
aumento da liberdade mas também da responsabilidade”, relembra a jovem
universitária. Bem ciente da actual situação do mundo de trabalho, a
primeiranista não esquece a importância do seu rendimento escolar. “Tenho
consciência que me espera um futuro profissional pautado pela competitividade,
quero começar com o pé direito e preparar a minha formação da melhor forma
possível”, explica Mónica. Distante de casa e da protecção dos pais, os recém
chegados ao ensino superior enfrentam desafios completamente novos, como por
exemplo gerir recursos económicos e lidar com colegas de turma que têm
objectivos muito semelhantes.
De forma vaidosa a pequena
Catarina desce as pequenas escadas da sua escola, terminou o dia de aulas por
hoje. Assim que vê a mãe, a criança exibe um sorriso e entrega a grande pasta
cor-de-rosa. “Como correram as aulas? “, pergunta a mãe e a pequena acena-lhe
constrangida com a nossa presença. Na entrada da escola existem muitas outras
crianças felizes por verem as suas mães novamente, “é normal que nestes
primeiros dias haja algum receio por parte das crianças, é difícil
explicar-lhes porque razão têm que sair da pré-escola e abandonar os antigos
coleguinhas”, comenta a mãe de Catarina. As diferenças entre o infantário e a
escola primária são diversas, começam a introduzir-se horários, regras de
comportamento e as primeiras exigências. Sílvia Sousa refere que “é lógico que
o acompanhamento e o tratamento dado no infantário não pode ser o mesmo na
escola primária, mas penso que seja melhor preparar os nossos filhos para uma
realidade que deixa de ser tão flexível”.
Para Mónica e Catarina, começa
agora um grande desafio. No caso, da mais nova começam agora a ser introduzidas
as primeiras regras e responsabilidades “agora sei que tenho de fazer os
trabalhos que a professora manda, e ter o meu caderno organizado “, explica
Catarina. No caso de Mónica estas tornam-se acrescidas “viver sozinha para mim
é uma responsabilidade, longe de casa e da família tenho que ser cada vez mais
autónoma”. Ainda que em idades totalmente distintas ambas iniciam um processo
de crescimento pessoal. Para a estudante universitária estes são os últimos
passos para se tornar totalmente independente, enquanto para a pequena Catarina
só agora começa a perceber as responsabilidades que implicam o
crescimento.
Por : Rosália Costa
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