“Agora não posso, estou ocupada!” Esta, é uma mentira muito frequente
entre as pessoas, mas são as chamadas mentiras piedosas, mentiras
usadas esporadicamente para resolver ou sair de uma determinada
situação. Conviver com este tipo de mentiras é fácil, faz parte de uma
sociedade onde crescemos e temos que adaptar, difícil é, conviver com
mentirosos compulsivos, considerados doentes mentais que vivem num mundo
à parte onde as próprias mentiras são a base e o suporte da vida. Um
mentiroso compulsivo diz tão convictamente a sua mentira que acaba por
acreditar piamente no que diz, o seu mundo é transportado para uma bola,
no sentido figurativo, onde a realidade se baseia em mentiras. A
mitomania é uma patologia diagnosticada em mentirosos
obsessivo-compulsivos, é uma mentira voluntária e consciente, necessária
para que a aceitação na sociedade seja total e na maioria das vezes
superior à de todos os outros. Um mentiroso compulsivo é alguém com
baixa autoestima e por isso com grande necessidade de se mostrar
superior em relação ao que o rodeia, muitas vezes parte da educação dada
durante o crescimento, por maus momentos vividos na infância onde a
única saída era alterar factos de maneira a que o fizesse feliz e então,
acreditar. O discurso de um mitomaníaco não é um discurso para
prejudicar ninguém, é na maioria das vezes um discurso para se sentir
feliz e por isso a tentativa de acreditar tão intensamente no que diz. A
pseudolalia é outro termo científico usado para descrever um mentiroso,
agora de uma maneira mais exagerada, a pseudolalia diz que este doente
não mente só para se sentir feliz, mente da mesma maneira que faz tudo o
resto (comer, vestir, etc.), afirma algo e segundos depois nega o que
disse, deixando quem os rodeia estupefactos com tal atitude. Todos estes
nomes teóricos definem esta doença, o que ninguém consegue imaginar é o
quanto se sofre ao lidar diariamente com alguém assim, alguém que no
fundo nos faz feliz mas que tem um grave problema. Esta é uma das
patologias psiquiátricas mais difíceis de lidar para quem rodeia um
mentiroso compulsivo, o facto de saber que é uma doença e ao mesmo tempo
a falta de confiança gerada por tantas mentiras. O assumir da doença é
algo muito importante, normalmente estes doentes não aceitam o seu
estado e quando aceitam não conseguem mudá-lo. O que estas pessoas não
pensam é como deixam quem os rodeia e quem os tenta apoiar, arrisco a
dizer que para além de mentirosos são também egoístas, o mundo é só
deles, só eles sofrem, só eles têm sentimentos, só eles têm problemas,
tudo o resto não interessa, só não estão bem quando há frontalidade, são
pessoas fracas de personalidade e por isso não conseguem ser frontais e
contêm-se quando se deparam com situações em que a frontalidade é
necessária. Feliz ou infelizmente, por experiência própria quase que
posso garantir que a mentira é a verdade na vida de alguém assim, e o
que mais revolta é o facto de muitos não assumir e conseguirem viver a
vida desta maneira.
por: Patrícia da Costa
O artigo está escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico
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