Zzzzzzzz…Abelhas? Ou estará alguém a dormir?
Era uma vez, numa terra muito longínqua chamada Europa, um país que
se situava em pleno oceano Atlântico e que servia de hall de entrada
para uma coisa muito engraçada chamada Península Ibérica. Este país era
muito pequenino mas tinha muita gente a viver nele- mais ou menos 10
milhões de pessoas.
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Abelha Maia |
Esta nação, apesar de ter imensa gente,
concentrava-se no litoral e na fronteira com Espanha. No centro do país,
viviam as pessoas mais idosas. Isto, trocado por pessoas como vocês,
“miúdos”, resulta em: Vocês conhecem uns animaizinhos chamados
“abelhas”? Este país era mais ou menos assim. Dividia-se em colmeias. A
colmeia central, a principal, onde tudo acontecia dava-se pelo nome de
“Élle”. Era aqui que se vendia e se comprava o mel que as abelhas desta
mesma colmeia e das colmeias vizinhas produziam. Em seu redor existiam
umas colmeias mais pequeninas mas com muito potencial. O que acontecia é
que a “Élle” recebia todos os apoios e não deixava que as outras
abelhas interferissem. Durante algum tempo, acreditou-se que se
fabricava e se vendia muito mel. E, quando não havia dinheiro para
investir, em vez de se chegar a uma conclusão com todas as colmeias,
pedia-se ajuda às abelhas estrangeiras. Que nada conheciam da nossa
produção e o único interesse envolvido era fabricar a baixo custo o
maior número de mel. Foi o que aconteceu… As outras colmeias, à exceção
da Élle, deixaram de produzir e as abelhas que trabalhavam nelas haviam
sido “dispensadas”. Ou seja, as abelhas que na altura trabalhavam
deixaram de ter dinheiro e até mel para dar às suas filhas, abelhinhas. As abelhas mais velhas, sempre esquecidas pelos produtores de mel, já
não tinham dinheiro para comprar medicamentos. Sim, porque as abelhas
também ficam doentes! E, com o tempo, nem a colmeia Élle se safou!
Começaram, então, a comprar mel de outros países! Este país de que
falamos, que se assemelha a estas colmeias, deixou de vender para fora
os seus produtos e passou só a comprar. Às vezes lá iam vendendo pasteis
de nata mas eram tão poucos que não conseguiam lucro- dinheiro.
Conclusão, Ficou endividada! Imaginem que vocês mesmo sem dinheiro
fossem comprar aquele brinquedo de que tanto gostam e que, para isso,
pediam o dinheiro emprestado à vossa avó- que, como as abelhas mais
velhas- já pouco tinham para comprar medicamentos. Algum dia teriam de o
repor, certo? E se nunca conseguissem pagar de volta? Quem é que depois
lhe iria comprar os medicamentos? O segredo é não gastar dinheiro que
não se tem. Isto, até crianças da vossa idade percebem. Sabem aquele
mealheiro que vocês guardam em cima da secretária? Para que possam
amealhar, não o podem gastar. Caso contrário não é um mealheiro! É um
porta-moedas. Este país não queria ter um mealheiro! Só queria ter
porta-moedas. Assim que encontrava uma moeda gastava-a! Desenfreadamente! O mesmo acontecia no caso das abelhas! Em vez de venderem mel e
consequentemente comprarem outras coisas que ajudassem na produção, só
compravam! Mas não compravam coisas úteis! Compravam máscaras de
mergulhadores e pés de pato…Ora, digam lá, onde é que este equipamento
ajuda para que haja mais mel? Não ajuda! Mas, uma coisa curiosa
aconteceu. Todas as colmeias e as abelhas trabalhadoras se aperceberam
que os patrões de todas as colmeias lhes gastavam o dinheiro todo!!! As
abelhas revoltaram-se e ferraram os “senhores” das colmeias até chegarem
a um acordo. Não podiam ficar paradas perante tamanha injustiça! Foi
exatamente aquilo que não aconteceu no país de que vos falo.
Esporadicamente aparecem abelhas que já assistiram àquilo que se vê
neste país e tentam ajudar com diversos conselhos e até teorias práticas
para que possam viver melhor. Mas, ainda assim não têm muita
credibilidade num território onde o interesse económico se sobrepõe às
condições de vida da população. Parece-me, de facto, que precisamos de
uma manifestação temática onde os manifestantes se vistam a rigor, de
amarelo e preto e, de preferência com um ferrão bem afiado. Será isto
uma loucura ou um mal necessário? Se calhar o melhor é perguntar às
cartas da (abelha) Maya.
por: Joana Luciano
*Este artigo foi redigido ao abrigo do novo Acordo Ortográfico
Muito bem escrito e adorei a sátira feita ao estado actual de Portugal ,e não sou o único a ter essa opinião .Espero mais crónicas desta qualidade.
ResponderEliminarParabéns pelo artigo, esta bem escrito e coerente. A história está escrita de uma maneira engraçada mostrando a desilusão e as tristes condições do país. Espero ver mais artigos deste tipo, pois satiriza sem ter de passar pelos clichés habituais da tv e dos jornais. Está escrito de maneira a que todos entendam, sem ser preciso desenhos. Era bom que os "senhores" das colmeias o lessem e relessem.
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