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terça-feira, 30 de outubro de 2012

Um Marco nas Obras

Era de manhã em Setembro. Fomos acordados pela nossa vizinha que tocava a campainha freneticamente. “Estão a multar todos os carros estacionados na nossa rua! Tirem o vosso daí, rápido!” Era verdade. Por nenhuma razão aparente, um polícia estava a passar multas aos carros dos vizinhos. A minha mãe apressou-se a tirar o carro dali.

Nos 13 anos que morámos em Marco de Canaveses, nunca tal tinha acontecido. Questionado, o polícia explicou que devido ao início de obras na estrada principal da cidade a nossa rua iria fazer parte de um desvio. Como iria ter muito mais tráfego, os carros não poderiam estacionar-se ali. E foi assim que começou a saga das obras de reurbanização do Marco.

Este grande projecto organizado pela Câmara Municipal visa remodelar o centro da cidade e implica um investimento de cinco milhões de euros. Pretende melhorar infra-estruturas, como os esgotos e parques de estacionamento, e facilitar o movimento de veículos e pessoas. Além disso, vai transformar alguns espaços públicos, como a Casa do Povo, de forma a serem mais úteis para a população. Tudo isto para o centro ficar “ainda mais bonito, acolhedor e acessível para todos”, como se pode ler no site da Câmara. Isto deve impulsionar e dinamizar a economia e o comércio locais, o que compensará o investimento inicial. O resultado final parece promissor mas, por enquanto, reina o caos.

O plano divulgado inicialmente era remodelar a estrada principal por fases, mas já na primeira fase de obras a construtora foi contactada e pedida para avançar com outra etapa ao mesmo tempo. Agora, o barulho das obras enche os ouvidos e onde antes ficava a estrada está apenas um buraco cheio de terra que atravessa a cidade. Em dias secos a poeira levantada evoca o Velho Oeste americano e fica presa na garganta dos moradores. Com a chuva, as ruas ainda abertas escorrem rios de lama. A pacata rua onde moro tornou-se numa rua muito movimentada, usada frequentemente por autocarros e camiões do lixo. Ao depararem-se com o desvio, os condutores param, confusos, e causam filas de trânsito, antes de seguirem pelo único caminho disponível. Os dias de feira, então, são uma loucura. Para os moradores emaranhados nesta confusão torna-se difícil ter paciência e esperar pelos efeitos que a longo prazo serão positivos.

2013 é ano de eleições autárquicas e o actual presidente não pretende perder. Embora seja tradição fazer obras públicas antes das eleições, esta poderá ser a campanha de reorganização mais profunda que a cidade já viu. Com as obras a afectarem os negócios de alguns dos moradores, como a fábrica e as lojas na estrada principal, será que os benefícios se vão fazer sentir e cobrir os prejuízos actuais a tempo das votações? Ou será que a presidência está a dar um tiro no pé? Só o tempo dirá.


por Amy Gois 

O artigo não está escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico

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