É pena que não haja por aí um Dr. Lightman a resolver os casos mais
controversos e a decidir o futuro da nação através da leitura de um
rosto. Ou pelo menos a fazer com que a verdade venha ao de cima em
situações banais, como um mero discurso político.
![](http://2.bp.blogspot.com/-CmZG04jlTX0/ToSWE4ikRMI/AAAAAAAACKY/6s0Ysmpq5Tg/s320/Lie-To-Me.jpg)
No outro dia, resolvi observar um dos debates
entre Obama e Romney, assumindo o papel de Dr. Lightman, o tal expert da
série Lie To Me. Pelo meio lá fui reparando na expressão de felicidade
patente nas maçãs do rosto de um apoiante de Obama ou no desprezo
contido nos lábios de duas pessoas que muito provavelmente irão votar em
Romney. Nada mau para quem experimenta estudar as microexpressões
faciais pela primeira vez. No entanto, uma coisa é jogar no nível
simples, como era o caso, outra é jogar no mais avançado. E desengane-se
quem pensa que isto é pêra doce. Ou aqueles dois homens têm muitos anos
de experiência a dissimular as suas emoções, ou simplesmente não tenho
jeito nenhum para isto. Mas eu quero acreditar que a culpa residiu na
qualidade das câmaras e no trabalho dos cameramen.
Findado
o debate norte-americano resolvi colocar as minhas recentes aptidões
novamente à prova. Desta vez em solo português, que à partida imaginei
ser dos mais férteis relativamente a estas matérias. Um dos nomes que me
veio logo à cabeça foi o do político que os portugueses mais gostam de
ouvir no que toca ao aparecimento de novas medidas de austeridade.
Aquele cujo tom monocórdico embala a alma dos portugueses e ao mesmo
tempo os desperta para a dura realidade. Aquele que tem a amabilidade de
felicitar deputados pelo seu aniversário durante audições no
Parlamento, exibindo um sorriso falso, denunciado pela expressão do
olhar. O que me leva a criticar o senhor Vítor Gaspar pela primeira vez
neste parágrafo. Se fosse para dar os parabéns a alguém, podia muito bem
ter esperado pelo fim da audição...
É pena que não haja por aí um Dr. Lightman a resolver os casos mais
controversos e a decidir o futuro da nação através da leitura de um
rosto. Ou pelo menos a fazer com que a verdade venha ao de cima em
situações banais, como um mero discurso político. Tal como eu tentei - e
temporariamente “suspendi funções” -, pode ser que muitos outros também
o façam e possivelmente se dêem melhor. Até isso acontecer, lá vão
sendo eleitos aqueles que mais verdades escondem através de uma simples
expressão que acaba por se perder no tempo.
por: Diogo Carvalho
O artigo não está escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico
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