Jovens de Erasmus na Universidade de Coimbra |
Setembro, mês em que o Verão dá lugar ao Outono; mês em que as férias
dão lugar ao trabalho; mês em que os momentos em família dão lugar às
saudades. Saudades essas que derivam de uma eventual ida para outra
cidade a fim de se começar uma nova fase da vida profissional. E ninguém
conhece melhor esse cenário do que aqueles que viajam em Erasmus: novo
país, novos hábitos e rotinas, novas pessoas, nova realidade.
Outubro
está agora a começar, mas Margaret, jovem polaca que se encontra a
estudar Arquitectura na Universidade de Coimbra, já começou a sentir o
peso deste novo desafio. Numa entrevista concedida pela própria no D’ARQ
(Departamento de Arquitectura da Universidade de Coimbra), a jovem de
Wroclaw deu-nos a conhecer um pouco da sua recente experiência num novo
país, numa nova cultura.
por: Ana Ferreira e Diogo Carvalho
Posts de Pescada: Hoje em dia milhares de jovens decidem participar
no programa Erasmus. O que te levou a rumar a outro país e porquê
Portugal?
Margaret: É um novo país, uma nova experiência. É
também uma forma de me desafiar a mim própria noutro tipo de ambiente e
com outros tipos de pessoas. E Portugal porque é bastante distante e
diferente do meu país.
PP: Falaste com alguém antes de decidires
vir para Portugal? Já conhecias alguém que tivesse estudado ou que
esteja a estudar cá?
M: Uma amiga minha já cá tinha estado a
estudar Educação Física, mas no Porto. Fiz-lhe algumas perguntas, entre
as quais como era cá estar e se tinha sido uma boa experiência, e ela
disse-me bem do país.
PP: Qual foi a tua primeira impressão acerca de Coimbra?
M:
As pessoas aqui são muito simpáticas e a cidade é muito bonita. Apesar
de eu já ter chegado tarde e de estar escuro à primeira vista pareceu-me
uma cidade muito agradável. Senti-me bem quando cá cheguei. É muito
diferente da Polónia, principalmente da minha cidade. A cidade não é
plana [queixando-se do facto de estar sempre a subir escadas] e os
bancos fecham muito cedo, o que é muito diferente da Polónia porque
temos os bancos abertos todo o dia. Isto torna muito difícil o
preenchimento de papéis porque eu tenho aulas entre estas horas. Foi
muito difícil durante a primeira semana habituar-me a estes horários.
PP:
Cá em Portugal existe a tradição de se dar as "boas-vindas" aos novos
alunos com algumas brincadeiras - a chamada praxe. Já viste algo do
género? Se sim, qual a tua opinião?
M: Já vi doutores a praxar os novos alunos. Achei divertido, mas fiquei contente por não estar na situação deles [risos].
PP: Mas achaste a praxe violenta?
M:
Não achei que fosse algo violento, achei mais engraçado do que
ofensivo. Pelo que percebi é uma tradição, portanto, porquê acabar com
isso?
PP: De que forma é que o Erasmus pode ser uma mais-valia para o teu futuro?
M:
Esta experiência enriquece a minha capacidade de me adaptar a
diferentes ambientes e culturas - à própria arquitectura ou aos hábitos
das pessoas -, o que é muito importante para quem pretende ser um
arquitecto. A realização de projectos numa universidade diferente
permite-me a aquisição de novos conhecimentos e obriga-me a encarar
novos problemas e possibilidades num ambiente distinto. É também uma
incrível experiência de vida, que não só me dá a oportunidade de voltar à
Polónia com uma nova perspectiva, como me incentiva a conhecer outros
países.
*A entrevista foi feita em inglês e a tradução é da inteira responsabilidade dos membros da redacção
**Este artigo não foi redigido ao abrigo do novo Acordo Ortográfico
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