Crise! A palavra-chave que se enquadra a quase todos os problemas da
actualidade. No jornalismo não é diferente.
Todos os anos saem novos licenciados de várias partes do país com expectativas em todas as áreas da comunicação social, Coimbra não é excepção. Têm expectativas de um futuro! Expectativas que para muitos não passam mesmo disso…expectativas.
Todos os anos saem novos licenciados de várias partes do país com expectativas em todas as áreas da comunicação social, Coimbra não é excepção. Têm expectativas de um futuro! Expectativas que para muitos não passam mesmo disso…expectativas.
Ana Catarina Veiga tem 21 anos e
acabou de se formar em Comunicação Social, na Escola Superior de Educação de
Coimbra (ESEC). Com a vontade “de dar a conhecer histórias de vida que pudessem
ajudar os outros” envergou por jornalismo, “mesmo sabendo que a área estava de
certa forma complicada”.
Tendo de escolher uma área
específica para fazer o estágio curricular, Ana optou por seguir a sua paixão
pela escrita e estagiar em imprensa. “Sempre me fascinou, sempre gostei de
puder mostrar a realidade pelas palavras, mostrar sentimentos e emoções dessa
forma” e acabou mesmo por encontrar “ um novo mundo dentro do jornalismo”: o
fotojornalismo.
Foi no estágio que pôde pôr em
pratica aquilo que aprendeu nos últimos três anos sendo que leva a experiência
como uma mais-valia. Deparou-se com o mundo profissional da área e percebeu “como
funciona o exercício da profissão”, reflecte Ana.
Quando se chega ao fim da vida de
estudante “deparámo-nos com estágios precários, com a típica proposta do ‘se
tiveres alguma ideia manda para cá’ mas temos a plena noção que com os cortes
actuais, conseguir algo que nos dê estabilidade mínima é impossível”. Com o
difícil acesso a estágios remunerados que contam para a carteira profissional
“iniciar uma carreira na área torna-se difícil”.
Sempre na busca de um emprego
onde possa evidenciar as suas capacidades, dada como terminada a licenciatura,
é tempo de pôr mãos à obra e enviar currículos. Enquanto espera por aquele
e-mail que não chega, Ana vai fazendo alguns trabalhos como freelancer e
apostando também na sua formação “de forma a ganhar mais aptidões e a manter o
vínculo com o jornalismo”.
Na esperança que o estado do
jornalismo melhore e que se dê uma reviravolta, Ana ressalta que “não podemos
esquecer que o jornalismo é o quarto poder e que sem ele a democracia nunca
será viável”.
As expectativas para daqui a um
ano parecem simples, Ana quer estar a fazer aquilo que mais gosta: “contar
novas histórias, mostrar novos rostos e dar voz a quem menos tem ‘tempo de
antena’”.
Se na imprensa o mercado de trabalho
está complicado – prova disso são os recém despedimentos que o jornal Público admitiu fazer – na Produção as
coisas não parecem estar melhores.
Andreia Monteiro tem 20 anos e
tal como Ana acabou o curso de Comunicação Social na ESEC. O grande sonho de
Andreia é a rádio, mas com a entrada no curso enveredou pela via de “Criação de
Conteúdos para os novos Media”, descobrindo a paixão por vídeo e edição.
Andreia Monteiro, formada na ESEC, vai continuar a
apostar na sua formação
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Com a ideia de estagiar em
Pós-Produção de vídeo numa estação de televisão, surgiu a oportunidade de
estagiar em Produção no Programa Você na
TV, na TVI. Apesar de ser um pouco diferente do estava à espera, gostou mas
“teria ficado mais satisfeita se tivesse ido para pós-produção, porque era uma
vertente que queria aperfeiçoar”, constatou Andreia.
Com o estágio apercebeu-se
daquilo que se passa por detrás de um programa de entretenimento, de todo o
trabalho que é necessário para lançar o lançar para o ar. Como estagiária não
se envolveu nos “grandes” detalhes, mas segundo Andreia não só aprendeu “a
preparar um estúdio, mas também a pôr chamadas em directo e todo o
funcionamento pré, durante e pós-programa”, tendo sido uma mais-valia para a
sua formação.
Tal como a sua colega Ana, Andreia
deparou-se com a dura realidade do mercado de trabalho. Poucos empregos para
tanta procura é o problema, mas não baixou os braços. “Acabei o estágio,
comecei a procurar. Fui a entrevistas. Mas não é fácil”, lamentou.
Apostar na formação é algo que as
duas recém-licenciadas têm em comum. Andreia resolveu tentar a sua sorte num
curso profissional em Produção na Escola Técnica de Imagem e Comunicação
(ETIC).
Estará ocupada durante os
próximos dois anos, mas não tem ilusões quando pensa no futuro pois “há que
‘arregaçar as mangas’”. Com ideia fixa de sair de Portugal caso não encontre
trabalho, a ex-aluna da ESEC aconselha a “viver um dia de cada vez e tentar
agarrar as boas oportunidades”.
Cientes do que as espera, as jovens esperam que o futuro
lhes sorria e que consigam trabalhar naquilo em que se formaram.
por: Ana Ferreira e Patrícia Gouveia
O artigo não está escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico
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