Alguns portugueses são autores de grandes feitos, valentes obras e prestigiadas ações. Na vida de alguns jovens vão sendo abertas janelas por onde vão passando raios de luz. Estes agarram cada oportunidade com uma força única, tentam ser reconhecidos e alguns tornam-se, por enquanto, pequenos heróis. Há histórias e casos de portugueses de sucesso. Há pessoas que tiveram ideias que triunfaram. O anonimato ou as luzes da ribalta são pequenos adereços de um grande cenário na peça de teatro que é a vida.
Nem todos os quadros se pintam com as mesmas cores. Para além de nem todos os jovens terem as mesmas oportunidades, nem todos seguem os sonhos da mesma forma, nem todos têm a mesma atitude. Luís Lucas, de 24 anos, um apaixonado pela Física, é investigador no Instituto de Telecomunicações (IT) em Leiria, no campus da Escola Superior de Tecnologia e Gestão (ESTG), do Instituto Politécnico de Leiria (IPL). Está a desenvolver o trabalho da sua tese final de doutoramento em Engenharia Elétrica, pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Nos últimos meses tem percorrido um bocadinho do Mundo, conhecendo novas culturas, aumentando a sua experiência e adquirindo conhecimentos. Licenciado em Engenharia Eletrotécnica, no ramo de Eletrónica e Telecomunicações pela ESTG-IPL e mestre em Engenharia Eletrotécnica – Telecomunicações pela mesma instituição, o jovem, natural de Évora de Alcobaça, abraçou a proposta dos seus orientadores e continuou a sua formação académica. “Já que consegui financiamento, não perco nada em fazê-lo. É sem dúvida uma mais-valia”, declara.
Defesa de Mestrado |
“O trabalho de investigação requer que os desenvolvimentos e os bons resultados sejam publicados em artigos de conferência ou de revista, neste momento ainda só consegui publicar artigos em conferência”, relata. Para apresentar alguns deles, a parte da comunidade científica que trabalha em processamento de sinal viajou até Bruxelas, na Bélgica, e até Orlando, nos Estados Unidos da América. Satisfeito, refere que “nas conferências foi interessante ouvir as outras pessoas a comentar o nosso trabalho e assistir e aprender com o trabalho dos outros”. Passou uma semana em Tampere, na Finlândia, numa espécie de escola de verão sobre vídeo 3D para estudantes de doutoramento que trabalham com esses sinais e com a qual enriqueceu bastante os seus conhecimentos.
Tampere, Finlândia |
Durante sete meses esteve em terras brasileiras, uma experiência “única, inesquecível e vantajosa a nível pessoal. A oportunidade de conhecer e aprender com uma cultura diferente alarga os nossos horizontes.”, conta Luís, sorridente e claramente animado com o que vivenciou. “Estive no Rio de Janeiro, no Brasil, a fazer parte letiva do meu doutoramento. Gostei de experienciar a forma de estar daquele povo e, apesar de lá ter o mesmo ritmo que aqui, precisei de alguma adaptação.”.
O investigador na floresta da Tijuca |
É certo que neste labirinto não foram só as escolhas pessoais que contaram para o caminho percorrido até agora. As oportunidades têm surgido atempadamente. Os mais reticentes e aqueles que se consideram pouco afortunados caracterizariam a situação com uma única palavra: sorte, mas essa é relativa, ao contrário da atitude, que está concretamente definida com a sua marca.
“A ideia de fazer um curso superior só surgiu no final do secundário. Foi uma aposta que fiz. Não vivi propriamente a sonhar com este curso.”, confessa enquanto reflete por momentos sobre o assunto. O gosto traçou o futuro. “A Eletrotécnica é uma área da Física com grande aplicabilidade e com um leque de saídas profissionais superior à própria Física teórica, por isso optei por esta área da engenharia.”, justifica.
Momentos de lazer na Barra de Guaratiba - Praia do Perigoso / Pedra da Tartaruga |
A dedicação ainda não é comerciável. Muitos têm a paixão mas não a sabem saborear. Só com esforço é que se obtêm os resultados pelos quais se luta, enfrentando obstáculos e percorrendo caminhos que nem sempre são os mais fáceis. “Os resultados atingem-se com trabalho. Gostar dos assuntos pode motivar quando chega a hora de ir trabalhar, mas não é o suficiente. No geral, a minha formação correu bem, tive as mesmas dificuldades que os outros e claro, matérias de que não gostava mas que não deixei de estudar.”.
Modesto em relação à bagagem que foi adquirindo e às capacidades que tem, vê a sua profissão “como qualquer outra área da engenharia. Estar ligado a uma área tão vasta como esta nos dias de hoje significa adquirir e usar o conhecimento no desenvolvimento de engenhos/tecnologias que nos sejam úteis.”, diz, acrescentando entre gargalhadas e deixando a questão no ar, um pouco ao critério de cada um: “ou não”. Ainda assim admite que quando se consegue sentir útil, o que nem sempre acontece num ambiente de investigação pois por vezes os projetos não funcionam ou não se verificam os resultados esperados, se sente muito bem.
A ambição continua e, neste caso, ao mais alto nível. Gosta do que faz “embora ache que existem outras áreas das telecomunicações onde gostaria mais de trabalhar”. Até ao momento, tem consciência de que poderia ter tomado outras decisões, apesar de não saber se seriam melhores ou piores, mas não se arrepende das escolhas feitas. Para além de sentir “vontade de acabar esta fase com sucesso”, quer entrar no mercado de trabalho, como afirma: “Quando olho para trás vejo que ainda estou a desempenhar a mesma função e, embora agora seja um pouco diferente, quero evoluir. A perspetiva é trabalhar. Onde não sei, será onde encontrar emprego”. Com um brilho no olhar confessa que “o ideal seria gerir o meu próprio trabalho”, porém, reticente, diz que “isso é muito improvável”, mas não impossível, pois nada é impossível quando queremos mesmo.
por: Joana Pestana
*Artigo escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico
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