Decorada
em tons
de laranja a Residência R-3, alberga cerca de 200 alunos dos mais
variados cursos superiores. Apresenta um ar jovial. Sofisticada e adaptada com os mais diversos
meios, permite aos residentes uma vida confortável.
Porém, nem todos pensam assim, é o caso
de Tatiana Vieira, estudante de Educação Básica da Escola Superior de Educação
de Coimbra. “As condições poderiam ser bem melhores. Existem lacunas que os
serviços de acção social não resolvem.” O funcionamento das residências
funciona sobre critérios bem
específicos. As regras são para cumprir. As delegadas (os), eleitas (os) em reunião geral de residentes,
são os pilares que orientam cada bloco. São responsáveis pela organização e
pelas regras de boa educação no convívio entre a comunidade. Nem sempre é
facil. Gerir as acções de 40 pessoas é uma tarefa árdua. O respeito e o civismo
são a chave para o sucesso.
A composição
da residência é divida em zonas públicas que agregam a cozinha, a sala de estudo,
a sala de estar, os corredores e a lavandaria que são espaços de
confraternização. Estes espaços são
limpos, normalmente, pelas empregadas, diariamente. Os electrodomésticos também
considerados públicos, dão azo a muitas discussões. É a lei da primazia que
muitas vezes, resolve os problemas. Quem chega primeiro, adquire o direito de
usufruir a seu belo prazer. O uso
constante leva ao desgaste, facilmente. Os serviços deveriam ser a entidade
responsável pela reposição ou reparo das máquinas. Contudo, nem sempre é
possível. A crise leva a cortes. E,
quando assim é, são as reuniões gerais que arrecadam uns “trocos” paras suprir
as necessidades básicas.
O que leva
jovens estudantes de diferentes Institutos/Escolas a conviver com cerca de 40
pessoas? Os motivos são vários. A convivência com o desconhecido. O
conhecimento e a procura de novas experiências. A independência. A criação de
novas amizades. “ O ambiente é um factor
crucial, permite-nos socializar e conhecer novas pessoas. Numa residência
universitária isto é possível, enquanto que numa casa o ambiente é muito fechado e, claramente
privado”, explica a estudante de Educação Básica. O mais apelativo continua
ainda, a ser o preço. Pagar 72,25€ por um quarto dividido e, com as despesas já
incluídas, é o mais aliciante para os jovens. Se estes estudantes, forem ainda
bolseiros, então a situação melhora significativamente. O complemento de
alojamento paga o quarto por completo.
Adversamente, quem não é bolseiro, paga um pouco mais. Cerca de 95 €. Joana Correia, estudante de Comunicação
Social, na ESEC, não conseguiu bolsa este ano e, isso dificultou um pouco a sua
situação. Todavia, não se arrepende da escolha que fez. As residências
continuam a seu ver, a ser a melhor
opção. “ As condições são razoáveis. Existe sempre controvérsias, mas depende
de nós resolvê-las. No ano passado, pagava numa casa 200€. A qualidade era
semelhante”. A “aspirante a jornalista”
remata apenas com algumas reticências. “ Perde-se a privacidade. Não estou
muito perto da ESEC. E, às vezes, as minhas coisas desaparecem, porque alguém
decidiu pegar nelas.”
Do outro lado
do rio, encontra-se a R-1 e a R-2. O
azul escuro do edifício coaduna-se com o verde puro da área. Entram em perfeita
sintonia. Ao lado, está a Escola Superior Agrária. Aqui, o ar é mais limpo e a
zona mais tranquila. É em S. Martinho do Bispo, que estão localizados três dos
Institutos/Escolas do Instituto Politécnico de Coimbra. Esta Residência goza
de algumas regalias que a R-3 não possuí. A mais visível, é o vigilante a tempo
inteiro. Outra é o espaço
disponibilizado, bem como a maquinaria existente na lavandaria. Os lugares
públicos são bem maiores. E salienta-se ainda, a existência de quartos
especializados para acolher jovens mães e receber estudantes vindos de Eramus.
Daniel Soares
estuda Informática de Gestão no ISCAC e habita na Residência R- 2. A sua
opinião está a mudar acerca dos benefícios e da real utilidade das residências.
“ Começa a não compensar escolher a residência para viver, porque o aumento da
mensalidade deste ano não foi acompanhado com mais regalias, pelo contrário, os
residentes teem tido menos condições do que anos anteriores. Falta material na
cozinha, o aquecimento é cada vez mais escasso. São condicionantes.”
A criação de
residências universitárias tinha como objectivo ajudar os estudantes mais
desfavorecidos. Era essa a sua essência inicial. Talvez, no meio do caminho se
tenha perdido. Tornou-se numa utopia! A actual situação socioeconómico do país
não permite mais ajudas!
Apesar disso,
o espírito livre reina preponderante no mundo académico. “ O ambiente é
óptimo, convivemos com alunos que são de S. Tomé, de Moçambique, de Cabo Verde
e, ninguém é indiferente a ninguém. Há convívio entre todos e há sempre oferta
de ajuda,” afirma Daniel Soares.
O momento
mais peculiar que aconteceu a Sofia Antunes, estudante de Gerontologia Social,
enquanto residente foi simultaneamente engraçado e assustador. “Apareceram-me
três rapazes durante a madrugada na sala de estar, completamente bêbados.
Ninguém sabe como entraram. Mas o facto, é que saíram logo, quando detectada a
sua presença. O três rapazitos riam-se desesperadamente. A situação não era
para menos!”
Os momentos
mais marcantes e caricatos são aqueles que ficam cravados nas paredes como
histórias que não serão contadas ! Foram
vividas! Alegrias e amizades travadas no
convívio diário. Situações embaraçosas.
Chegadas inesperadas e partidas sentidas!
por: Márcia Alves
*Este artigo não está escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico
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