Entrevistado: José António Madeira Dias
Idade: 52
Profissão: Médico Ortopedista, no Hospital dos Covões; Director Clinico no Hospital da Fundação Aurélio Amaro Dinis – Olveira do Hospital;
Este tema consiste num dos mais polémicos e debatidos dos dias de hoje. De modo que achei importante aprofundar este assunto, utilizando como base algumas entrevistas realizadas a especialista de medicina. A entrevista apresentada a baixo, faz parte do leque recolhido.
Contra ou a favor?
A favor
Se se visse com uma doença incurável que lhe vai trazer sofrimento a si e restante família, ponderaria sobre o assunto?
De certeza
É a favor de prolongar a vida a todo o custo nem que isso inflija sofrimento nas pessoas e falta de qualidade de vida (incluindo humilhação pessoal que o doente possa sentir)?
Não
Concorda que se deve sofrer para morrer (em caso de doentes terminais)?
Não. Nem para morrer nem para viver – existem hoje muitas drogas para minimizar o sofrimento. Algum sofrimento, quer na doença quer nos tratamentos é inevitável, mas o sofrimento atroz, persistente ou terminal não é aceitável.
Considera que um doente em fase terminal tem qualidade de vida?
Pode ter. Para isso existem as Unidades de Cuidados Paliativos. O que se pode ou deve fazer nestas unidades é que constitui o busílis da questão.
Com a nova política de medicamentos para doentes terminais, que diminuirá em muito a qualidade de vida dos doentes, não seria melhor legalizar a eutanásia?
É uma questão pertinente e trata-se de uma situação potencialmente perigosa que exige ponderação. A política do medicamento não implica necessariamente uma diminuição da qualidade de vida (ou se se quiser de qualidade na morte). Trata-se de uma discussão paralela e muito séria. Misturar as coisas é potencialmente perigoso – pensar legalizar a eutanásia por questões económicas (situação que a pergunta sugere) é muito grave. A eutanásia terá sempre de ser uma opção pessoal baseada em dados médicos e não uma decisão médica.
Podemos deixar as pessoas a sofrer mas não as podemos ajudar a morrer com dignidade. Acha justo?
Não.
Se a eutanásia deve ser uma resolução médica ou uma resolução pessoal?
Já respondi a essa questão, quando me interrogou acerca de ser ou não melhor legalizar a eutanásia - o ónus da decisão estará sempre no doente salvaguardando a ética deontológica (e eventualmente religiosa) do médico - um doente pode querer morrer mais depressa mas ninguém pode obrigar um médico a fazê-lo. O médico deverá funcionar como conselheiro.
Acha que a igreja tem uma palavra a dizer relativamente à eutanásia?
Tem seguramente. Portugal é um país fortemente católico e numa discussão todas as partes devem ser ouvidas.
Se sim, acha que Deus quer mesmo que alguém sofra desmesuradamente para depois morrer? Não lhe parece um castigo divino (imagine aquilo a que normalmente designamos com “era uma boa pessoa”)?
Não acho nada sobre o que Deus quer ou não quer. Sou agnóstico (para não dizer ateu).
Acha que o tema da eutanásia deveria ser exclusivamente um decisão governamental ou deveria ser referendada?
Terá sempre de ser referendada. Trata-se de uma alteração muito importante da lei em termos sociais, religiosos e éticos e que, por conseguinte, não poderá depender única e exclusivamente de 230 pessoas (até para salvaguarda desses eleitos).
Ana Teresa Abrantes - 2013895
Sem comentários:
Enviar um comentário