Francisco
Machado, um recém mestre em Engenharia Mecânica, de 23 anos, dedicou dois anos
do seu curso a fazer Erasmus em três países.
Primeiro
Itália, depois França, seguindo-se Reino Unido.
Francisco,
não só fizeste Erasmus num país, mas em três. Como foi a experiência?
Foi
uma experiência incrível a todos os níveis! Em primeiro lugar, conheci imensas
pessoas de diversas culturas, pessoas essas com as quais ainda hoje mantenho
contacto e inclusive, pensamos mesmo em reunirmo-nos de novo num país
diferente. Em segundo lugar, sinto que sou uma pessoa muito mais rica em
diversos aspetos, nomeadamente, a nível cultural, pois tive oportunidade de
vivenciar o dia a dia de três países diferentes. Por último, e mais importante,
sinto que tirei um enorme proveito a nível académico destas minhas experiências
Erasmus, onde aprendi imenso com os melhores da Europa, e também porque os
métodos de ensino são ligeiramente diferentes de país para país.
Como
te sentiste fora do teu país e longe das pessoas de quem mais gostas?
Sinceramente,
no início, quando fui para Itália, pensei que a adaptação me fosse custar mais
do que realmente custou, talvez devido ao facto de ir com amigos, a adrenalina
que sentia por me lançar num país Europeu e por ir viver sozinho. No entanto, é
óbvio que ao fim de algum tempo começamos a sentir saudades da nossa terra
natal, nomeadamente, da roupa lavada e passada pela mãezinha, da comida na mesa
e do convívio saudável com os meus amigos e obviamente as saudades da energia
contagiante das duas cadelas loucas lá de casa, a Julieta e a Alice.
Felizmente, por diversas vezes, por todos os países onde passei, essas saudades
foram amenizadas pelas visitas frequentes de familiares e amigos aos mesmos ou
por idas minhas ao meu país natal nas
épocas festivas.
Tendo
estado em países tão diferentes, sentiste muitas diferenças a nível de
adaptação e hábitos e costumes de cada um deles?
Talvez
pelo facto dos três países onde estive serem países Europeus, essas diferenças
não se fizeram sentir assim tanto. A comida era praticamente igual...se tivesse
muita fome sempre podia ir a um fast food.
A noite também é como a nossa, dá para nos divertirmos e bebermos à vontade,
tal como a música que também era bastante agradável. A única grande diferença
que notei foi em termos de preço...o nível de vida dos países em que estive era
um pouco mais caro que Portugal. Outra das coisas que me custou a adaptar foi à
falta de sol, pois aqui, o sol e os dias de céu azul são abundantes, enquanto
que lá fora, foram imensos os dias com céu cinzento e chuvoso...já para não
falar do frio que se sentia. Outra diferença, à qual me adaptei com facilidade,
foi o facto de no Reino Unido a moeda ser diferente. Lá é usada a Libra
Esterlina, que tem um valor um pouco mais elevado que o Euro e sempre que
vinha Portugal tentava sempre trocar
algum dinheiro cá para não ter que pagar taxas de cambio em Cardiff sempre que
fazia algum pagamento ou levantava dinheiro.
Qual
foi o país ao qual mais te custou adaptar e porquê?
Sem
dúvida alguma o Reino Unido, Cardiff. Por todas as razões e mais alguma e muito
também porque estava mal habituado. (risos) Quando lá cheguei, foi um choque
bastante grande, não só porque estava a viver sozinho, mas também pelo facto de
ter ido para uma residência onde as condições não me agradavam, por exemplo, a
cozinha e a casa de banho estavam sempre sujas, o facto de viverem cinco
pessoas numa residência que tinha espaço para duas e por vezes, o barulho
excessivo que se fazia sentir. Até a nível académico, onde na altura estava a
terminar a minha tese de mestrado, a
experiência não foi a melhor porque me senti extremamente desapoiado pelo facto
do meu orientador estar sempre ocupado. Claro que não o censuro, mas esperava
mais apoio a esse nível, numa fase em que estava mesmo a concluir a minha
investigação.
Ainda
assim, nesse tempo, a minha família foi um grande pilar nesta minha etapa.
Todos se uniram mais para me ajudar no que eu precisasse, o Skype foi usado
para horas infindáveis de conversas e claro que a visita dos meus pais no meu
aniversário foi indispensável. A minha namorada foi também uma ajuda
fundamental para este tempo tenebroso em Cardiff. Ela sempre me apoiou imenso e
ajudou no que fosse preciso.
Para
terminar, fiz alguns amigos na residência com os quais, ainda hoje me dou
bastante bem. Também eles me ajudaram imenso, principalmente o Dhruv, um rapaz
Indiano, com um espírito e uma energia como nunca vi.
Mesmo
com todas as adversidades, Cardiff foi um país que gostei imenso de conhecer,
onde espero voltar um dia mais tarde.
Achas
que o facto de teres quatro países no currículo (incluindo Portugal) te vai
ajudar no teu futuro profissional/mundo de trabalho?
Apesar
de considerar que na minha área, mesmo em Portugal, não seja difícil encontrar
emprego, ter experiência lá fora, mesmo que apenas a estudar, ajuda, e muito,
para o facto de arranjar um melhor emprego. Mas saliento que não acho o mais
importante para o meu futuro profissional. Para mim, ser bom naquilo que se
faz, e ter muita experiência prática é melhor do que qualquer experiência no
estrangeiro.
Vês-te
a trabalhar fora num futuro próximo?
Sem
dúvida alguma . Como pessoa bastante ambiciosa que sou, quero ir para fora
trabalhar. Talvez para Itália ou Suíça que são países bastante desenvolvidos na
minha área. Não já, mas quando falo um futuro próximo, é talvez num prazo de 3
ou 4 anos. Até lá, tenho ainda assuntos por resolver em Portugal, para além do
facto de querer ganhar alguma experiência de trabalho cá.
E
obviamente que espero também que a minha namorada me acompanhe nessa jornada
que pode ser o inicio da nossa vida em conjunto.
Algum
conselho para quem queira pensar em fazer Erasmus?
Em
primeiro lugar, e mais importante, é: não deixem de fazer Erasmus! Toda a gente
tem saudades da família, dos amigos e da namorada, mas tudo isso é
ultrapassável com o apoio de todos.
O
único entrave que se possa colocar é talvez monetário, pois fazer Erasmus pode
ser um pouco dispendioso para as carteiras dos pais. De resto, desejo que todos
os estudantes possam ter a oportunidade de fazer Erasmus pois mais tarde vão
colher frutos disso.
Para
terminar, uma palavra para descrever o teu tempo em Erasmus?
Memorável,
sem dúvida.
Beatriz Pessoa
20140099
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