Trabalho
realizado por:
Gonçalo
Teles
Joana
Magalhães
Liliana
Gonçalves
Leonardo
Ramalho
Miguel
Azinheira
Uma tradição que não se adia… repete-se
“E
quem é o melhor pessoal? É o de Comunicação Social!”
Ouvem-se latas a bater no
chão como chocalhos que guiam ao longo do caminho. Começou o Cortejo da Latada.
Envergando capa e batina,
símbolo de igualdade, cada doutor encaminha o seu caloiro pelo trajeto que os
guiará até às margens do Mondego onde serão batizados. Este ano, os fatos dos
caloiros de Comunicação Social são diversificados – uns vestem-se de pacmans,
outros de fantasminhas, uns de son goku, outros de deuses gregos – mas todos
com uma característica em comum: uma perna azul e outra laranja, cores da Escola
Superior de Educação de Coimbra (ESEC) – “Durante o cortejo desfilamos e
exibimos os fatos que os nossos padrinhos fizeram para nós. Cantamos, com
orgulho, o nosso hino de curso e o hino da ESEC. Invadimos fontes e molhamos os
nossos fatos.” , disse Cátia Cardoso, estudante e caloira de Comunicação
Social.
Entre
muitos risos e esforço, os caloiros empurram o tradicional carrinho de
supermercado ao longo da caminho enquanto, em conjunto com os seus doutores,
cantam as músicas emblemáticas dos seus cursos e escolas. Os doutores dão a
morder os seus nabos aos amigos, afilhados e familiares na esperança de ficarem
apenas com a rama que, tal como manda a tradição, terão de atirar ao Mondego. O
ambiente é de alegria, felicidade, e emoção – “No Cortejo podemos encontrar de
tudo, é como uma loja dos 300, desde pessoas alegres devido à simbologia do
evento bem como pessoas alegres por causa da presença do Deus Baco no seu
corpo. Contudo o que mais encontramos é o espírito de familiaridade e de
diversão que proporciona momentos únicos a quem vivencia o cortejo.”, conta-nos
Ricardo Lomar, estudante do 3º ano de Comunicação Social.
Imagem 1 - Caloiros durante a praxe Imagem 2- Tradição de morder os nabos
O
dia torna-se longo quando o caminho se faz de forma lenta e pausada. A praça
está cheia e é difícil passar entre as centenas de estudantes que se reunem
nessa zona. Os cursos “guerrilham” entre sim cantando os seus hinos. Ao longo
do percurso desde a praça até às margens
do rio, os caloiros entram nas fontes
fazendo jogos indicados pelos doutores que acabam por se juntar aos afilhados
entrando com eles para a água – “Um dos melhores momentos do cortejo, para mim,
foi ver os meus doutores e o meu padrinho entrarem também nas fontes, fez com
que sentisse que, tal como eles disseram, estão do nosso lado e jamais contra
nós e não há motivo para que nos sintamos humilhados, praxe não é, de todo, humilhação.”
, diz Cátia.
Imagens 3, 4 e 5 - Doutores e caloiros na fonte do Jardim da
Manga
Muitos
pais viajam até Coimbra para festejar este dia com os filhos. Os rostos de
alguns pais mostram preocupação ao vê-los entrar nas fontes já de noite, outros
riem-se sabendo que faz parte da festa.
O
percurso continua agora pela baixa, o destino está mais próximo. Os pés já
dóiem, os caloiros molhados têm frio e já se protegem com as capas dos seus
padrinhos e madrinhas. No entanto, não são esses fatores que os demovem e, em
conjunto, dão seguimento à sua festa.
Ao
chegar ao Parque Verde e de seguida às docas do Mondego, o ambiente torna-se
mais calmo, os doutores traçam as suas capas e o batismo começa – “Para mim o
Cortejo da Festa das Latas é um misto de sensações e situações que definem o
convívio estudantil. O "Batismo com a água do Mondego" é para mim o
ponto alto do evento. É o momento em que os afilhados sentem através das
palavras dos padrinhos aquilo que lhes espera nos próximos anos
enquanto estudantes de Coimbra.”, afirma Ricardo.
Imagens 6 e 7 - Batismo nas margens do rio Mondego
Os
penicos enchem-se, os doutores dizem algumas palavras aos afilhados, a água
escorre pelas cabeças dos caloiros. Abraços, lágrimas e muita emoção descrevem
o momento final do cortejo da Latada – “O dia termina com o batismo em que as
palavras de quem nos batiza valem mais que tudo. Para quem está de fora, vê os
estudantes de Coimbra desfilar, cantar e gritar, mas nós sentimos cada minuto e
isso é inexplicável.” , afirma Cátia com emoção. De novo ao som dos seus hinos
de curso, os doutores atiram a rama dos seus nabos ao Mondego e o percurso fica
concluído: foi mais um cortejo da Latada.
O
Cortejo da Latada insere-se na Festa das Latas e Imposição de Insignías. Esta
festa tem origens no século XIX, apesar do formato atual ter nascido nos anos
50/60, e tem como principal objetivo festejar o início das atividades letivas e
dar as boas vindas ao novos alunos – os caloiros.
Atualmente
a festa inicia-se com a Serenata da Latada, onde são interpretados os fados
estudantis de Coimbra, e prolonga-se por cinco dias de atuações musicais no
recinto da Latada – Queimódromo. O culminar da festa é o cortejo, onde os
caloiros desfilam com os fatos que os seus padrinhos fizeram. A compra de nabos
e a entrada nas fontes é mais uma tradição do cortejo que acaba com o famoso
batismo dos caloiros no Mondego. “O
cortejo, que culmina com o batismo no Mondego, é talvez o nosso primeiro grande
momento nesta cidade tão especial.” , diz Cátia.
Este
ano, 2015, devido às más condições atmosféricas e à emissão de um alerta
amarelo por parte da Proteção Civil o cortejo da Latada que estava marcado para
o dia 18 de Outubro foi adiado para o
dia 25. Ainda assim, no dia 18 parte dos estudantes saíram na mesma à rua
celebrando o dia. No dia 25 os estudantes voltaram a juntar-se para festejar o
dia oficial do cortejo.
Numa
cidade onde reina a tradição, as capas negras voltaram a sair para a relembrar
e, desta vez, em dose dupla.
“Fantástico é a palavra ideal para o
caracterizar.”, afirma Ricardo.
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