Estar longe de casa é afastarmo-nos de uma parte de nós
Jéssica
Bárbara, 21 anos, nascida na Madeira. O desafio começou há três anos atrás,
juntamente com a sua candidatura ao ensino superior. A cerca de 1000km do seu
lar, é agora Coimbra quem a acolhe. Apesar da saída do arquipélago para o
continente ter sido desde sempre a sua vontade, esta decisão trouxe consigo
vários obstáculos, bem como grandes conquistas.
A conclusão
do ensino secundário é, para muitos jovens, sinónimo de ingresso no ensino
superior. Jéssica traz-nos o seu testemunho, relatando tudo aquilo por que
passou com esta mudança.
Esta
experiência começou com a sua entrada no Instituto Superior de Comunicação
Social, em Lisboa. O que a estudante mais temia acabou por acontecer e, tal
como nos conta, “nunca tinha andado de avião, nem
conhecia Lisboa, onde fiquei colocada na primeira fase. O sentimento que mais
pairava era o medo. Também receava ser mal acolhida pelos meus novos colegas.” Habituada a
um ambiente mais acolhedor, a capital acabou por não corresponder às suas
expectativas, sentindo-se desintegrada e desconfortável.
Com um
espírito pouco conformista, a jovem madeirense sentiu necessidade de voltar a
mudar. A sua vontade de encontrar uma realidade com a qual se identificasse,
fê-la arriscar. “Candidatei-me à segunda fase e fui parar a Coimbra. A grande
dificuldade foi, novamente, passar pelo mesmo processo do “ desconhecido” e por
estar a chegar a uma nova cidade sozinha”. O curso de Comunicação Social na Escola Superior de Educação de Coimbra
foi a sua escolha final.
É
graças a esta cidade e a tudo o que esta lhe proporcionou, que a estudante se
sente hoje mais madura e independente do que no dia em que aqui chegou.
Contudo, é difícil conjugar as duas realidades. Se em Coimbra conseguiu
alcançar a estabilidade académica e social, a verdade é que cada vez lhe custa
mais deixar para trás a sua terra natal. “Desde do
início que lido bem com a distância, na minha opinião. Mas há uma dificuldade
com que confronto todas as vezes que volto para Coimbra, que é a de ser cada
vez mais difícil deixar as pessoas mais importantes da minha vida. Isto deve
acontecer pelo facto desta cidade já não ser a cidade desconhecida.”
Prestes
a concluir a sua licenciatura, Jéssica Bárbara conhece de forma íntima o
sentimento que é a distância. Confessa-nos que esta é uma batalha de vitórias e
derrotas. Na sua óptica, a distância tem um lado positivo, “se calhar porque o facto de estarmos longe coloca-nos numa
posição de maior responsabilidade e reflexão sobre o que queremos fazer para
estarmos tão longe de casa. Sair da nossa zona de conforto traz muitos benefícios a nível
pessoal e profissional por estarmos sempre a aprender”.
Negativamente, o que lhe é
mais doloroso é “estar longe da família e
faltarmos aos momentos importantes dessas
mesmas pessoas”.
Contudo “há sempre vontade de voltar porque como diz Michael John Bobak,“Todo progresso acontece fora
da zona de conforto”.”
A futura
jornalista deixa-nos com uma citação de Charles Darwin - “Não é o mais forte que
sobrevive, nem o mais inteligente. Quem sobrevive é o mais disposto à mudança.”
Em suma, a
vida de universitário reflecte-se num balançar entre o alcance dos nossos
sonhos e em deixar para trás aqueles que nos permitem sonhar.
Rita Rosa
Fábia Cortinhas
Inês Santos
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