Patrícia Rua, 22 anos, é licenciada em
Enfermagem, pela Escola Superior de Enfermagem de Coimbra (ESEnfC), desde junho
de 2014. No entanto, exerce a sua profissão, na Suíça, país que a acolheu,
desde abril de 2015.
Quais
eram as suas expectativas após concluir a sua licenciatura? Esperava exercer a
sua profissão, em Portugal?
Encontrar um emprego como enfermeira e puder desenvolver-me,
tanto em termos profissionais, como pessoais. Crescer perto dos que são
importantes para mim, e conseguir formar família, no país onde nasci e cresci. Enquanto
frequentamos o curso todos nos dizem que o melhor é ir para o estrangeiro. Em
Portugal não há oportunidades. Eu própria, dizia que seria a melhor opção, mas
no fundo acredito que ninguém quer deixar o seu país, o seu cantinho, neste
nosso Portugal. Durante este período, a realidade de emigrar foi-se tornando
cada vez mais forte.
Uma
vez que já tinha essa ideia inicial, de partir para o estrangeiro, ainda procurou
encontrar trabalho, no nosso país?
Licenciei-me na Escola Superior de Enfermagem de Coimbra
(ESEnfC), em junho de 2014. Durante cinco meses, enviei currículos como
resposta a anúncios, fiz candidaturas espontâneas, fiz formações, fui aos
locais onde tinha realizado estágios, durante o meu percurso académico e
inscrevi-me no Centro de Emprego. Mas nada, rigorosamente nada. No final desse
tempo, consegui um part-time, como enfermeira num Laboratório de Análises Clínicas,
onde trabalhava cinco horas, por semana. Depois, como vivia numa aldeia,
comecei a prestar cuidados de enfermagem ao domicílio, cerca de 14 horas semanais.
Portanto, apenas trabalhos precários, não o emprego que desejava.
A
presidente da ESEnfC - Maria da Conceição Bento,
afirmou recentemente, que: “a escola
está confiante dos desafios que se colocam no mundo”. No seu caso, o que a fez
abandonar o nosso país e partir pelo mundo?
Para conseguir estudar, em Portugal, fui obrigada a
contrair um empréstimo bancário. Agora, no final da universidade, tinha de
começar a pagá-lo. Para mim, nestas condições, a única opção seria mesmo
emigrar, para procurar um emprego e puder cumprir com as minhas obrigações. A
seguir, a decisão a tomar era escolher para onde ir, pois tinha como opções, a Inglaterra,
para onde foram muitos colegas meus, ou a Suíça, para onde o meu pai tinha
emigrado, há três anos atrás. A decisão não foi difícil, escolhi ficar perto da
família.
Como
é que foram os primeiros tempos, dessa sua aventura, por terras helvéticas?
Cheguei à Suíça a 8 de abril, deste ano e durante 3 meses fui
procurando trabalho, junto das agências de trabalho temporário, respondendo a anúncios
de jornais e da internet. Nesse período, frequentei um curso para aprofundar o
Francês e comecei a procurar os procedimentos necessários para ter o diploma de
enfermeira reconhecido, na Suíça. Não foi fácil, mas consegui fazer um pequeno
estágio num Etablissement Medico-Social (EMS), que se equipara aí, a um lar de
idosos. Depois do estágio, propuseram-me trabalhar como auxiliar de saúde. E, é
claro que aceitei, pois nesse momento o que mais queria era começar a
trabalhar.
Quais são as principais
diferenças, entre Portugal e a Suíça, que sentiu quando chegou a um novo
território?
Em poucas palavras, é a qualidade de vida. Esperava chegar
à Suíça e rapidamente arranjar um emprego bem remunerado para, no mês seguinte,
ir a Portugal matar as saudades de tudo e que começam logo no momento que decidimos
emigrar. Depressa, percebi que não eram expectativas reais. Certo é que, já
consegui voltar ao nosso país.
E
para terminar, podemos saber se pensa ou pondera, algum dia, voltar para
Portugal?
Talvez na reforma. Para mim, é certo que vou tentar
construir família na Suíça. No futuro, espero que o meu namorado queira vir ter
comigo, para continuarmos a crescer juntos, para construirmos juntos o futuro
que tantas vezes sonhámos e planeámos.
Fábio Mendes (2013869) [Grupo 2]
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