Anabela Verdasca, 33 anos, trabalha num escritório mas a sua grande paixão é o cake design. Bela, como é carinhosamente tratada pelos amigos, conseguiu transformar um hobbie em algo mais. Criativa e dedicada, cria bolos dinâmicos e bonitos a partir de um bloco de pasta de açúcar.
Bolo para o concurso Wilton 2014 - Vencedor do primeiro prémio Local Wilton na categoria Bolo Amateur |
A
Pastelaria é um interesse recente ou sempre tiveste gosto pela confeção de
bolos?
Sempre gostei de confecionar bolos,
mesmo em casa dos meus pais, quando era solteira, era eu que fazia os bolinhos
lá em casa. Os bolos, os pudins, as mousses, nada muito elaborado mas fazia-os.
Como
surgiu o cake design na tua vida?
O cake design surgiu em 2012, nos
anos do meu irmão mais novo. Queria-lhe fazer um bolo diferente e então comecei
a pesquisar na Internet e foi quando descobri a pasta de açúcar. Acabei por utilizar
um bocadinho de pasta de açúcar na confecção do bolo dele e foi quando comecei a
gostar de trabalhar com pasta de açúcar porque é quase como trabalhar com
plasticina. Eu sempre gostei de artes então os trabalhos manuais vêem-me com
alguma facilidade. Bolos para outras pessoas, ou seja, encomendados, comecei a
fazer em 2013.
Qual
o bolo que mais gostaste de fazer até hoje?
Acho que o que me deu mais gozo, que
me consiga recordar, foi o bolo de aniversário para a filha de 4 anos de uma
colega e o tema era as sereias. Gostei muito de fazer os peixinhos, o
caranguejo, o polvo, as conchas, as algas e a sereia. Acho que foi dos
trabalhos mais engraçados, mas sinceramente não me recordo muito bem.
E
o que mais trabalho te deu?
Talvez a concertina. Porque isso é
uma réplica da concertina do meu pai e então a ideia era que ficasse idêntica,
digamos assim. Eu própria fui muito exigente comigo mesma para ficar o mais
semelhante possível.
A
nível de pedidos, já tiveste algum mais estranho ou inusitado?
Um dos pedidos mais estranhos foi o
bolo de uma despedida de solteira. Em tom de brincadeira pediram-me para fazer
uma noivinha junto a um pirilau. Foi realmente o mais estranho.
Quantos
bolos fizeste até hoje?
Foram 165.
Relativamente
à tua técnica, digamos assim, com pasta de açúcar, o que tens feito para a
melhorar?
Tenho tirado alguns cursos de
formação e sou bastante autodidata. Gosto de pesquisar, novas imagens, novas
técnicas, ver vídeos e eu própria vou experimentando e tentando diversas
coisas. Gosto de pegar na pasta e experimentar e inventar formas novas e mais
rápidas para fazer o trabalho render porque isto é um trabalho de muitas horas.
Como no preço esse tempo não entra há que arranjar maneiras mais rápidas de
executar as coisas.
Cada
vez mais, o mercado de cake design está em expansão. Na tua opinião, qual o
motivo deste crescimento?
São bolos fora do vulgar. Os olhos
também comem, os bolos são atrativos e as crianças, tanto como os adultos, são
cativadas por este tipo de bolos. Apesar de viver numa zona onde as pessoas
talvez não deem tanto valor ao cake design como dão noutros locais urbanos, mas
gradualmente tem se vindo a notar uma grande diferença. As pessoas começam a
entender que é um trabalho demorado, que tem custos mais elevados que os bolos
tradicionais e a dar mais valor a este trabalho, a esta arte, digamos assim. Há
até pessoas que dizem “Só? Só levas isto?” o que deixa uma pessoa a pensar,
pronto, é realmente gratificante ver que há pessoas que apreciam e dão valor.
Vivendo
numa terra pequena e comparando com outras pessoas que também são de meios
pequenos mas que não conseguem ter tanto sucesso, porque é que achas que
conseguiste ter tanto êxito?
O passa palavra é um meio de comunicação muito eficaz e também a
divulgação no facebook. A que se faz no facebook acaba por ser muito eficaz
porque as pessoas dão o seu feedback dos trabalhos e amigos de amigos acabam
por confiar na opinião dos seus amigos e também confiar em mim para a confeção
de bolos. Acho que as pessoas também valorizam o facto de eu ser perfecionista
e minuciosa com os trabalhos.
Trabalhando
10 horas por dia e tendo encomendas praticamente todos os fins-de-semana, como
é que tens paciência e onde arranjas tempo para fazer isto?
Sai-me do corpo, tenho noites onde
janto e vou trabalhar na decoração dos bolos, quando olho para o relógio já é
meia-noite/meia-noite e meia e penso assim “Epá, é tarde amanhã tenho de pegar
às 8h” mas não estou cansada e fico mais um bocadinho ali. Ou seja, dormir
pronto, uma pessoa acaba por se privar um bocadinho de dormir mas a satisfação
que eu sinto e o relaxar e o descontrair vencem tudo.
A
nível profissional estás empregada numa empresa de construção civil que nada
tem a ver com o cake design. Como é que estas duas componentes se ligam ou não
se conectam sequer?
Não se conectam de todo. Eu sempre
fui dada às artes mas não tive a possibilidade de seguir visto que regressei do
Canadá e entrei logo na faculdade. Ou seja, tive que me sujeitar ao curso que
me pareceu mais fácil para me conseguir desenrascar e foi o caso. Inscrevi-me
em tradução no ISLA, mas o curso não abriu por falta de alunos e transitei, um
bocado forçadamente, para marketing. Tem um bocadinho a ver com comunicação e
artes, vi-me um bocadinho forçada a tirar esse curso e a trabalhar nesta área
da gestão e administração, mas de facto não era aquilo que queria seguir.
Chegaste
mesmo a trabalhar para uma pastelaria da terra, certo?
Por volta do ano passado ou no ano
anterior comecei a fazer trabalhos para a pastelaria porque não tinham ninguém
que trabalhasse com pasta de açúcar, entretanto a pastelaria arranjou outra
alternativa e eu comecei a fazer trabalhos para a pastelaria “Alfa” [uma das melhores pastelarias do concelho de
Ourém], onde me é possível adquirir novos conhecimentos e me é possível ter
mais oportunidades.
Portanto,
se no futuro, tivesses a oportunidade de fazer única e exclusivamente cake
design aceitavas?
Sim, adorava. Era o meu sonho.
Então
consideras que o cake design, na tua vida, é um complemento ou uma paixão?
É o meu antisstress, eu sinto-me
realizada ao fazer estes trabalhos.
Futuramente,
pensas fazer mais alguma coisa na área do cake design, por exemplo, abrir um
negócio pequeno, ou achas que isso é um sonho impossível?
Não é um sonho impossível porque eu
há uns anos atrás também não imaginava isto que estou a fazer hoje em dia. Tudo é possível, é uma questão de
lutar e de passinhos pequeninos porque não pudemos arriscar muito nos tempos
que correm, tem que se acautelar um bocadinho. Mas vejo-me um dia a ter uma lojinha
de cake design, onde venderia material de cake design, ferramentas, formas,
utensílios e as pastas, teria também a vertente de cursos de formação. Depois,
claro, cozinhava, teria uma pequena cozinha onde confecionava os bolos e vendia-os.
Portanto, o meu sonho é esse.
Bolo para concurso da TAP |
Grupo 5
Rute Cardoso
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