Oitenta conferências, trezentas
e cinquenta e três comunicações. Os números, neste caso, não enganam. O
congresso da SOPCOM, Sociedade Portuguesa de Ciências de Comunicação, realizado
sob o lema “Comunicação e Transformações Sociais”, realizou-se nos dias 11, 12,
13 e 14 de Novembro na cidade do conhecimento e trouxe a Coimbra especialistas
nacionais e internacionais da comunicação. Comunicou-se. Discutiu-se.
Consensos? Apenas na ideia de que o mundo está a mudar e os profissionais da
comunicação, quer estejam mais ou menos preparados, terão mesmo de se habituar
às novas realidades.
A SOPCOM, fundada em 1998,
precisava de um local para albergar o seu congresso bianual. Coimbra
candidatou-se e garantiu a organização do congresso. Mas para isso foi preciso
que a parceria entre a Escola Superior de Educação de Coimbra (ESEC) e a
Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra (FLUC) tivesse uma força suficiente
que pudesse unir os pontos de vistas e as ideias de todos os intervenientes. Ao
lado desta dupla esteve o CEIS20, o Centro de Estudos Disciplinares do séc. XX
da Universidade de Coimbra.
Trabalhar em parceria num
congresso destes não é tarefa fácil. E gerir as diferentes perspectivas que as
pessoas têm sobre a realização e concepção de um evento desta magnitude também
não. Segundo Carlos Camponez, professor de Jornalismo na Universidade de
Coimbra, apesar do risco inerente que uma parceria tem, as “parcerias não se
gerem, fazem-se” e, por isso, com cooperação e coesão, o trabalho ficou mais
facilitado. Sem uma simetria de ideias e de esforços, o congresso não se
realizaria. E no fim do dia descobriram-se os principais vectores que orientariam
a candidatura conimbricense. Por um lado, dar visibilidade a um pólo de
formação/investigação e, ao mesmo tempo, colocar as duas instituições no
roteiro da SOPCOM. Havia acima de tudo a necessidade de materializar com
sucesso uma parceria que, curiosamente, começou a ser desenhada “num telefonema
em férias, num fim-de-semana, à noite, já em horas avançadas” como referiu Gil
Ferreira.
O carácter internacional
do congresso acabou por ser uma imagem de marca por estes dias. Os oradores
principais eram estrangeiros e quase todas as sessões plenárias se realizaram
em inglês ou em espanhol. Mas não se pense que a língua de Camões não esteve bem
representada, para além dos muitos portugueses presentes. Do Brasil, vieram
conferencistas e congressistas dispostos a colocar em prática as investigações que se fazem em parceria entre as instituições
portuguesas e brasileiras. Neste congresso, todos puderam apresentar os seus
trabalhos e discutir. Discutir. A palavra-chave em qualquer congresso. Porque
um congresso sobre o papel da comunicação na sociedade não pode, nem deve,
deixar de ter diferentes pontos de vista sobre a forma como nós queremos que a
comunicação funcione numa sociedade cada vez mais em constante mutação.
Essa foi uma das
principais preocupações do congresso. Deixar bem vincada a ideia de que o mundo
está a mudar muito rapidamente e que a comunicação, sendo um meio de fazer
chegar as mensagens às massas, tem de perceber como irá adaptar-se a essas
mudanças.
Por isso, por estes dias,
em Coimbra, a ciência deixou de estar no laboratório e passou a ser discutida
pelos especialistas. Aliás, uma das premissas principais deste congresso era
que “os comunicadores tinham que dar um contributo avançado” sobre o tema.
Ainda assim, os convidados foram escolhidos a dedo. Tinham de ser “consagrados
activos”, referiu Gil Ferreira.
O tema também não foi
dissociado da realidade. Há sempre uma preocupação, no que concerne aos
congressos da SOPCOM, da realidade estar bem tratada e evidenciada. Este ano
não fugiu à regra. Sociedade e comunicação uniram-se por uns dias e, segundo
Gil Ferreira, não pode ser de outra forma até porque as “transformações nos media, serão necessariamente as
transformações na sociedade”. “Há um jogo de soma dupla, em que estão presentes
duas dimensões numa mesma onda”.
O
congresso propriamente dito teve uma agenda preenchida. Começou no dia 11 de
Novembro com o pré-congresso na ESEC, onde estiveram presentes nomes como Sonia
Núñez Puente da Universidade Rey Juan Carlos de Espanha e Linda
Steiner do Philip Merrill College of Journalism
nos EUA. No dia seguinte, no Auditório da Reitoria da Universidade de Coimbra, deu-se
a sessão inaugural do IX Congresso da SOPCOM com Enric Saperas da Universidade
Rey Juan Carlos de Espanha e Eugenia Siapera da Universidade de Dublin na
Irlanda a mostrarem mais uma vez a cada vez maior internacionalização do
congresso.
No
penúltimo dia de congresso, novamente na ESEC, foram inúmeras as sessões
paralelas, de Ciência da Informação a Estudos Fílmicos, de Rádio e Meios
Sonoros a Cultura Visual, entre muitas mais, onde todos os interessados podiam
circular pelas sessões que suscitavam mais o seu interesse pessoal. Para
complementar este programa de sessões paralelas, destaca-se a presença do
conferencista Joep Cornlissen, da Erasmus University na Holanda.
Para encerrar, no Sábado,
novo programa de sessões paralelas e conferência de encerramento com Mark Deuze
da Universidade de Amesterdão a marcar presença.
Coimbra, ao longo dos
séculos, foi palco de conhecimento, de cultura e de saber. Neste congresso a
cidade dos estudantes teve o privilégio de receber isso tudo e mais alguma
coisa. Esse mais teve a contribuição de todos. De organizadores, a voluntários,
passando pelos congressistas e pelos oradores estrangeiros. Todos, com o seu
grão de areia contribuíram para que a comunicação passasse por Coimbra e saísse
mais rica.
Bruno Simões 20140566
José Lourenço 20140738
Jorge Fernandes 20140104
Miguel Reis 20140121
(Grupo 6)
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