Chama-se
José Carlos da Silva e foi jornalista, durante três décadas, do Diário de
Coimbra. A larga experiência no ramo permite que elabore um retrato sobre o
meio em que esteve inserido. A forma, comparativamente a tempos idos, como o
jornalismo é tratado e fomentado leva-o a crer que o código deontológico, de
uma forma progressiva, tem sido meramente esquecido ou ignorado. O jogo de
interesses, fruto de “lobbys” de pressão, provoca um sensacionalismo gritante
e, cada vez mais, acentuado.
Começou
a carreira na década de 1980. Após dois anos de estágio foi, de pronto e a
tempo inteiro, aceite como profissional do Diário de Coimbra, sendo essa a sua
ambição. Na altura não foi muito complicado entrar para os quadros. Segundo o
aposentado jornalista, os tempos que correm são diferentes: “existe, a meu ver,
uma excessividade de cursos e formações que permitem, cada vez mais, um
sem-número de candidatos para poucas vagas”, considera. Mais: para José Carlos
da Silva, o dom jornalístico é algo fundamental para o meio. Sem a
sensibilidade necessária arrisca-se, por experiência própria, a cair numa
carência inconsciente de rigor. Ao invés, afirma que existem jornalistas e maus
jornalistas. Um jornalista não pode ser “absorvido” por qualquer tipo de
“lobby”, seja político, económico, ou outro. A imparcialidade e rigor são as
bases do código deontológico, e é por ele que se deve reger. Um mau jornalista
é o oposto da primeira designação: “É aquele que elabora uma peça ou reportagem
atacando, sem fundamento, pessoas ou entidades, não tendo a certeza se o que
escreve corresponde à verdade. Existe, sistematicamente, uma deturpação de
factos. Costumo dizer que é um jornalismo gratuito. A falta de rigor é por
demais evidente”, remata. A velha máxima de que uma mentira muitas vezes
contada torna-se verdade é o ponto alto do mau jornalismo, completamente
encaixado no sensacionalismo grotesco. Exemplifica com a imprensa cor-de-rosa:
“É inteiramente berrante a forma como este dito jornalismo trata a dignidade
humana. Explora, aos extremos, o sofrimento e amargura das pessoas. Suga, ao
limite, o direito à intimidade ou
relevância pública provocando, por diversas vezes, crises no seio das famílias
em causa. Nesse contexto, julgo que a Entidade Reguladora para a Comunicação
Social deveria pronunciar-se com objetividade,
e evitar assobiar para o céu.”
Por
outro lado, com tantos anos de jornalista já teve algumas situações e chatices.
Recorda que já foi levado a Tribunal duas ou três vezes, no entanto foi sempre
ilibado. Normalmente, estas situações aconteciam quando relatava, exatamente, o
que acontecia num determinado julgamento que cobria. Na altura, o arguido em
causa, ao ler a peça, considerou que o que lá estava não correspondia à verdade,
processando o antigo jornalista assim como o Diário de Coimbra. No entanto, os
juízes sempre consideraram não haver matéria para julgamento. Quer ele, quer o
Diretor do jornal (o malogrado Adriana Callé Lucas) foram sempre ilibados.
No
que toca às fontes jornalísticas considera que, dada a concorrência, as mesmas
têm de ser altamente confiáveis, isto porque, no seu entender, não existe o
mesmo rigor informativo que havia há 15 ou 20 anos: “atualmente, qualquer um, procura
vender a notícia fresquinha, sem procurar a veracidade total dos factos. Não
olham a meios para ganhar uns trocos e vender informação… gratuita. No entanto,
seja qual for o caso, a privacidade das fontes deve prevalecer”, conclui.
Realizado por grupo 10:
Carolina Mateus
Daniela Rocha
Raquel Santos
Paula Ferreira
Carolina Cunha
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