Bianca Góis |
A Gerontologia é um assunto que
tem ganho cada vez mais dimensão. Como define a Gerontologia?
A
Gerontologia, numa perspetiva simples, é o estudo do envelhecimento da
população, ou seja da terceira idade. O envelhecimento da sociedade é uma
realidade inevitável que advém de uma maior longevidade humana. Esta nova
realidade compromete a necessidade de se pensar em formas de assistência que
promovam a manutenção da qualidade de vida da pessoa idosa. Cabe ao gerontólogo
analisar estas problemáticas definindo estratégias e apresentar soluções para
um envelhecimento mais sustentável. Assim, o papel do gerontólogo apresenta
competências de gestão da organização, de liderança, de recursos humanos e
materiais, da promoção da sensibilização para a individualidade do idoso, de
formação e coordenação de equipas multidisciplinares.
Cada vez mais, a Gerontologia, é
apontada como uma profissão de futuro em Portugal. Concorda com esta opinião?
Sim,
a profissão de gerontólogo é atualmente apontada como uma das que mais futuro
tem em Portugal, com um vasto mercado para explorar a nível institucional e na
criação de próprio emprego. O que torna esta profissão aliciante é o facto deste
profissional se desenvolver pelas “próprias mãos” através da dedicação ao
trabalho, da capacidade de execução e gestão emocional, de forma a minimizar as
ideias que estão presentes e enraizadas na sociedade e promover uma melhor
estabilidade na vida das pessoas idosas.
O facto desta profissão ser
muito recente implica um difícil reconhecimento do seu trabalho?
A
questão essencial que se coloca a uma nova profissão como a gerontologia é a
sua pertinência social, real e simbólica. Dito de outra forma a sua utilidade
social no espaço das profissões e ocupações já existentes. Neste âmbito
torna-se difícil o reconhecimento desta profissão em relação a todas as outras
áreas de conhecimento pois envolve um pouco de todas as áreas, nomeadamente, os
conhecimentos básicos de saúde, contexto psicológico e social, gestão
sustentável, entre outras.
De que maneira podem os gerontólogos alterar
esta imagem?
É
necessário desenvolver programas educativos de forma a destacar a relevância
que esta profissão acarreta com o objetivo de abrir a mente da sociedade
minimizando as barreiras para a sua identificação, reconhecimento e valor.
De
onde surgiu o interesse pelo estudo do envelhecimento da população, mais
propriamente, pelo curso de Gerontologia Social?
O estudo do envelhecimento despertou
quando participei num programa de jovens inseridos numa estrutura residencial
de pessoas idosas. Neste âmbito, desenvolvi e experienciei inúmeras temáticas
com as pessoas idosas. Apercebi-me que cuidar de pessoas idosas implica possuir
capacidades de intervenção na prestação de cuidados de saúde, no campo
psicológico e social e a necessidade de compreender as estruturas para esta
população procurando estratégias inovadoras e projetando-as para as exigências
futuras que surge da longevidade humana. Esta abordagem permitiu então o
desafio de gerontóloga enquanto profissional.
A nossa pirâmide etária está cada
vez mais envelhecida. Acredita que a terceira idade pode encontrar no nosso
país as condições necessárias para ter qualidade de vida?
Em
Portugal ainda não existem respostas adequadas para as necessidades específicas
da pessoa idosa. A resposta mais comum passa pela institucionalização, o que
envolve custos demasiados altos para manter esta população a médio ou a longo
prazo nas instituições. Contudo, salienta-se que estas soluções não são fácies
de identificar, pelo que, esta área possui um enorme potencial para responder a
estas problemáticas em torno do envelhecimento. O gerontólogo é um profissional
que avalia, fortalece a terapêutica e desenvolve estruturas para gerar
autonomia e autoestima da pessoa idosa. A contratação deste profissionais é de
extrema importância visto que é mais barato prevenir do que prestar cuidados.
Como estudante de Gerontoliga, desenvolve
temáticas relacionadas com idosos. Como classifica e caracteriza a forma como a
sociedade olha para os mais velhos?
Num
país cada vez mais envelhecido, é crucial termos consciência do modo como
encaramos os idosos, uma vez que isso pode ganhar peso na qualidade de vida, ou
falta dela, das gerações que nos ajudaram a nasce, crescer e ter o mundo como o
conhecemos. O idadismo representa o estereótipo, o preconceito ou a
discriminação com base na idade presente e enraizado na sociedade atual. Nesta
vertente o papel do gerontólogo consiste em valorizar e ajudar as pessoas idosas nesta fase
da vida. No entanto, é de realçar que não é apenas o gerontólogo a promover
estas atitudes, mas toda a sociedade tem o dever de proteger e ajudar os idosos,
para que estes não se sintam rejeitados e não vivam com medo de envelhecer. Assim,
o objetivo primordial é assinalar e analisar os problemas mais comuns do
envelhecer e transformá-los em assuntos simples, que não intimide os idosos ou
aqueles que ainda estão para chegar a essa fase. Por isso, a profissão de gerontólogo/a
é muito importante pois são profissionais aptos a trabalharem com idosos, a
conseguirem explorar, explicar e ajudar os idosos a envelhecer com dignidade.
A propósito das celebrações do Dia do Idoso, 1 de
Outubro, o seu curso costuma organizar actividades com os idosos? Em que medida
este tipo de iniciativas "rejuvenesce" um idoso?
Atividades desenvolvidas com idosos no Centro Social e Paroquial da Sagrada Família- Lar São Francisco |
Como vê o futuro dos
Gerontólogos em Portugal?
Tenho
esperança que no futuro o gerontólogo consiga adquirir a identidade
profissional, bem como o seu reconhecimento transformando as suas competências
conseguidas em ferramentas de trabalho de forma a tornar as organizações mais
sustentáveis e promover um envelhecimento bem-sucedido.
Rubina Mendes
20140111
Grupo 8
Sem comentários:
Enviar um comentário