Jonathan Margarido é um jovem de 25 anos, licenciado em Gerontologia pela Escola Superior de Saúde da Universidade de Aveiro e apaixonado pelo teatro musical. Participou no programa Got Talent Portugal em 2016, chegou à semi-final e inclusive foi repescado para uma segunda oportunidade após
ter sido expulso. Depois do programa participou no musical "Cinderela - O Musical", na terceira edição "Idíoladas - A Arte da Maior Idade" e foi ainda reconhecido na categoria "Cultura", na XIII Gala Vaga D'Ouro em Vagos. Está ainda envolvido na radionovela "Becos de Amor" a ser transmitido na quinta edição do Festival Rádio Faneca, a decorrer
de 2 a 4 de junho.
Jonathan no pré-casting do Got Talent Portugal |
Quando
começou o interesse pelo teatro musical?
Sempre quis cantar e sempre vi musicais mas nunca tinha
coragem de ir para um palco ou de procurar esse sonho porque era muito
envergonhado, era muito metido em mim próprio. No entanto, houve uma altura da
minha vida, em que disse: “Não! Eu se calhar gosto disto e vou inscrever-me em
aulas de canto”. Inscrevi-me há cerca de 3 ou 4 anos. Nesta escola não havia
teatro musical, depois conheci a Kika que é a minha professora de canto, como
ela também gostava de teatro musical, juntámo-nos e foi uma coisa que
construímos os dois. Com os “empurrões” dela, comecei a ir para palco, comecei
a cantar e a fazer algumas performances. A minha voz mudou completamente e com
as aulas de canto mudou ainda mais, com isto ganhei mais confiança e foi aí que
comecei a perceber que eu gosto de fazer teatro musical.
O
que te levou a participar no Got Talent Portugal?
Não foi uma escolha
minha (risos). Era uma quarta-feira e recebo uma chamada da Kika a dizer “ Vais
receber uma chamada da RTP e vais ter casting sexta” e desligou. Nesse momento
caiu-me tudo. Só pensava que não queria passar vergonhas, ou seja, tive basicamente
aquele pensamento que todos temos. Depois o senhor ligou, começou a falar do
casting e a dizer que me tinham inscrito, então foi nesse momento que decidi
arriscar. A Kika também quase que me obrigou a ir, por mim nunca me tinha inscrito
num concurso televisivo.
Ainda
bem que ela o fez, não concordas?
Agora vejo dessa forma mas na altura não.
Qual
foi momento que mais te marcou no programa?
As palavras da Sofia
Escobar, é a pessoa da área, uma pessoa que admiro muito. Quando disse “tu és
um diamante em bruto” aquilo para mim foi importante. Mas não só, uma coisa
simples e que se calhar muitos não dariam valor foi no primeiro casting poder
cantar no coliseu, só o simples facto de estar ali. Eu estava encantado, é uma
sala linda e estava cheia de gente. Só por isso já tinha ganho,
independentemente do que o júri dissesse.
Jonathan no papel de rei no musical da Cinderela |
Sentes que a participação mudou a tua vida de alguma forma?
Mudou completamente a minha vida. Sou uma pessoa muito mais confiante. á não sou tão tímido, agora canto em todos os sítios e mais alguns e estou em 1001 projetos. Ou seja, a pessoa que eu era ficou para trás. Entretanto fiz o casting para o Pinóquio, que por acaso até foi a Sofia Escobar que me deu a conhecer, mas não fiquei com o papel. Acabei por mais tarde conseguir entrar no musical da Cinderela.
Como é fazer parte da peça Cinderela?
Se eu fosse dizer a alguém que o meu sonho era ser o rato da Cinderela acho que as pessoas ficavam a olhar para mim. Fazia 4 personagens: o rato, o rei, o padre e o criado. Somos um elenco de menos de 10 atores, então todos têm mais do que 1 personagem e existem momentos certos em que se troca a roupa/personagem. Eu saía de lá mais suado do que a fazer ginásio (risos).
Foi um grande desafio. Porque eu sei cantar e na representação safo-me bem mas há outra parte no teatro musical, a dança. Aqui deixava muito a desejar só que agora já não, evoluí bastante. Cresci imenso com esta peça.
Achas
que teatro e gerontologia se complementam / influenciam de alguma maneira?
Claro que sim! Eu fiz o número de abertura de teatro
musical com 3 idosas num projeto em Ílhavo, o Idíoladas. Foi um desafio, eram
pessoas que nunca tinham lidado com estas coisas de cantar, dançar e de certa
forma representar, ou seja, de encarnar uma personagem. O tema também não era
fácil para pessoas mais velhas, era cabaret. Foram quatro meses de muito
trabalho, preparei o número, pesquisei sobre o tema e criei os instrumentais e
as coreografias.
O
que é o Idíoladas?
É um evento de amostra de artes de terceira idade, onde várias instituições, as
IPSS de Ílhavo, fazem números de música e teatro. O meu grupo ficou encarregue
de fazer a abertura do espetáculo.
Como
foi fazer parte do Idíoladas?
Aprendi muito, nós temos uma expectativa de como as
coisas costumam ser mas nunca sabemos como é que vai ser com a terceira idade.
Não sabemos como vão reagir, se conseguem cantar e dançar ao mesmo tempo, ou se
temos de adaptar os atos às pessoas. Eu tive de tornar as coreografias mais
simples e escolher músicas portuguesas, por exemplo. Foi um autêntico desafio
mas bastante gratificante.
III Edição Idolíadas, a Arte da Maior Idade |
Foste
nomeado na categoria de cultura na XIII Gala Vaga D’Ouro, o que é que sentiste
ao ver este tipo de reconhecimento do teu trabalho?
A Gala Vaga D’Ouro é um dos eventos mais importantes
de Vagos, é onde premeiam as instituições, as entidades, as pessoas que de
alguma forma mudaram Vagos. Eu fui nomeado por ter participado no Got Talent, em
conjunto com duas grandes instituições: Vagos Metal Fest e Banda Vaguense.
Fiquei bastante surpreendido com esta nomeação, ainda mais surpreendido por
estar no meio de quem estava. Ganhou a Banda Vaguense e foi muito merecido.
Qualquer um era merecedor do prémio pela importância que tem em Vagos, mas sim,
fiquei muito feliz só pelo facto de ter sido nomeado.
Quais são os teus projetos futuros?
Neste momento trabalho numa IPSS, no entanto não sei
se volto a aceitar a Cinderela ou não. O teatro em Portugal é uma área muito
instável, então tive de procurar algo mesmo na minha área e deixar o teatro
musical um pouco para segundo plano. Gostava de tirar um curso de teatro musical
porque nunca tirei, tudo o que aprendi foi com a minha professora de canto e a
fazer a Cinderela. Estou também a participar numa radionovela com os idosos de
Ílhavo e outros projetos comunitários. A Kika dá aulas numa escola de teatro
musical, nos Covões. São muitos alunos e ela precisava de alguém que fosse o
seu braço direito então propôs à direção que eu me juntasse a ela e aceitaram.
Começo dentro de um mês e vou ficar na parte da encenação e coreografias. Eu na
parte das coreografias! (risos) Vamos fazer o musical Cats, vai ser um novo
desafio porque em vez de trabalhar com idosos vou trabalhar com crianças.
"...o teatro musical vai estar sempre presente, quanto muito como hobby."
Nunca
pensaste sair do país por causa do teatro musical?
Já, mas há sempre aquele receio se vai correr bem ou não. Depois tirei o meu
curso e é tipo deixar para trás muita coisa por algo que não sabes se vai dar
certo. Mas não meto essa hipótese de parte, se surgisse um bom convite era
capaz de aceita e tenho tanto para aprender ainda.
Onde
te imaginas daqui a 10 anos?
Não sei, isso é
muito complicado de responder. Estou numa fase em que gosto do que estou a
fazer mas não sei se é isto que vou fazer para o resto da minha vida.
Daqui a 10 anos não faço ideia mas o teatro
musical vai estar sempre presente, quanto muito como hobby.
Que
conselho dás a quem tem sonhos?
Não façam como eu, arrisquem! Corram atrás, nem toda a
gente tem uma Kika como eu.
Trabalho realizado por:
Fábio Oliveira
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