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terça-feira, 19 de outubro de 2010

Crónicas

Mais e Melhor Acção!
É função da escola e do seu corpo administrativo e docente, garantir a permanência do aluno na rede escolar. ”Educação - direito de todos”, ou será, de poucos? É chocante a situação em que se encontra o Ensino Superior no país, e mesmo assim, muitos ainda se deixam cegar por propagandas enganosas, por imensos holofotes que ofuscam a visão dos menos informados e avisados, ou mesmo acomodados. O facto é que os alunos universitários deixam, cada vez mais, de frequentar a universidade, por causa da chamada Bolsa de Estudo durante o ano lectivo.
A Bolsa de Estudo é uma prestação atribuída mensalmente, para combater o abandono escolar, melhorar a qualificação dos jovens em idade escolar e compensar os encargos acrescidos com a frequência obrigatória de nível secundário da educação ou equivalente. Assim, todos os anos milhares de alunos do ensino superior concorrem ao fundo monetário da DGES que para muitos é o único meio de ‘sobrevivência’ no mundo académico. O problema surge quando chega a altura de saberem os resultados e muitos ficam intrigados por lhes terem sido atribuídos valores mínimos ou insuficientes para suportar tantas despesas ao fim de um mês ou, em casos mais graves, nem sequer terem o direito de os receber. Um estudante deslocado, para além de todo o material de estudo e propinas, tem que suportar despesas como habitação, alimentação, transportes, etc. e muitas vezes vê-lhe atribuído um valor de bolsa que nem para se alimentar durante um mês é suficiente. Por outro lado, existem casos de alunos que recebem autênticas maravilhas de bolsas escolares, alunos que, se for preciso, nem às aulas vão e que optam por desembolsar o dinheiro em compras e afins. Actualmente, é esta a situação em que se encontra a Acção Social Escolar.
Aqui se levanta a questão: ”Quem atribui as bolsas escolares, avalia a situação de cada aluno da forma mais justa?” Ao que parece, tudo indica que não.
Neste país, há muito que se fazer, não apenas para o futuro, mas para agora! Medidas pequenas, que fazem a diferença! Estreitas portas que se abrem para diversificados mundos e universos. O facto é que somos todos aprendizes nesta existência. Em velocidades, estágios, classes diferentes, mas todos aprendizes numa caminhada infindável de aperfeiçoamento integral. E Educação é tudo! É um alicerce seguro para um país que se pretende afirmar como potência soberana e pacificamente inteligente, evoluindo constantemente!
Ana Sofia Rodrigues

Tradição ou traição ?
Este ano, a Serenata da Festa das Latas e Imposição das Insígnias vai ser realizada na baixa da cidade de Coimbra, mais concretamente, na Praça do Comércio. Os estudantes não vêem esta alteração com bons olhos. Surgem comentários de revolta e a Comissão Organizadora da Festa das Latas (COFL) é acusada de traição à tradição, tão característica da cidade. A verdade é que a Serenata sempre ocorreu na alta. Começou na Sé Velha, mais tarde passou para a Via Latina e ultimamente na Sé Nova. É por este motivo que os estudantes mais conservadores se têm revelado tão descontentes. A COFL já defendeu no seu site que quer “fazer a aproximação da Academia à cidade”, aliada ao facto de, em todas as noites da festa, terem um artista de Coimbra, ou com ligação à Associação Académica de Coimbra, a actuar no recinto. Adiantaram ainda que “o objectivo é levar a Serenata, que é dos estudantes, para a área da cidade que pertence aos futricas” e assim levar os estudantes a uma das zonas mais carenciadas de Coimbra.
Pessoalmente, não discordo da escolha feita pela COFL. É certo que, por um lado, a tradição está a ser traída, que, devido à Serenata sempre ter ocorrido na alta da cidade, vai ser “estranho”, ou pelo menos diferente. Mas pode ser bom… um local distinto, que por sinal tem condições para tal, pode trazer uma “lufada de ar fresco” à tão falada tradição. Por falar nisso, esta não se resume a Serenatas. É muito mais que isso. E, possivelmente, a maior parte daqueles que dizem que a COFL está a trair a tradição, que está a matá-la aos poucos, fazem o mesmo todos os dias, sem se aperceberem.
Outro termo que está inevitavelmente associado à Tradição e a Coimbra é a Praxe, essa “Senhora” tão polémica, da qual todo o estudante sabe um bocadinho, mas que ninguém sabe tudo. Quem “entra na Praxe”, praxa da forma que foi praxado e passa a mensagem que lhe foi passada. Eu, do meu bocadinho de sabedoria em relação à Praxe, vejo quase todos os dias traições à tradição, mais propriamente, à praxe. Assim sendo, não acho que o facto de a Serenata ter lugar na baixa, traga o mal ao mundo, neste caso, à tradição.
Tiago Cerveira

Quais são os bens considerados essenciais para o nosso dia-a-dia?
Pois é, parece que cada vez menos temos bens que são considerados essenciais para o nosso dia-a-dia, isto porque o nosso IVA vai aumentar para 23% no Orçamento de Estado 2011.
Vários são os produtos que vão ser retirados da lista de bens essenciais que passam da taxa reduzida para a taxa normal, mas não é só, porque os com taxa intermédia também vão subir.
Produtos como por exemplo, a Coca-Cola deixa de ser considerada bem essencial, mas até aqui estaria a maioria satisfeita, porque a Coca-Cola produto também utilizado como desentupidor de canos, poderia ser trocado pela água sem qualquer problema e até faria muito bem à saúde de qualquer um. Mas, aqui o problema é que dentro desta lista passam a estar também, leites achocolatados; sobremesas lácteas; refrigerantes; sumos; produtos hortícolas; conservas de carne; frutas; óleos alimentares; margarinas e aperitivos.
Agora pergunto eu, o que é que vamos poder começar a comer sem ter de deixar o ordenado de um mês inteiro no supermercado? Vamos começar a cultivar terras e criar animais? Poderia ser uma hipótese, mas da maneira como “isto” vai, com a subida dos produtos hortícolas, acho que acabávamos por ter inúmeras despesas e daria no mesmo. Pergunta complicada.
Teremos de cortar até na comida, que vergonha! Sendo nós, Portugal considerados país de boa gastronomia.
Bom, mas como não há uma sem duas, também nos utensílios de combate a incêndio, flores de corte e decorativas passam a ter taxa máxima, passamos então a cortar na decoração e optar por um preto e branco, como fotografia antiga.
Meu Deus, no fundo do túnel encontramos uma luz e no meio de tanta subida os “habitantes da água” continuam com a taxa de 6%. Coitados dos pescadores, já não bastava venderem uma sardinha a custo praticamente zero a um supermercado e a mesma sardinha já nas peixarias de um Continente, por exemplo, ser vendido a um preço três vezes superior. É impensável, quase surreal até.
Falta de respeito para com todas as pessoas que passam os dias a trabalhar para pagar uma casa; a creche; a escola dos filhos e para não passarem fome. Se já assim é complicado para uma família como vai passar a ser de agora em diante? Resposta fácil, ainda mais difícil.
Como não havemos nós de andar chateados, tristes e desanimados com a vida? Trabalhar uma vida inteira para pagar contas e no fim não haver uma única recompensa? Parece-me um óptimo objectivo de vida.
Talvez fossemos um pouco mais severos como a nossa amiga França e parássemos o país ou talvez apenas passássemos a fazer as compras mensais que passariam a ser trimestrais à vizinha Espanha.
É triste mas real.
Andreia Santos
Orçamento de Estado
            Por fora, parecem ser muitos aqueles que acreditam no “sucesso” das medidas levadas a cabo pelo Governo.
Na sua nota de análise anual sobre Portugal, a agência de notação financeira Moddy’s afirma que o “aprofundamento da consolidação orçamental levou a um aumento material da probabilidade da economia portuguesa voltar à recessão”, embora por outro lado assuma o esforço feito por Portugal de maneira a responder às pressões dos mercados. 
O comissário europeu dos Assuntos Económicos, mostrou-se bastante confiante na aprovação pela Assembleia da República, do Orçamento de Estado para 2011, permitindo assim a “estabilização” das Finanças públicas portuguesas.
Por cá, o líder do PSD, Passos Coelho, admite que Portugal irá ficar numa situação complicadíssima, caso não tenha Orçamento do Estado para 2011, e faz questão de relembrar que o seu partido ajudou o Governo Socialista a reduzir o défice, aceitando o aumento de impostos, em troca de cortes na despesa pública. Admite ainda que o principal problema é o facto de que instituições financeira internacionais tenham perdido a confiança no trabalho do Governo Português. Segundo o mesmo, a actual crise orçamental somente pode ser resolvida através de reformas estruturais, pois os encargos do Estado são muito elevados.
Segundo o ex-ministro Mira Amaral, o corte da despesa pública poderia “ir mais longe”, através da “extinção de institutos públicos, direcções gerais, empresas públicas, regionais e municipais que são socialmente inúteis e uma carga para os contribuintes, e defende que  o OE2011 é o mais “importante dos últimos 25 anos”.
É também de salientar, que é a classe média que vai pagar a grande fartura do aumentos dos impostos, tornando-se assim “cada vez mais classe média baixa”.
Para nós portugueses, espera-nos a partir de Janeiro do próximo ano, um aumento generalizado dos impostos, um aumento do IRS, redução de salários, corte dos benefícios fiscais, entre outros.
Estaremos com uma crise política à porta?
André Drogas

Oito ou 80 no 24 de Coimbra

Viajar num autocarro urbano em Coimbra, na hora de ponta, tem já por si uma série de sensações muito, vá lá, diferentes. A nível auditivo, é nada agradável. Sinto-me, quase sempre, dentro de uma tostadeira (muito usada). Cheiro mil e uma fragrâncias não comercializáveis. Observo um mar de gente. E desta vez, por mais estranho ainda,  reflecti sobre a velhice e a juventude dos que compunham a “lata de sardinhas”.
 Quem passeia na “cidade dos doutores” e toma alguma atenção percebe que há uma disparidade enorme nas faixas etárias das pessoas. Por um lado, temos os que cá nasceram e vivem há décadas a alugar quartos aos estudantes de “bengala na mão”. Por outro, os jovens adultos, que vieram de diferentes pontos do Globo para perseguir um sonho numa cidade que lhes vai ser efémera. 
Segundo estimativas do Instituto Nacional de Estatística (INE), apresentadas este ano, na pirâmide etária de Portugal, registou-se entre 2000 e 2009, um duplo envelhecimento da população, ou seja, as faixas etárias “jovens” diminuíram, enquanto as “idosas” aumentaram. E numa projecção feita até 2050, este agravamento vai ser continuado. Quanto tempo irá subsistir o Estado-Social? Que consequências iremos sofrer? E os nossos filhos e netos? 
É ponto assente. Portugal é um país (cada vez mais) envelhecido. Agora, em Coimbra, pelo menos nas ruas e transportes públicos, tenho a percepção de que é raro cruzar-me com pessoas de idades compreendidas entre os 40 e 60 anos. É óbvio que muitos têm uma vida activa, têm os seus empregos, etc. Mas de facto é um curioso contraste.O estudante de pé e o conimbricense sentado. O Solum e a Baixa.
Os transportes urbanos de Coimbra, estão “minados” de reformados. É neles que melhor se nota o confronto de gerações. Quem vem cá durante o Verão percebe o verdadeiro sentido de esta ser a “cidade dos estudantes”, porque sem os estudantes parece só haver casas, onde os idosos se abrigam. Nós apenas disfarçamos durante dez meses um cenário que vai sendo comum a todo o país.

 Renato Neves Sapateiro

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