Televisão:
um marco em Portugal
"Exagero" do que poderá ser a televisão do futuro.
A rapidez do processo tecnológico poderá levar-nos ao impensável.
Todos se
recordam da Revolução dos Cravos, falam da Independência de Portugal,
glorificam os heróis que fizeram de Portugal um país de descobrimentos, exaltam
Eusébio, a Pantera Negra, mas quem celebra o aparecimento da televisão em
Portugal? Compreende-se que todos estes acontecimentos e figuras foram muito
marcantes para a história e para a construção da identidade de Portugal, mas
que era feito deste país sem o aparecimento da televisão?
Assim como o
25 de Abril ou a Independência Portuguesa fizeram com que o rumo das nossas
vidas mudasse para sempre, também o surgimento da televisão no nosso País foi
um marco importante para o desenvolvimento social, político, económico e
cultural.
Continuávamos
a ser um país atrasado tecnologicamente em relação a outros países europeus,
mas a RTP, Rádio e Televisão de Portugal, constituiu um grande progresso na
vida das pessoas aquando das suas primeiras emissões, em 1956. Como afirmou a
minha avó, Emerinda Soares, que vivenciou toda esta evolução “ao início nem
sabíamos bem o que aquilo era. Apenas as pessoas mais ricas tinham
possibilidades de comprar televisão e, devido a isso, fomos demorando a
perceber a real utilidade dessa invenção na época”. Nesses anos originaram-se
movimentos gerais das pessoas para os sítios públicos com televisão.
Brincadeiras
ao ar livre e serões passados em família a conversar são hábitos que já não
fazem parte das nossas rotinas. Os telejornais regulam a hora do nosso jantar,
as telenovelas a hora de deitar e andamos assim comandados através de um
pequeno aparelho que nos manipula de uma forma pela qual nem damos conta. Mais
do que uma fonte de informação ou de entretenimento, faz de companhia para
muitas pessoas que não conseguem passar um dia sem verem emissões televisivas,
que vêm no pequeno ecrã aquilo que gostariam de ser e que ficam convencidas que
a ficção é realidade.
Desde o seu
aparecimento, os anos foram decorrendo e a sua evolução fez-se notar. Emissões
regulares, criação do segundo canal (RTP2), expansão até à Madeira e aos
Açores, transmissões a cores, aparecimento dos canais privados (SIC e TVI) e,
mais recentemente, de canais por cabo. Há meio século atrás, seria impensável existir
mais de um canal disponível para se visualizar. “A evolução aconteceu de uma
forma natural, mas, ao mesmo tempo, foi muito rápida, que nem demos conta dos
progressos que estávamos a presenciar”, acrescentou Emerinda, que, na década de
70 teve possibilidades de comprar a sua primeira televisão para contentamento
dos seus filhos. Muito mudou desde esses tempos remotos. Actualmente, o país
está prestes a atravessar um novo processo de actualização tecnológica – o TDT.
Muito se fala da Televisão Digital Terrestre, mas poucos sabem ainda que
mudanças irá trazer para os telespectadores. Consiste numa nova tecnologia de
teledifusão terrestre em sinal digital que também funciona através de antenas e
que irá substituir a actual teledifusão analógica terrestre, a que chamamos de
televisão “tradicional”. Com esta inovação que em breve entrará nas casas dos
portugueses, a qualidade do som e da imagem da emissão será muito superior à da
actual emissão analógica, teremos ao nossos dispor um Guia de Programação
Electrónico onde se pode consultar os horários dos programas de televisão e
ainda a funcionalidade Pausa TV, a gravação da emissão ou o seu agendamento
(informação recolhida no site oficial da TDT). Para os idosos muitas são as
preocupações quanto a este novo sistema de televisão, contudo, para Emerinda o
problema está mais que resolvido “Optei por adquirir canais por cabo. Apesar de
pagar, é a melhor opção pois disponho de todos os canais que me interessam, as
opções de formatos televisivos são mais variadas e tenho acesso a todas as
funcionalidades mais actuais embora não as utilize, pois não são coisas para a
minha idade.”
Para os mais
jovens esta mudança é algo que faz parte de uma sociedade cada vez mais
actualizada com novos equipamentos tecnológicos, que visam aperfeiçoar tudo e a
todo o minuto. Para os mais idosos, era dispensável, mas, como parte que
fazemos de países desenvolvidos não podemos voltar as costas ao progresso.
Apesar de
diferentes opiniões, os extremos da nossa sociedade partilham o interesse pela
Televisão. É objecto obrigatório do mobiliário de cada habitação, serve de
companhia, de entretenimento, de informador, de empregador, é, no fundo, algo
que completa a vida de cada um, pois através dela podemos saciar as nossas
necessidades.
A televisão
veio mudar o Mundo. A televisão veio mudar Portugal. A televisão veio mudar a
casa de cada um. A televisão veio mudar a sociedade, os hábitos, a cultura, a
informação, a comunicação. Porquê dar especial atenção aos perigos que
acarreta, aos défices de variedade de formatos televisivos, se podemos celebrar
o bom que esta caixa mágica nos trouxe?
Por: Isabel Oliveira – Redacção 1
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