“Não quero ficar aqui”. Era tudo o que passava pela minha cabeça no
dia em que, de malas e bagagens, me depositaram nas margens deste
Mondego. Eu que, na inocência de quem pisa Coimbra pelas primeiras
vezes, não poderia sequer imaginar todas as lágrimas que viria a deitar
por esta cidade. Sim, lágrimas. De emoção, de saudade. Mesmo sem ainda
ter partido. Coimbra, dividirás o meu coração e o de todos os que por
aqui passarem. Porque, a partir do dia em que aprendemos a ser teus e a
seres nossa, passamos a ter duas cidades e a não saber de qual gostamos
mais. Quem te sente já não te esquece e é por isso que tornas tudo mais
difícil. No dia em que tivermos que dizer adeus ao Choupal saberemos que
valeste a pena. Que todas as lágrimas que aqui te deitámos valeram a
pena. Que todo o suor e todas as vezes que quisemos fugir de ti valeram a
pena. E nessa despedida vamos desejar atrasar os relógios e fazê-los
andar para trás. Vamos desejar que a cabra faça valer o nome e não nos
deixe partir.
O tempo assusta-me. Ou talvez me assuste apenas a
ideia que tenho dele; assim que nos traz, logo nos leva. Coimbra, qual é
o segredo para seres efémera e eterna? Arrepio-me quando penso que
chegará um dia em que vestiremos as tuas vestes pela última vez. Que
haverá um último traçar da capa. Quero usufruir de tudo o que tens para
nos mostrar. E é quando a segunda latada da minha vida académica chega
ao fim que me apercebo que já vais a metade quando ainda tenho tanto por
(te) viver.
Foi a água do teu rio que nos apadrinhou. E, por
baixo de capas negras, nos teus braços fizemos amizades de vidas
inteiras. Desculpa-nos se nos queixamos de dores nos pés dos sapatos do
teu traje. Desculpa-nos se queremos ir mais cedo para casa no fim da
semana. Desculpa-nos se não choramos de todas as vezes que ouvimos os
teus fados. Coimbra, quantos já te escreveram, quantos já te sentiram,
quantos já derramaram lágrimas por ti. Ingratos são os que não o fazem,
os que não te agradecem todos os dias. Coimbra dos doutores, ensinas-nos
o verdadeiro significado de tradição. E de saudade. De geração em
geração transmites o amor. Amamos-te. E nem sabemos definir o orgulho do
primeiro F-R-A de capa e batina. E nem queremos imaginar que sabor terá
o último. Coimbra és nossa e hás-de ser; Coimbra és nossa até morrer.
por: Catarina Parrinha
O artigo está escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico
Simplesmente emocionante, conseguis-te transmitir por palavras o sentimento de que todos NÓS (estudantes de coimbra) guardamos em nossos corações. COIMBRA hoje e sempre :)
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