Telmo Paixão, natural da cidade de Pombal, é actualmente um dos
muitos treinadores das Escolas de Formação do Futebol Clube do Porto
(Dragon Force). Vestido de azul e branco, o treinador conta um pouco do
seu percurso até ao momento, da responsabilidade em treinar “pequenas
estrelas” e revela as suas ambições para o futuro.
Posts de Pescada: Alguma vez pensaste em ser treinador de futebol?
Telmo
Paixão: Ora bem… pensar em ser treinador de futebol… sim!
Principalmente agora, onde já adquiri algumas competências pela
diversidade de experiências que fui vivenciando. No entanto o meu
interesse sobre o treino começa por volta dos 16 anos, ainda como
jogador de formação no Sporting Clube de Pombal. Pedia o plano dos
treinos a um jogador sénior da equipa, ele descrevia-mos ou fornecia-me
já em forma de documento. Com esses documentos que ele me facultava,
também eu ia fazendo alguns rascunhos dos meus próprios treinos. Ainda
os guardo, bem como os treinos dessa equipa sénior, feitos na altura por
um treinador conceituado e consagrado, João Carlos Pereira,
(actualmente treinador da equipa suíça Servette F.C.). Como é óbvio,
naquela altura, ainda não pensava em ser treinador, mas
inconscientemente começava a delinear o meu percurso que mais tarde se
veio a revelar, quando já jogava no primeiro ano do escalão de Juniores,
com 18 anos, e o meu treinador me perguntou se tinha interesse em
trabalhar paralelamente com o seu adjunto numa equipa do escalão de
Sub11. Nesta altura eu estava no 12º ano, um ano considerado decisivo no
percurso académico, e nos tempos livres tinha os treinos da minha
equipa, mas ainda assim aceitei a proposta. A partir daí o meu interesse
sobre todas as questões ligadas ao treino, jogo e futebol disparou,
momento em que comecei a pensar seriamente numa carreira como treinador
de futebol. Ainda assim, não quer dizer que tenha o meu percurso
traçado, gosto acima de tudo de entender a complexidade do treino e do
jogo.
PP: Como surgiu a oportunidade de treinares actualmente as camadas mais jovens do Dragon Force (Escolas do F.C Porto)?
TP:
Esta oportunidade surgiu quando estava a culminar o meu ano de estágio
referente à licenciatura em desporto na área do Futebol. Nessa altura,
estagiei numa equipa de Sub 11 do S.C. Salgueiros, onde obtivemos bons
resultados, ficámos em 2º no campeonato distrital da Associação de
Futebol do Porto e conseguimos qualificarmo-nos para o Apuramento de
Campeão com as cinco melhores equipas do escalão da A.F.P. Foi
sensivelmente nesta fase que surgiu o convite remessado pela Escola
Dragon Force a título de estágio, novamente. Obviamente que foi o
conhecimento académico e a influência positiva do professor regente da
cadeira de futebol que impulsionou verdadeiramente esta oportunidade.
PP:
Descreve como é treinar estas crianças, sendo que a maioria está a dar
os primeiros passos no futebol? Que capacidades são necessárias para
trabalhar nestas faixas etárias?
TP: Antes de falar do prazer e
da paixão que tenho em trabalhar com idades inferiores, tenho de falar
da responsabilidade que temos de ter enquanto treinadores formadores. É
duplamente complexo ensinar futebol pois é necessário ter um grau de
competências individuais a vários níveis (sociais, expressivos,
modeladores, linguísticos, etc… etc…) bem como ser um grande conhecedor
do futebol, e do que é intrínseco a esta modalidade, (metodologias,
formas de estar, culturas, organização). As capacidades necessárias para
treinar estes escalões são muitas e complexas, mas ao mesmo tempo podem
ser conduzidas em processos simples e muito eficazes.
PP: Nos treinos há uma vertente pedagógica educativa?
Telmo Paixão a dar
instruções aos seus pequenos jogadores.
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PP: Apesar de serem
crianças muito pequenas, existe sempre alguma que mostra desde cedo
aptidões e talento para o futebol. Sendo tu um dos responsáveis pelo
treino delas, consideras este aspecto um factor motivante para o teu
trabalho ou existe uma pressão externa para fazer destes miúdos
jogadores cada vez melhores?
TP: O treino é sempre motivador por
si só, tenha jogadores muito bons ou menos bons. Existe sempre algo que
eles podem aprender e por isso existe uma responsabilidade muito grande.
Também a pressão é enorme, pois a instituição que represento é
associada sobretudo ao profissionalismo, competência e paixão pelo
futebol. Esta é a pressão que existe, não a de “fabricar” jogadores cada
vez melhores. No
entanto a responsabilidade dos jogadores e das
equipas em jogarem cada vez melhor, ou seja, de aprenderem e adquirirem
comportamentos desejados, é um objectivo fundamental delineado desde
início.
PP: É possível neste patamar evidenciar crianças com potencial para virem a ser grandes estrelas no mundo do futebol?
TP:
Sem dúvida. Existem muitos jogadores jovens com um potencial enorme.
Agora é muito difícil prever um percurso que é tão grande e tão cheio de
sobressaltos como é o caso da formação de um jogador de futebol que
envolve cerca de 13 anos com inúmeras variáveis que podem castrar ou
desenvolver o talento.
PP: Pretendes fazer carreira no mundo do futebol?
TP: Esse
sim já é um sonho. Tudo o que faço tem em conta o mundo do futebol…
então porque não hei-de fazer parte dele? Não quero dizer com isto que
ambiciono ser treinador do Real Madrid, do Barcelona ou mesmo do F.C.
Porto. Pretendo sim perceber cada vez mais cada problemática do futebol,
cada conceito, cada jogo, cada momento… Sendo um apaixonado por este
desporto só posso pensar em fazer carreira neste campo (entre risos).
por: Sofia Ferreira
O artigo está escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico
este gajo é um filho da puta
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