Sofia Torres Pereira
é uma jovem portuguesa, de 23 anos, que concluiu os estudos de enfermagem no
ano 2010/2011 em Coimbra. Sofia viu-se com o diploma na mão e sem qualquer
oportunidade de trabalho em Portugal, foi assim obrigada a emigrar. Optou por
tirar um curso de francês e rumar a França onde os serviços de enfermagem são
bastantes requisitados. Actualmente está a morar em Chevreuse e a trabalhar no
hospital gerontológico Philippe Dugue.
Sofia Torres Pereira: Bem para
ser sincera não era o curso desejado por mim, mas escolhi enfermagem porque é
um curso que nos possibilita ajudar os que mais precisam, e é muito
gratificante. Se bem que não é dado o devido valor à profissão.
PP: Quando inicias-te os estudos os enfermeiros já
viviam a situação que estão a viver agora?
STP: Sim a
situação já tava a começar a ser difícil, mas não se compara ao que os
enfermeiros estão a viver agora.
PP: Esperavas acabar o curso e ser “obrigada” a ter
que sair do teu país?
STP: Claro
que não, acho que todos nós, que estamos a investir na educação superior, esperamos
conseguir fazer alguma coisa no nosso país e para o nosso país.
PP: Quando foi que percebes-te que emigrar seria a
única solução possível?
STP: Só
acordei mesmo para a vida quando começou mais um ano escolar e eu ainda estava
em casa, à medida que os meses passavam a situação tornava-se mais real. Já
para não falar dos telejornais que nos deixam ainda mais alerta com esta
situação toda.
PP: Optaste por França porquê?
STP: Essa
escolha foi feita através da empresa em que eu tirei o curso, mas também porque
tenho lá família e estou mais perto de Portugal.
PP: Como foste recebida?
STP: Fui muito
bem recebida por toda a gente, tanto na família de acolhimento com quem fiquei
na nas primeiras semanas como na instituição onde estou a trabalhar. Isto
ajudou-me muito na integração.
PP: O que é que te custa mais agora que estás fora do
país?
STP: Custa-me muito, é uma realidade
diferente todos os dias, língua diferente, alimentação diferente, enfim é tudo
diferente da nossa casa. Agora sou eu sozinha, tenho que me desenrascar sem
ajuda dos meus pais. Mas sem dúvida alguma que estar longe dos familiares e
amigos é o que mais custa.
PP: Estás arrependida por teres escolhido essa opção
(emigrar)?
STP:
Arrependida não é a palavra certa, sei que tem que ser e que temos que nos
fazer à vida. Mas custa-me bastante ter que estar fora de Portugal. Se fosse
possível escolher trabalhar em Portugal nunca teria optado por emigrar, claro.
PP: Esperas um dia conseguir trabalhar em Portugal?
Quais são as tuas expectativas a este nível?
STP: Sim
claro que sim. Continuo atenta às hipóteses de emprego em Portugal, espero
conseguir atingir esse objectivo. Acredito que mais cedo ou mais tarde as
coisas vão melhorar.
PP: Se fosse hoje, voltavas a optar pelo curso de
enfermagem?
STP:
Sinceramente acho que ia pensar duas vezes, mas também não sei que outro curso
tiraria.
por: Inês Machado
*Este artigo não
está escrito ao abrigo do novo acordo ortográfico.
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