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quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Diploma de Emigrante



Sofia Torres Pereira é uma jovem portuguesa, de 23 anos, que concluiu os estudos de enfermagem no ano 2010/2011 em Coimbra. Sofia viu-se com o diploma na mão e sem qualquer oportunidade de trabalho em Portugal, foi assim obrigada a emigrar. Optou por tirar um curso de francês e rumar a França onde os serviços de enfermagem são bastantes requisitados. Actualmente está a morar em Chevreuse e a trabalhar no hospital gerontológico Philippe Dugue.

Posts de Pescada: O que te levou a tirar enfermagem?
Sofia Torres Pereira: Bem para ser sincera não era o curso desejado por mim, mas escolhi enfermagem porque é um curso que nos possibilita ajudar os que mais precisam, e é muito gratificante. Se bem que não é dado o devido valor à profissão.

PP: Quando inicias-te os estudos os enfermeiros já viviam a situação que estão a viver agora?
STP: Sim a situação já tava a começar a ser difícil, mas não se compara ao que os enfermeiros estão a viver agora.

PP: Esperavas acabar o curso e ser “obrigada” a ter que sair do teu país?
STP: Claro que não, acho que todos nós, que estamos a investir na educação superior, esperamos conseguir fazer alguma coisa no nosso país e para o nosso país.

PP: Quando foi que percebes-te que emigrar seria a única solução possível?
STP: Só acordei mesmo para a vida quando começou mais um ano escolar e eu ainda estava em casa, à medida que os meses passavam a situação tornava-se mais real. Já para não falar dos telejornais que nos deixam ainda mais alerta com esta situação toda.

PP: Optaste por França porquê?
STP: Essa escolha foi feita através da empresa em que eu tirei o curso, mas também porque tenho lá família e estou mais perto de Portugal.

PP: Como foste recebida?
STP: Fui muito bem recebida por toda a gente, tanto na família de acolhimento com quem fiquei na nas primeiras semanas como na instituição onde estou a trabalhar. Isto ajudou-me muito na integração.

PP: O que é que te custa mais agora que estás fora do país?
STP: Custa-me muito, é uma realidade diferente todos os dias, língua diferente, alimentação diferente, enfim é tudo diferente da nossa casa. Agora sou eu sozinha, tenho que me desenrascar sem ajuda dos meus pais. Mas sem dúvida alguma que estar longe dos familiares e amigos é o que mais custa.

PP: Estás arrependida por teres escolhido essa opção (emigrar)?
STP: Arrependida não é a palavra certa, sei que tem que ser e que temos que nos fazer à vida. Mas custa-me bastante ter que estar fora de Portugal. Se fosse possível escolher trabalhar em Portugal nunca teria optado por emigrar, claro.

PP: Esperas um dia conseguir trabalhar em Portugal? Quais são as tuas expectativas a este nível?
STP: Sim claro que sim. Continuo atenta às hipóteses de emprego em Portugal, espero conseguir atingir esse objectivo. Acredito que mais cedo ou mais tarde as coisas vão melhorar.

PP: Se fosse hoje, voltavas a optar pelo curso de enfermagem?
STP: Sinceramente acho que ia pensar duas vezes, mas também não sei que outro curso tiraria.

por: Inês Machado
*Este artigo não está escrito ao abrigo do novo acordo ortográfico.

sábado, 10 de novembro de 2012

Em Busca de uma Vida Melhor



À semelhança do que acontece com muitos portugueses, Maria Augusta Fernandes Lopes, casada e mãe de dois filhos, encontrou na emigração a solução para a instabilidade e crise que se vive em Portugal. Com uma filha a estudar em Coimbra e um filho a trabalhar na Força Aérea Portuguesa, espera com esta oportunidade ganhar qualidade de vida e assim, puder assegurar um futuro melhor aos seus filhos. Com a oportunidade de ir trabalhar para uma empresa têxtil na Tunísia, Augusta Lopes decidiu deixar Portugal em busca de uma vida melhor.

Posts de Pescada: Vai trabalhar na área têxtil. Que tipo de trabalho vai desempenhar?
Augusta Lopes: Vou desempenhar a função de directora de produção. Vou dirigir e comandar toda a equipa de trabalho para que a produção tenha qualidade e responda às exigências da empresa. Estou presente e controlo as linhas de produção desde a chegada da matéria-prima até ao produto final que neste caso são peças de vestuário, mais propriamente malhas.

PP -  Vai sozinha ou a família vai consigo?
AL - Vim sem a família, embora esteja acompanhada por uma amiga que desempenha o cargo de gerente da empresa e que vive comigo num apartamento arrendado pela empresa.

PP -  Sendo que vai sozinha, o que a motivou a deixar a família e emigrar para a Tunísia?
AL -  O que me levou a tomar esta decisão foi a falta de emprego em Portugal, a instabilidade e o desafio que encontrei neste projecto.

PP -  O facto de a família ficar em Portugal não dificultou a tomada de decisão?
AL - Claro que dificultou muito, mas vi nesta oportunidade uma forma de ajudar a família que encarou esta oportunidade como uma forma de me valorizar a nível pessoal e a nível profissional. A família que se quer bem, abdica sempre de algo em prol de outro membro.

PP - Quanto tempo espera lá ficar?
AL - Mais ou menos dois anos. Espero vir definitivamente para Portugal quando a minha filha terminar os estudos na universidade mas vai também depender de como me vou sentir lá e de como vou conciliar a minha vida aqui. Se tudo correr bem, quem sabe se não me mudo definitivamente para a Tunísia e venho só a Portugal de férias. Mas isto tudo é muito prematuro. Como sempre digo, vivo um dia de cada vez.

PP - De que modo esta oportunidade a irá ajudar financeiramente?
AL - Esta oportunidade, espero eu, vai ajudar-me muito a amealhar algum dinheiro para puder fazer face ás despesas familiares e também ter alguma qualidade de vida, o que em Portugal é muito difícil. Espero também puder fazer um “pé de meia” capaz de na minha reforma, permitir ter qualidade de vida e ajudar os meus filhos, já que o futuro dos jovens cada vez mais se encontra incerto.


PP - Já teve a experiência de estar lá um mês e regressar. Quais as principais diferenças culturais entre Portugal e a Tunísia?
AL - A própria religião, a religião muçulmana, condiciona o modo de vida dos tunisinos e só isso gera muitas outras diferenças culturais. Tenho como exemplo a forma como as mulheres se vestem, usam lenço na cabeça, vestidos e mangas compridas. Os homens passam o tempo no café e as mulheres trabalham, não comem carne de porco nem derivados, frequentam as mesquitas e rezam a determinadas horas independentemente do local onde estão.

PP - De que modo essas diferenças culturais alteram o modo de trabalho e a produção?  
AL -São de alguma forma bastante preguiçosos e com pouca ambição o que no trabalho reflecte falta de produtividade.

PP - Como surgiu a oportunidade de ir trabalhar para outro país?
AL - Foi através de uma empresa portuguesa onde trabalhei e que tem uma plataforma na Tunísia, já conheciam o meu trabalho e acharam que era a pessoa ideal para ocupar este cargo. A gerente da empresa Tunisina também trabalhou comigo bastantes anos e já tinha feito uma experiência com ela no Bangladesh, o que de certo modo veio ajudar a que também tivesse sido convidada para este projecto.

PP - Espera terminar esta experiência mais enriquecida?
AL - Sem sobra de dúvida que esta experiência me vai enriquecer muito, tanto a nível pessoal como profissional. O viver com “as gentes” do próprio país vai fazer com que conheça muito melhor a realidade da Tunísia, o que de outra forma não aconteceria.


por: Ana Mota

*Artigo escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

“Vão-se os anéis, ficam os dedos”

Durante cerca de 36 anos após o 25 de Abril, os Portugueses viveram muito acima das suas possibilidades. As facilidades com que as Instituições Bancárias concediam crédito aos cidadãos, levaram a que muitos recorressem a essa possibilidade para vários fins. Compra de casa, carro, mobílias, férias paradisíacas, etc.
Em 2011/2012, que a crise económica do País se acentua consideravelmente, todo o modo de vida dos Portugueses, teve de mudar radicalmente.
Assistimos a um aumento considerável da taxa de desemprego devido ao encerramento de muitas empresas e fortes cortes salariais sobretudo na Função Pública.
Estas situações levam a que muitos Portugueses, devido à falta de recursos para fazerem face às necessidades básicas da vida, tenham de se desfazer de bens com algum valor económico e sentimental.
Hoje, muitas famílias, tiveram de entregar as suas casas aos Bancos, pela impossibilidade de suportar as prestações mensais, recorrendo a Contratos de Arrendamento mais baratos, ou mesmo, voltarem a viver com outros familiares.
Um grande número de jovens teve de abandonar os estudos, porque era economicamente insustentável para os pais.
Muitas famílias voltaram a cultivar pequenos pedaços de terra para ajuda no sustento familiar e que há muito tinham abandonado esses hábitos. Também tentam aproveitar roupas, através de pequenos arranjos, pela impossibilidade de adquirir novas.
Outros têm de se desfazer de bens de família, com elevado valor sentimental, pois alguns desses bens passaram de geração em geração. É frequente assistirmos a pessoas que vendem joias de família, a fim de ganharem algum dinheiro para o seu sustento familiar. Podemos ver também, em alguns sites da Internet, anúncios em que colocam à venda tudo o que provavelmente nunca teriam sonhado ter necessidade de se desfazerem. São peças que deveriam estar guardadas pelo seu elevado valor estimativo e, acredito que seja muito doloroso despojarem-se delas.
É o exemplo de Anabela Valente, funcionária pública, que esta semana se dirigiu a uma empresa de compra de ouro com o objetivo de vender algumas peças para garantir algum dinheiro até o final do mês. “Tive de vender umas peças de ouro que tinham pertencido à minha mãe e que ela me tinha oferecido, para ter dinheiro que me ajudasse a fazer face às despesas mensais. Ao tomar esta iniciativa, senti como se uma parte dos meus sentimentos, também ali estivesse a ser negociada, mas a necessidade a isso nos obriga”.
O que se torna muito preocupante é pensarmos: Quando estes bens acabarem, o que vão fazer um grande número de Cidadãos?
 
por: José Carlos Pereira
*Artigo escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico