À semelhança
do que acontece com muitos portugueses, Maria Augusta Fernandes Lopes, casada e
mãe de dois filhos, encontrou na emigração a solução para a instabilidade e crise
que se vive em Portugal. Com uma filha a estudar em Coimbra e um filho a
trabalhar na Força Aérea Portuguesa, espera com esta oportunidade ganhar
qualidade de vida e assim, puder assegurar um futuro melhor aos seus filhos.
Com a oportunidade de ir trabalhar para uma empresa têxtil na Tunísia, Augusta
Lopes decidiu deixar Portugal em busca de uma vida melhor.
Posts de Pescada: Vai trabalhar na área
têxtil. Que tipo de trabalho vai desempenhar?
Augusta Lopes: Vou desempenhar a função
de directora de produção. Vou dirigir e comandar toda a equipa de trabalho para
que a produção tenha qualidade e responda às exigências da empresa. Estou
presente e controlo as linhas de produção desde a chegada da matéria-prima até
ao produto final que neste caso são peças de vestuário, mais propriamente
malhas.
PP - Vai sozinha ou a família vai
consigo?
AL - Vim sem a família, embora esteja
acompanhada por uma amiga que desempenha o cargo de gerente da empresa e que
vive comigo num apartamento arrendado pela empresa.
PP - Sendo que vai sozinha, o que a
motivou a deixar a família e emigrar para a Tunísia?
AL - O que me levou a tomar esta decisão
foi a falta de emprego em Portugal, a instabilidade e o desafio que encontrei
neste projecto.
PP - O facto de a família ficar em
Portugal não dificultou a tomada de decisão?
AL - Claro que dificultou muito, mas vi
nesta oportunidade uma forma de ajudar a família que encarou esta oportunidade
como uma forma de me valorizar a nível pessoal e a nível profissional. A
família que se quer bem, abdica sempre de algo em prol de outro membro.
PP - Quanto tempo espera lá ficar?
AL - Mais ou menos dois anos. Espero vir
definitivamente para Portugal quando a minha filha terminar os estudos na
universidade mas vai também depender de como me vou sentir lá e de como vou
conciliar a minha vida aqui. Se tudo correr bem, quem sabe se não me mudo
definitivamente para a Tunísia e venho só a Portugal de férias. Mas isto tudo é
muito prematuro. Como sempre digo, vivo um dia de cada vez.
PP - De que modo esta oportunidade a irá
ajudar financeiramente?
AL - Esta oportunidade, espero eu, vai
ajudar-me muito a amealhar algum dinheiro para puder fazer face ás despesas
familiares e também ter alguma qualidade de vida, o que em Portugal é muito
difícil. Espero também puder fazer um “pé de meia” capaz de na minha reforma,
permitir ter qualidade de vida e ajudar os meus filhos, já que o futuro dos
jovens cada vez mais se encontra incerto.
PP - Já teve a experiência de estar lá um
mês e regressar. Quais as principais diferenças culturais entre Portugal e a
Tunísia?
AL - A própria religião, a religião
muçulmana, condiciona o modo de vida dos tunisinos e só isso gera muitas outras
diferenças culturais. Tenho como exemplo a forma como as mulheres se vestem,
usam lenço na cabeça, vestidos e mangas compridas. Os homens passam o tempo no
café e as mulheres trabalham, não comem carne de porco nem derivados, frequentam
as mesquitas e rezam a determinadas horas independentemente do local onde
estão.
PP - De que modo essas diferenças
culturais alteram o modo de trabalho e a produção?
AL -São de alguma forma bastante
preguiçosos e com pouca ambição o que no trabalho reflecte falta de
produtividade.
PP - Como surgiu a oportunidade de ir
trabalhar para outro país?
AL - Foi através de uma empresa portuguesa
onde trabalhei e que tem uma plataforma na Tunísia, já conheciam o meu trabalho
e acharam que era a pessoa ideal para ocupar este cargo. A gerente da empresa
Tunisina também trabalhou comigo bastantes anos e já tinha feito uma experiência
com ela no Bangladesh, o que de certo modo veio ajudar a que também tivesse
sido convidada para este projecto.
PP - Espera terminar esta experiência
mais enriquecida?
AL - Sem sobra de dúvida que esta experiência me vai enriquecer muito, tanto a nível pessoal como profissional. O
viver com “as gentes” do próprio país vai fazer com que conheça muito melhor a
realidade da Tunísia, o que de outra forma não aconteceria.
por: Ana Mota
*Artigo escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico
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