Amílcar Martins dos Santos, professor e jornalista,
considera que a docência e o jornalismo se complementam.
Defende que nas lides da pedagogia os meios nunca se
esgotam para atingir objetivos pré-definidos. E diz que a sua permanente
atenção e sensibilidade pelos problemas regionais, ao compará-los para o
domínio da opinião pública, tem contribuído para a sua resolução pelas
entidades tutelares.
Aposentado do ensino há 18 anos, Amílcar Santos fala das
escolas do Magistério Primário de Viseu e de Coimbra, do seu exame de Estado,
da dificuldade em fazer chegar as peças jornalísticas às redações dos jornais e
do respeito pelos princípios éticos do jornalismo.
O que foi
para si a Escola do Magistério Primário de Viseu, hoje Escola Superior de Educação?
Uma escola de qualidade onde obtive a melhor formação
para a atividade docente. Foi aí que fiz o meu Exame de Estado. Na sua
componente prática dei uma aula sobre “O aparelho circulatório, seus órgãos e
funções e cuidados higiénicos”, tema que me havia sido atribuído por sorteio.
Levei para a sala de aula um mapa do corpo humano, uma
reprodução plástica do aparelho circulatório, gravuras diversas e um coração de
porco que havia comprado na véspera num talho do Mercado 2 de Maio, ainda hoje
local emblemático da cidade de Viseu.
Terminados os Exames de Estado, o jornal “Ação
Educativa”, órgão de comunicação em que se publicava na Escola, dava honras de
primeira página a um jocoso artigo em que se apelava à aquisição de um
frigorífico para conservar o material didático. Achei imensa piada e a partir
daí comecei a olhar os jornais de outra forma.
E a
Escola do Magistério Primário de Coimbra?
Frequentei aí um curso de formação de monitores de
ações regionais. Situada em local praticamente isolado está hoje rodeada de
edificações várias e cheia de alunos que trocaram as batas brancas pelas capas
negras. Guardo delas gratas recordações.
Imagine-se na aldeia sem telefone, sem computador, sem
internet e sem máquina fotográfica digital. A ter que tomar notas,
dactilografar as peças, metê-las num envelope e dirigir-se a uma Estação de
Correios para as expedir para as redações…
Alguns responsáveis têm tido a oportunidade de o
enaltecer, através de notas informativas, o que me agrada completamente.
Alguma
vez se preocupou com o estilo redatorial?
Naturalmente. Sempre preguei pela fácil leitura e
absorção pelos leitores, de todos os escalões etários e estratos sociais.
Dos
trabalhos que vem publicando ao longo dos tempos, algum lhe merece destaque
especial?
Atribuo a mesma importância a cada um deles, no
entanto poderei apontar dois que acabaram por dar origem a reportagens televisivas.
Refiro-me a um sobre a pedra insculturada do Arestal,
atribuída aos Celtas e integrada na chamada arte rupestre do noroeste
peninsular, e a um outro que versava o caso da oferta de um relógio à vila de
Sever do Vouga e que nunca chegou a ser instalado.
Alguma vez
se viu envolvido em algum problema decorrente da sua atividade jornalística?
Não. Tenho absoluto respeito pelos princípios éticos e
responsabilidades cometidas aos jornalistas. Relato factos.
Afinal a
que jornais esteve ligado?
Colaborei com vários títulos da imprensa diária e
regional. Poderei destacar o Jornal de
Notícias, Diário de Aveiro, Soberania do Povo, Terras do Vouga, Beira Vouga
e o Correio de Sever do Vouga,
entretanto desaparecido das bancas.
Quanto
tempo conta de colaboração com a imprensa diária e regional?
Não sei precisar. Acompanham-me um cartão da Direção
Geral da Comunicação Social e um outro do Jornal
de Notícias, que apontam as datas de emissão de, 20 de Julho de 1990 e 25
de Janeiro de 1991, respetivamente. Mas, no início da década de 70 do século
passado já estava ligado aos jornais.
Embora me dedique a outras atividades, ainda não
arrumei completamente o bloco de notas e a esferográfica.
Grupo 10
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