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terça-feira, 26 de outubro de 2010

O acesso ao jornalismo

É de conhecimento geral que actualmente estamos a passar uma fase conturbada na obtenção de emprego. Se é efeitos de uma crise económica, instalada, ou não, o facto é que já não basta uma licenciatura para se “estar bem na vida”. Este fenómeno social, que tem vindo a aumentar ao longo das últimas décadas, afecta (comparando apenas os licenciados) principalmente indivíduos da área das humanidades. O jornalismo e a comunicação social são dois cursos que integram as estatísticas.


A situação actual do acesso dos jornalistas no mercado de trabalho tem sido alvo de alguma preocupação. Os media têm crescido imenso ao longo destes últimos anos, tendo-se monopolizado e adquirido uma carácter bastante economicista, que tem até designado um conceito diferente para jornalismo, que é “produção de conteúdos. O factor económico é um dos principais motivos das transformações que têm ocorrido ao longo destes anos no sector, que condiciona as práticas profissionais e o jornalismo que se produz. A concentração mediática é a consequência mais significativa deste carácter económico que os media criaram. Os grandes grupos receberam uma dimensão apontada como plurimédia, reforçando a sua participação em sectores financeiros e na vida política. Destes grandes monopólios fazem parte as estações de televisão, de rádio, revistas, jornais mas também de outros sem ligação ao jornalismo nem aos media. Esta situação condiciona a informação, as condições de vida, a empregabilidade dos jornalistas e o trabalho dos mesmos.

Há vários anos que neste sector se tem notado uma procura sensivelmente superior à oferta. Mas o problema não é apenas este, o facto das grandes empresas reduzirem no “pessoal” condiciona o acesso dos recém licenciados no mercado de trabalho. A concentração mediática tem um grave problema, que é o facto de deixar poucas oportunidades da pessoa arranjar trabalho nas empresas. Como o patrão é o mesmo (dos vários órgãos de comunicação social) o indivíduo fica condicionado.

A ausência de um sistema sério de regulação na entrada para o mercado de trabalho e no próprio exercício da actividade, constituem também um entrave, embora haja normas constitucionais. O grande problema, é que muitas vezes as empresas não aplicam estas regras de forma rigorosa, ficando o acesso ao emprego ao critério dos superiores hierárquicos ou dos próprios patrões.

No final, apercebemo-nos que tirámos o curso que sempre sonhámos, mas no entanto são poucos os que exercem a profissão. Há os que desanimam e nunca aplicarão os conhecimentos que adquiriram na faculdade, os que lutam por conseguir o que querem e conseguem um lugar como jornalistas, e os que se deixam levar pela sorte e um dia mais tarde até agradecem por não ter envergado pela profissão dos media. Actualmente, o importante é ser versátil, ter experiência, ser persistente e trabalhador, claro que a sorte é “o” factor, mas não é tudo.

Joana Santos

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