Entrevista
a Amélia Melo, vice-presidente da Catequese da Paróquia de Moreira da Maia
Administrativa de profissão, catequista por adoração, Maria
Amélia Carvalho de Melo, de 40 anos, entrou para o Mundo da Igreja aos 5 anos,
aquando da iniciação da sua catequese, e aos 8 anos já tinha feito a Profissão
de Fé. Nunca se desligou da Igreja, tendo acompanhado vários grupos auxiliando
as catequistas no que necessário. Aos dezasseis anos teve o seu primeiro grupo
de catequese, com apenas 6 crianças que ainda hoje recorda (Cristina, Helena,
Andreia, Quim Jorge, Rui e Jorge) e, 24 anos depois, é a responsável pelo grupo
de catequistas da Paróquia de Moreira da Maia. A nível catequético já
frequentou o curso de iniciação, o curso geral e o estágio.
Amélia Melo |
Posts de Pescada (PP): Actualmente, com a
crise de valores que se diz estar a atravessar poucas são as pessoas que crêem
e praticam a sua religião. Enquanto paroquiana, catequista e Ser Humano por que
acha que cada vez mais a religião Cristã Católica tem cada vez menos
praticantes?
Amélia Melo (AM): As pessoas nunca estão satisfeitas com aquilo que têm. Só se
lembram de Deus quando as coisas não correm como deveriam. Ser Cristão não é
fácil, mas se pudermos contagiar os que estão há nossa volta já é uma vitória,
porque é através do nosso testemunho do nosso dia-a-dia que poderemos de alguma
forma fazer a diferença, embora quem pratique nem sempre dá o melhor exemplo.
PP: O que deveria ser
feito para contrariar esta tendência?
AM: As pessoas terem um comportamento de acordo com aquilo que
professam.
PP: Enquanto responsável
pelo grupo de catequistas da Paróquia de Moreira, como avalia a fé e crença das
pessoas da sua localidade?
AM: Eu sou catequista e a realidade que conheço é a da
catequese, mas quando não há catequese não costumo ir à missa à freguesia a que
pertenço, mas sim a outra freguesia vizinha, por uma questão de horário mais
conveniente.
PP: Que valores da sua
religião incute para a rotina do seu dia-a-dia?
AM: Tento ter um comportamento de acordo com aquilo em que
acredito (ser sincera, solidária, amiga, humilde) e tento transmitir às
crianças essa mesma vivência. No entanto, sou muito exigente comigo mesma e
sinceramente acho que nem sempre sou o exemplo que gostaria de ser porque tenho
falhas…
PP: Acredita em todos os
pressupostos da religião Cristã Católica ou considera que, com o evoluir dos
tempos e desenvolvimento das mentalidades alguns aspectos deveriam ser mudados?
AM: Acredito que a Bíblia é o livro mais actual de sempre. Mas
não quero com isto dizer que a Igreja não deve ser mais tolerante e aberta à
mudança dos tempos.
PP: Que peso tem a
religião na sua vida?
AM: Não faria sentido a minha vida sem a religião. É como ter de
temperar a comida sem sal.
PP: Que papel considera
que deve ter um catequista na educação religiosa das crianças e, ao mesmo
tempo, nas respectivas famílias?
AM: O Catequista deve ser o segundo educador da fé. A educação
religiosa deve começar em casa com o exemplo dos pais. Assim, para além de
transmitir às crianças o catequista também deve viver essa mesma missão em
casa.
PP: Por que razão começou
a ser catequista e, mais recentemente, ser a responsável pelo grupo de
catequistas da paróquia de Moreira da Maia?
AM: Comecei por ser catequista porque queria continuar a
aprender cada vez mais sobre Jesus. Sou corresponsável com mais dois
catequistas, não por opção, mas porque fui convidada e não tem sido tarefa
fácil, pelo contrário, e se não fosse a ajuda do Bruno Aguiar e da Fernanda Sobral
não seria capaz.
PP: Enquanto catequista
com alguns anos de experiência que estratégias pedagógicas e metodologias usa
para cativar as crianças, de modo a torná-las mais próximas de Deus?
AM: Para falar às crianças de Deus não é preciso muito, apenas
falar-lhes com verdade e com o coração. Claro que os meios multimédia e a
utilização de filmes, músicas, histórias, etc. ajuda bastante .
PP: A nível
organizacional, como descreve a catequese exercida em Moreira da Maia e, também,
a nível nacional? Que aspectos deveriam ser melhorados?
AM: Na paróquia há um secretariado que é composto pelo Padre que
é o presidente, dois vice-presidentes, uma secretária e uma tesoureira. Julgo
que a catequese em Moreira está bem organizada. Os catequistas reúnem-se
mensalmente, para resolver os assuntos mais importantes e para termos a
informação que vem da vigararia em que há dois catequistas que representam a
catequese de Moreira.
PP: Como consegue gerir o
seu tempo em função da família, trabalho e catequese?
AM: É com muita ginástica que se consegue tentar gerir o tempo,
nem sempre é fácil e por vezes alguma coisa falha. Mas onde estou tento estar a
100%.
PP: Houve alguma frase ou
gesto de uma criança que a tenha marcado ao ponto de considerar ser uma lição
de vida?
AM: Ao longo destes anos tenho tido grupos que me marcaram por
esta ou aquela razão. No entanto não há nenhuma que consiga destacar. Apenas
posso dizer que cada criança é especial, cada criança é um bocadinho de Deus!
Por: Isabel Oliveira
Redacção 1
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